MULHERES APAIXONADAS (Women in Love)
Inglaterra, 1969 – Direção Ken Russell – elenco: Glenda Jackson, Alan Bates,
Oliver Reed, Jennie Linden, Eleanor Bron, Alan Webb, Christopher Gable, Vladek
Sheybal, Sharon Gurney – 131 minutos
AS RELAÇÕES ENTRE QUATRO PESSOAS
ALTAMENTE SENSUAIS SÃO MUITO LIMITADAS, POR ISSO ELES PROCURAM OUTROS MEIOS
Um filme notável que mostra a
relação entre duas irmãs e dois homens. Um drama forte e pungente de quatro
pessoas altamente sensuais, cujas relações são muito limitadas, e por isso elas
saem em busca de um novo meio. O mundo delas está prestes a desabar, tudo está
em constante convulsão, exatamente pela forte pressão do conservadorismo
dominante. A opção é a busca intensa da identidade intelectual, da segurança social, da inspiração poética e da
satisfação física. Dentro desse contexto extraído da novela do célebre D. H.
Lawrence, o diretor Ken Russell realiza uma das mais belas e mais ousadas obras
do chamado “cinema ousado e corrente”, muito em moda no final da década 1960 e
início dos inesquecíveis anos 1970. A revelação de progressos, sobretudo quanto
à valorização da imagem e efeitos de forma está muito presente em todo o filme.
Na época do seu lançamento causou um impacto muito grande, sendo considerada,
sob determinados aspectos, a mais ousada de todas até aquele momento.
A sua fotografia de rara beleza,
com uma reconstituição de época de inegável qualidade e de rica indumentária
foi aclamada internacionalmente como uma das mais perfeitas. Causaram escândalo
as cenas de nudez frontal masculino. Há uma conotação homossexual explícita e
sem rodeios. As imagens de Oliver Reed e Alan Bates se debatendo totalmente
nus, num lírico duelo, na mansão, tinha tudo para ser uma bobagem descartável e
de mau gosto, mas o diretor com sua visão inteligente e inovadora levou o
erotismo homossexual à sua transcendência, levando o filme a um sucesso
comercial surpreendente. Ken Russell sempre foi considerado o mestre dos
excessos, por isso o filme tem alguns pequenos exageros, mas nada que
comprometa a singularidade do roteiro e a beleza nostálgica da trama. Russell
também é conhecido como “o selvagem do cinema britânico”, pelos seus temas
muito ousados, o apego aos excessos, imagens sexuais bizarras e sua fotografia
riquíssima. Por este filme ele recebeu aclamação pública e de crítica, e ainda
uma indicação ao Oscar de Melhor Diretor.
O elenco é surpreendente, com uma
revelação espantosa: Oliver Reed - que já vinha de outros papéis, às vezes até
insensatos, aqui ele se revela de forma estupenda e se torna um dos mais
importantes atores do cinema inglês, em brilhante composição como o atormentado
industrial Gerald Crich; Alan Bates, que comoveu o mundo com o inesquecível O
HOMEM DE KIEV (1968), brilha invariavelmente como o inspetor de escola Rupert
Birkin; Glenda Jackson, como a socielite Gudrun Brangwen, recebeu merecidamente
uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz e, ainda, Jennie Linden, como Ursula
Brangwen, a irmã de Gudrun. Os quatro compõem um belíssimo painel da alta
sociedade dos ruidosos anos de 1900. O elenco coadjuvante é merecedor de
destaque, entre eles Eleanor Bron (Hermione), Alan Webb (Thomas Crich), Vladek
Sheybal (Loerke), Christopher Gable (Tibby), Catherine Willmer (Mrs. Crich),
entre outros. O grande mérito do filme é que ele até hoje consegue desafiar as
expectativas e não envelhecer nunca. O ainda reinante conservadorismo
anacrônico em alguns segmentos de nossa sociedade faz com ele seja cada vez
mais atual e moderno, provocando uma constante visitação ao sofisticado e
admirável cinema inglês. Uma obra arrebatadora e desconcertante!! Um filme imortal
que merece ser conferido.
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