DIVINAS
DIVAS – Brasil, 2016 – Direção Leandra Leal – elenco: Rogéria, Jane Di Castro,
Eloína dos Leopardos, Divina Valéria, Marquesa, Brigitte de Búzios, Camille K.,
Fujika Di Halliday – 110 minutos
UMA
BELÍSSIMA HOMENAGEM A UM GRUPO DE ARTISTAS TANTAS VEZES CALADAS E EXCLUÍDAS
"Divinas Divas" além de mostrar um
lado pouco comum das pioneiras artistas travestidas do Brasil, serve de
inspiração para buscarmos um mundo mais inclusivo e respeitador a qualquer tipo
de manifestação individuais, ainda que não seja igual a sua. Sem ser saudosista, o documentário mostra que para além das rugas,
pregas e carnes flácidas, há uma riqueza infinita na arte de atuar e é preciso
muita garra e coragem para assumir as escolhas de vida. Um velho ditado diz que os artistas
morrem duas vezes, uma quando somem dos palcos e outra quando partem deste
mundo, sendo a primeira vez a mais triste. Com “Divinas Divas”, Leandra Leal
deu uma sobrevida artística a um grupo incrível de performers.
Por trás das câmeras, a diretora, uma das
melhores atrizes de sua geração, tem atuação discretíssima. Pouco aparece, suas
perguntas são delicadas, e não deixa dúvidas: reverencia, com prazer, essas
artistas, tantas vezes caladas e excluídas. Este belo filme aporta como
um grande sopro de criatividade e simplicidade em uma era que os direitos
humanos nunca estiveram tão ameaçados pela truculência religiosa e política.
Leandra Leal entrevista as grandes estrelas do passado e consegue fazê-las
despejar um pouco de suas essências no filme, deixando pouco espaço, ou nenhum,
para vontades não supridas do público. "Divinas Divas" é realmente
mais do que um filme, é parte digna e muito necessária da cultura de nosso país.
Sem fugir de sua extrema aproximação com o que
é contado em tela e aproveitando todo o saudosismo para transformar
"Divinas Divas" tanto em um material histórico para a memória de sua
família, o filme agarra e conquista os espectadores com seus sentimentos tão
energizantes e carinhosos. A atriz Leandra Leal assume a tarefa de contar, na
primeira pessoa, uma história que é a sua própria. Como nos melhores filmes, há
momentos de ternura, melancolia e do humor mais desbragado, digno dos ícones
deste carisma e valentia. "Divinas Divas" é sensível, tocante
e necessário, pois quebra qualquer estereótipo preconceituoso ao relembrar que
um dia já fomos mais alegres e menos intolerantes. E tudo isso, com muito
brilho!
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