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sexta-feira, 17 de novembro de 2017

BOM COMPORTAMENTO (Good Time) EUA, 2017 – Direção Benny Safdie e Josh Safdie – elenco: Robert Pattinson, Benny Safdie, Jennifer Jason Leigh, Taliah Webster, Buddy Duress, Barkhad Abdi, Peter Verby, Saida Mansoor, Necro, Ben Edelman – 100 minutos

ROBERT PATTINSON INCENDEIA A TELA NUMA INTERPRETAÇÃO GRANDIOSA 


O filme se resume a um fio narrativo – uma história de fuga – com meandros que dialogam com o caos da cidade e que Ben e Josh Safdie julgam coniventes mais uma vez com seus macetes cinematográficos: o close e a textura. Parece uma busca mais discreta de um sentido ao qual referências modernas do gênero como Tony Scott ou Abel Ferrara já chegaram usando outros caminhos. “Bom Comportamento” se resume à tensão fantasma. Logo, é também um filme fantasma. Uma espécie de farsa, um filme de ação que inexiste, um jogo implícito da imagem e seu conteúdo jogado incessantemente ao espectador. Uma cidade que oferece apenas presas e caminhos tortuosos. 


O filme tem uma relação íntima com o tempo, não só em duração, mas também numa espécie de tempo cinematográfico, ou seja, fatos e ações pré-determinados que acontecem premeditadamente numa período diegético, fictício. “Bom Comportamento é um filme do tempo, de informações colocadas rigidamente para comporem um exercício formal que se revela extremamente rigoroso.


Um dos aspectos mais notáveis dessa obra é como ele nos coloca na posição do protagonista através da decupagem de Benny e Josh Safdie. Com constantes closes nos rostos dos atores, a dupla busca passar a sensação de instabilidade, com um ar frenético, que incomoda visualmente, mas que cumpre sua função, nos fazendo entender a preocupação do personagem, enquanto que ele próprio soa como se estivesse sob efeito de drogas, embora não esteja. Isso, claro, dialoga com sua ausência de sono, que já é bem marcada pela eficiente montagem de Ronald Bronstein e do próprio Benny Safdie, que esconde a transição entre sequências, de tal forma que sentimos como se tudo estivesse acontecendo seguidamente em poucas horas. 


Quem brilha é Robert Pattinson. Em seu trabalho mais consistente, o ator entrega um personagem que oscila entre a frieza e tranquilidade nos momentos que deve tomar uma atitude para resolver problemas, e a confusão quando percebe que seus planos não saem como o esperado. Pattinson vai bem, mas não se impõe gratuitamente. Seu personagem não é grandioso (ao contrário, é um ladrão comum) e não há uma tentativa de torná-lo maior do que o roteiro pede do ator. Mas é nos detalhes que vemos o destaque. No olhar e nos trejeitos criados. Interpretação poderosa e elogiada. 


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