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sábado, 11 de novembro de 2017

DIVINAS DIVAS – Brasil, 2016 – Direção Leandra Leal – elenco: Rogéria, Jane Di Castro, Eloína dos Leopardos, Divina Valéria, Marquesa, Brigitte de Búzios, Camille K., Fujika Di Halliday – 110 minutos

UMA BELÍSSIMA HOMENAGEM A UM GRUPO DE ARTISTAS TANTAS VEZES CALADAS E EXCLUÍDAS


"Divinas Divas" além de mostrar um lado pouco comum das pioneiras artistas travestidas do Brasil, serve de inspiração para buscarmos um mundo mais inclusivo e respeitador a qualquer tipo de manifestação individuais, ainda que não seja igual a sua. Sem ser saudosista, o documentário mostra que para além das rugas, pregas e carnes flácidas, há uma riqueza infinita na arte de atuar e é preciso muita garra e coragem para assumir as escolhas de vida. Um velho ditado diz que os artistas morrem duas vezes, uma quando somem dos palcos e outra quando partem deste mundo, sendo a primeira vez a mais triste. Com “Divinas Divas”, Leandra Leal deu uma sobrevida artística a um grupo incrível de performers.

Por trás das câmeras, a diretora, uma das melhores atrizes de sua geração, tem atuação discretíssima. Pouco aparece, suas perguntas são delicadas, e não deixa dúvidas: reverencia, com prazer, essas artistas, tantas vezes caladas e excluídas. Este belo filme aporta como um grande sopro de criatividade e simplicidade em uma era que os direitos humanos nunca estiveram tão ameaçados pela truculência religiosa e política. Leandra Leal entrevista as grandes estrelas do passado e consegue fazê-las despejar um pouco de suas essências no filme, deixando pouco espaço, ou nenhum, para vontades não supridas do público. "Divinas Divas" é realmente mais do que um filme, é parte digna e muito necessária da cultura de nosso país.


Sem fugir de sua extrema aproximação com o que é contado em tela e aproveitando todo o saudosismo para transformar "Divinas Divas" tanto em um material histórico para a memória de sua família, o filme agarra e conquista os espectadores com seus sentimentos tão energizantes e carinhosos. A atriz Leandra Leal assume a tarefa de contar, na primeira pessoa, uma história que é a sua própria. Como nos melhores filmes, há momentos de ternura, melancolia e do humor mais desbragado, digno dos ícones deste carisma e valentia. "Divinas Divas" é sensível, tocante e necessário, pois quebra qualquer estereótipo preconceituoso ao relembrar que um dia já fomos mais alegres e menos intolerantes. E tudo isso, com muito brilho!



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