BOM
COMPORTAMENTO (Good Time) EUA, 2017 – Direção Benny Safdie e Josh Safdie –
elenco: Robert Pattinson, Benny Safdie, Jennifer Jason Leigh, Taliah Webster,
Buddy Duress, Barkhad Abdi, Peter Verby, Saida Mansoor, Necro, Ben Edelman –
100 minutos
ROBERT PATTINSON INCENDEIA A TELA NUMA INTERPRETAÇÃO
GRANDIOSA
O filme se resume a um fio narrativo – uma história de fuga – com
meandros que dialogam com o caos da cidade e que Ben e Josh Safdie julgam
coniventes mais uma vez com seus macetes cinematográficos: o close e a textura.
Parece uma busca mais discreta de um sentido ao qual referências modernas do
gênero como Tony Scott ou Abel Ferrara já chegaram usando outros caminhos. “Bom Comportamento” se resume à
tensão fantasma. Logo, é também um filme fantasma. Uma espécie de farsa, um
filme de ação que inexiste, um jogo implícito da imagem e seu conteúdo jogado
incessantemente ao espectador. Uma cidade que oferece apenas presas e caminhos
tortuosos.
O filme tem uma relação íntima com o tempo, não só em duração,
mas também numa espécie de tempo cinematográfico, ou seja, fatos e ações
pré-determinados que acontecem premeditadamente numa período diegético,
fictício. “Bom
Comportamento” é um filme do tempo, de informações
colocadas rigidamente para comporem um exercício formal que se revela
extremamente rigoroso.
Um dos aspectos mais notáveis dessa obra é
como ele nos coloca na posição do protagonista através da decupagem de Benny e
Josh Safdie. Com constantes closes nos
rostos dos atores, a dupla busca passar a sensação de instabilidade, com um ar
frenético, que incomoda visualmente, mas que cumpre sua função, nos fazendo
entender a preocupação do personagem, enquanto que ele próprio soa como se
estivesse sob efeito de drogas, embora não esteja. Isso, claro, dialoga com sua
ausência de sono, que já é bem marcada pela eficiente montagem de Ronald
Bronstein e do próprio Benny Safdie, que esconde a transição entre sequências,
de tal forma que sentimos como se tudo estivesse acontecendo seguidamente em
poucas horas.
Quem brilha é Robert
Pattinson. Em seu trabalho mais consistente, o ator entrega um personagem que
oscila entre a frieza e tranquilidade nos momentos que deve tomar uma atitude
para resolver problemas, e a confusão quando percebe que seus planos não saem
como o esperado. Pattinson vai bem, mas não se impõe gratuitamente. Seu
personagem não é grandioso (ao contrário, é um ladrão comum) e não há uma
tentativa de torná-lo maior do que o roteiro pede do ator. Mas é nos detalhes
que vemos o destaque. No olhar e nos trejeitos criados. Interpretação poderosa
e elogiada.
Uma excelente análise!
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