QUANDO SE TEM
17 ANOS (Quand on a 17 Ans) França, 2016 – Direção André Téchiné – elenco: Corentin
Fila, Kacey Mottet Klein, Sandrine Kiberlain, Alexis Loret, Jean Fornerod, Mama
Prassinos, Jean Corso – 116 minutos
EM UM MUNDO EM
QUE AS PESSOAS CADA VEZ MAIS TÊM DIFICULDADES EM ACEITAR O DIFERENTE, É
IMPORTANTE UMA PRODUÇÃO COMO ESTA
Depois do
admirável "Rosas Selvagens" (1994), o veterano cineasta francês,
André Téchiné (realizador de obras viscerais como “As Testemunhas” – 2007 e “Tempos
Que Mudam” – 2004), em sua melhor forma, volta a centrar-se no processo
transformador da adolescência, e realiza o filme mais marcante desde então. É
um filme silenciosamente político. No quadro do elenco principal, há que se
destacar a progenitora de um dos rapazes, uma memorável performance de Sandrine
Kiberlain, além, é claro, das revelações
dos dois jovens atores Kacey Mottet Klein e Corentin Fila, em magistrais
atuações. Aqui a descoberta da sexualidade e a passagem de idade a certo ponto
contrapõem-se com uma "passagem de tempo" global, independentemente
da idade - e daí haver uma ironia divinal no título "Quando Se Tem 17 Anos".
Existem ainda outros pormenores em jogo: como a fisicalidade inicial entre os
dois rapazes em primeiro plano a interagir como a fisicalidade
"ausente" da guerra que acontece fora do ecrã, até de fato,
percebermos o que se vai passar.
Aclamado na seleção competitiva
do Festival de Berlim 2016, “Quando Se Tem 17 Anos” aborda o drama de se ter
dezessete anos, um confuso período de transição à idade da maturidade
“oficial”, com seus medos, anseios, descobertas da identidade sexual,
ansiedades, desejos, necessidades, obrigações, tanto dos dois lados do “muro”
(o do universo da escola e o dos “adultos”). Esses “pós-adolescentes” vivenciam
a pressão das aceleradas e hiperbólicas escolhas e decisões. Talvez quando essa
idade acontece na nacionalidade francesa seja melhor, devido à pluralidade
comportamental-existencial-social.
Muitas
descobertas ocorrem quando somos adolescentes. Esta é a fase da vida em que
aprendemos muito sobre nós mesmos e, principalmente, sobre os outros. “Quando Se Tem 17 Anos” fala
justamente sobre algumas dessas descobertas e sobre outros temas importantes –
e não apenas para adolescentes. Como normalmente acontece com o cinema francês,
neste filme temos, mais uma vez, um olhar cuidadoso, atento e muito sincero
sobre realidades que nem sempre outros cinemas se preocupam em abordar. Mais um
grande filme francês, bastante notável e com um olhar interessante e sensível. É
um dos melhores filmes do ano!!
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