ÚLTIMOS DIAS NO DESERTO (Last Days in The Desert) EUA, 2015 – Direção
Rodrigo García – elenco: Ewan McGregor, Tye Sheridan, Ciarán Hinds, Ayelet
Zurer, Susan Gray – 98 minutos
É UM FILME PROFUNDAMENTE EMOCIONANTE, FORTE E BELO, O QUE POR SI SÓ É UMA
BENÇÃO.
“Últimos Dias no Deserto” faz uma interessante
reflexão sobre a finitude e até mesmo a incapacidade de Jesus diante dos
conflitos, característica humana ao homem Santo. O filme é um convite a um passeio pela mente
desse Jesus, que nessa jornada de autoconhecimento é muito mais homem do que
santo. Longe de discípulos e apóstolos, Cristo pode ser humano, pode estar em
dúvida com sua fé, pode ter medo e se sentir finito.
Dessa maneira, a escolha em ter um mesmo ator para Jesus e o
Diabo é tão interessante, o filme joga com a ideia de que as duas figuras são
duplos do mesmo homem, na iminência do Cristo tornar-se imortal e tirar o
pecado do mundo, ele deve confrontar-se, ele deve ser provado por si mesmo, ele
deve ser tentado. Em um momento Jesus pergunta ao Diabo como é estar na presença
de Deus, revelando que o filme busca muito mais do que uma simples dicotomia
entre essas figuras, mas sim uma complexidade na relação da representação do
bem e do mal, as duas coisas tangenciam-se, há uma dualidade nos dois
personagens, nem tudo é sombra nem tudo é luz, não é Cristo que explica o que é
Deus, mas sim o Diabo.
O Jesus daqui parece investigar aquele outro que o provoca, mas
que também tem muito a ensinar, o encontro com o mal aqui é mais do que apenas
uma provação, mas sim uma investigação do lado mais íntimo do Filho de Deus. Livremente baseado no Novo Testamento.
Jesus Cristo (Ewan McGregor) viaja sozinho pelo deserto durante 40 dias de
jejum e oração. Nessa jornada ele enfrenta a personificação do Diabo, que põe
em dúvida o amor de Deus em um dramático teste de sua Fé. É uma grande
parábola, marcada por diálogos humanos e interpessoais. Este é Jesus em sua
representação mais humana, vivendo um drama familiar que o leva em direção à
divindade.
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