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VIAGEM DE FANNY (Le Voyage de Fanny) França, 2017 – Direção Lola Doillon –
elenco: Léonie Souchaud, Fantine Harduin, Juliane Lepoureau, Ryan Brodie, Anaïs
Meiringer, Igor van Dessel, Lou Lambrecht, Cécile De France, Stéphane De
Groodt, Lucien Khoury, Victor Meutelet, Elea Körner, Jérémie Petrus – 94 minutos
UMA
INCRÍVEL HISTÓRIA DE BRAVURA E SOLIDARIEDADE
Com seus 12 anos, Fanny é
uma menina muito teimosa, mas é, sobretudo, uma jovem corajosa que, escondida
num lar distante de seus pais, cuida das duas irmãs mais novas. Tendo que fugir
precipitadamente, ela se coloca à frente de um grupo de oito crianças e inicia
uma perigosa viagem através da França ocupada para chegar à fronteira da Suíça.
Baseado em fatos reais, A
Viagem de Fanny conta os horrores da Segunda Guerra Mundial
atravessando impiedosamente a infância de judeus obrigados a uma vida errante,
longe dos pais. Diferentemente de outros filmes, que filtram as agruras de
conflitos e/ou de períodos nefastos, como as ocupações e as ditaduras, por
exemplo, pelo olhar pueril que acompanha tudo de fora, aqui as crianças são
tragadas pela fúria nazista, enfrentando constantemente situações limítrofes. A
cineasta Lola Doillon mescla aventura e drama de sobrevivência, não se
esquecendo das minúcias históricas, até mesmo criticando abertamente o colaboracionismo
francês, visto, aliás, como decisivo para a instauração das tensões vistas ao
longo da trama. A protagonista é a menina Fanny (Léonie Souchaud), mais velha
de três irmãs que, como outros tantos mais ou menos de sua idade, vive numa
casa sob a proteção de gente abnegada, cuja oposição à intolerância se dá na
esfera da solidariedade, na ajuda perigosa ao próximo.
O filme é uma realização
atenta aos detalhes, dos quais se desprende a relevância de um relato que choca
o mundo dos adultos, então assombrados pela violência alemã, com o das
crianças, que penam para entender o que está acontecendo. A
Segunda Guerra Mundial parece ser uma fonte inesgotável de enredos para a
indústria cinematográfica. Diversos filmes já retrataram o período sobre os
mais diversos aspectos e personagens. Histórias para os mais diversos públicos.
Filmes como “O Pianista”, “O menino do Pijama Listrado”, “O Zoológico de
Varsóvia”, “O Resgate do Soldado Ryan”, até mesmo o brasileiro “Olga”, são
alguns dos exemplos de obras que resgataram a memória dos horrores da Segunda
Guerra. Aqui a imaginação não permite brincar, o que está em jogo é a
sobrevivência de um grupo de crianças, que sem os pais, fogem da possibilidade
da execução. Ainda que a perspectiva seja o olhar de uma criança de doze anos,
o tom do filme está longe de ser infantil, a realidade faz com que o olhar
sobre a infância se perca em meio a necessidade da sobrevivência.
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