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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

59º Lugar - CARTAS DE IWO JIMA (Letters From Iwo Jima) EUA, 2006



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

59º Lugar - CARTAS DE IWO JIMA (Letters From Iwo Jima) EUA, 2006 – Direção de Clint Eastwood – elenco: Ken Watanabe, Kazunari Ninomiya (Saigo), Tsuyoshi Ihara, Ryo Kase, Shido Nakamura, Hiroshi Watanabe, Takumi Bando, Yuki Matsuzaki, Takashi Yamaguchi, Eijiro Ozaki, Nae Yuuki – 140 minutos.

Aos 76 anos, o premiado diretor norte-americano Clint Eastwood demonstrou uma saúde e fôlego invejáveis. Ao decidir, em 2005, filmar histórias da Segunda Guerra Mundial, ao invés de um único filme, acabou fazendo dois de uma vez. O primeiro, A CONQUISTA DA HONRA, revela o lado norte-americano na luta pela ilha japonesa de Iwo Jima, uma das últimas batalhas perdidas do Japão quase no final da guerra. O segundo, CARTAS DE IWO JIMA, que estreou aqui em São Paulo em 16 de fevereiro de 2007, mostra o lado japonês da mesma história. Sempre retratados como vilões em praticamente todos os filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, os japoneses são aqui tratados com profundo respeito, que começa pelo fato de que os diálogos são inteiramente desenvolvidos em japonês, o que certamente explica o sucesso de público do filme no Japão. Os personagens são quase todos interpretados por atores japoneses, sendo que o mais famoso é Ken Watanabe (de O ÚLTIMO SAMURAI), que interpreta o general Tadamichi Kuribayashi, autor do plano de cavar túneis interligando cavernas subterrâneas na ilha, detalhe que permitiu que os japoneses resistissem por mais de um mês ao violento ataque dos norte-americanos, que tinham muito mais soldados e armas.



Também são japoneses o elegante tenente-coronel Nishi (Tsuyoshi Ihara), barão e medalhista olímpico em hipismo; o relutante soldado Saigo (Kazunari Ninomyia), um padeiro convocado contra a vontade que só pensa em fugir e voltar para a mulher e o filho que nasceu em sua ausência; o melancólico Shimizu (Ryo Kase) e o fanático tenente Ito (Shidou Nakamura), que a todo momento lembra os subordinados que deverão, em caso de derrota, cometer o harakiri, ou seja, o suicídio. O roteiro, desenvolvido pelo premiado Paul Haggis (co-roteirista e diretor de CRASH – NO LIMITE, vencedor do Oscar de melhor filme em 2006, injustamente) e Iris Yamashita, partiu das cartas do general Kuribayashi à sua mulher, que foram recentemente descobertas em escavações em Iwo Jima. De posse desse material, os roteiristas reconstruíram com grande riqueza de detalhes o cotidiano das tropas japonesas durante o cerco norte-americano, o lento fim das munições e provisões, inclusive água, e a certeza da derrota. Dos 20 mil soldados japoneses sobreviveram apenas 1.083. Do lado norte-americano, 7.000 morreram, de um total de 100 mil soldados. Compositor da maior parte da música dos dois filmes, neste segundo, com a participação de seu filho, Kyle Eastwood, e de Michael Stevens, Clint Eastwood costura as duas histórias dentro de uma única lógica. Uma termina onde a outra começa e ambas dialogam e se explicam mutuamente. Uma proposta sofisticada e grandiosa, que merecia o prêmio da Academia como melhor filme do ano. Um filme poderoso, soberbo e inesquecível!!!



O Japão nunca tratou com a mesma profundidade que a Alemanha sua história na Segunda Guerra Mundial. Agora, o épico de Clint Eastwood levou o Japão a reexaminar seu papel na guerra, como explicaram os atores do filme. Para o ator Ken Watanabe, a viagem para a locação do filme CARTAS DE IWO JIMA foi uma experiência altamente emotiva. "Quando vi a ilha do avião pela primeira vez, não consegui parar de chorar", diz ele. Não é surpreendente que a ilha provoque reação tão forte. Grande parte dos 22.000 soldados japoneses que participaram da Batalha de Iwo Jima, no início de 1945 - altamente superados pelas forças norte-americanas de 100.000 homens - perderam suas vidas. "Parecia que o tempo tinha parado na ilha depois da guerra", disse Watanabe, que alega ter sentido a presença dos soldados japoneses mortos, quando visitou a ilha. O ator japonês de 47 anos, que é mais conhecido pelo público ocidental por seu papel ao lado de Tom Cruise em O ÚLTIMO SAMURAI, fez o papel do comandante japonês, general Tadamichi Kuribayashi. O filme gerou debate sobre a batalha e o papel do Japão na guerra. "No Japão, quase ninguém sabia dessa tragédia antes do filme", diz Watanabe. "Sessenta anos após a guerra, a maior parte das pessoas quer saber a verdadeira história. É um bom momento." Tsuyoshi Ihara, que faz o papel do ativo oficial de cavalaria Baron Takeichi Nishi, concorda. "O filme despertou o interesse em reavaliar o que foi a guerra", diz ele. Ele diz que o filme não é apenas entretenimento."Espero que possa ser um meio de mudar a sociedade", diz, salientando que já foi visto por 4,5 milhões de pessoas, inclusive vários políticos, e foi sugerido como potencial material de estudo nas escolas. Poderoso e espetacular, é a grande obra-prima de Clint Eastwood falada em japonês! Insuperável! Grandioso! Magnífico!

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