A
PEREGRINAÇÃO (Pilgrimage) Irlanda / Bélgica / EUA, 2017 – Direção Brendan
Muldowney – elenco: Tom Holland, Richard Armitage, Jon Bernthal, John Lynch,
Rúaidhrí Conroy, Hugh O’Conor, Tristan McConnell, Donncha Crowley, Stanley
Weber, Peter Cosgrove, Lochlann O’Mearáin, Nikos Karathanos – 96 minutos
UMA
VIAGEM FEITA DE SANGUE
Com uma direção primorosa
de Brendan Muldowney, a trama gira
em torno de um grupo de monges que se comprometem com uma peregrinação para o
transporte da relíquia mais sagrada de seu mosteiro em Roma. Quando o
verdadeiro significado da relíquia é revelado, a viagem torna-se muito mais perigosa,
e a fé do grupo e lealdade para com o outro são testados. Jon Bernthal
interpreta um monge mudo com um passado violento. Richard Armitage retrata um
cavaleiro misantropo com quem os monges são obrigados a compartilhar sua
jornada. E Tom Holland, o atual Homem-Aranha do universo da Marvel, é o
irmão Diarmuid, o jovem noviço que encabeça a travessia.
A produção é considerada um veículo para a ascensão desses três
atores principais, e apesar de não ser
uma super produção, o filme tem muito a oferecer. Com uma ambientação impecável
e uma narrativa cativante, o filme está agradando plateias por onde é exibido. No
filme, ambientado na Irlanda do ano 1209, um pequeno grupo de monges inicia uma
relutante peregrinação por um país dividido e ameaçado pelo crescente poder de
invasores nórdicos. Escoltando uma relíquia cristã, que supostamente teria o
poder supremo, os corajosos integrantes do grupo arriscarão suas próprias
vidas, e dentre eles, está o jovem Diarmuid (Tom Holland), que nunca viu o
mundo fora da ilha onde convive com seus irmãos monges, e um misterioso
estranho mudo (Jon Bernthal), que foi acolhido pelo grupo anos atrás. Ambos
terão um papel decisivo no destino do grupo e da relíquia que carregam.
O cineasta irlandês apresenta um cuidado com a qualidade de sua
produção. Maravilhosamente fotografado por Tom Comerford, colaborador habitual do
diretor, o filme explora com perfeição o belo e desolador cenário invernal da
Irlanda, que garante à produção um clima um tanto opressivo que se encaixa
perfeitamente na narrativa. Também o cuidado do diretor na concepção de sua
obra, que ganha em veracidade por exemplo na utilização de diversos idiomas em
sua produção, onde o talentoso elenco profere diálogos em dialetos irlandeses,
em francês, entre outras línguas. O roteiro do estreante Jamie Hannigan explora bem o turbulento
momento religioso do período que sua história retrata, dissertando sobre as
inconsistências do cristianismo e das vertentes religiosas que o confrontavam. É
uma produção rica em contexto e executada com bastante competência, que
discorre de maneira interessante sobre os desígnios da fé em conflito com as
antigas superstições, além do poder da irmandade e da lealdade entre os homens.
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