DELÍRIO
DE AMOR (The Music Lovers) Inglaterra, 1971 – Direção Ken Russell – Elenco:
Richard Chamberlain, Glenda Jackson, Max Adrian, Izabella Telezynska, Bruce Robinson, Christopher Gable – 123
minutos.
SOMENTE DE DEZ EM DEZ ANOS SE FAZ UM FILME COMO ESTE
Esse excelente filme é uma
adaptação cinematográfica da vida do grande compositor russo Pyotr Ilyich
Tchaikovsky, que vai fundo no estudo de sua personalidade para explicar a
complexidade de sua obra. O filme deixa claro a fixação de Tchaikovsky pela
figura materna, e a maneira como isso afetou a sua afetividade na vida adulta,
quando nutriu amores e paixões genuínas por mulheres, com as quais jamais
conseguiu consumar fisicamente, (atitude que ele deixava reservada para os seus
rapazes), ficando condenado a um complicado e torturante sentimento
platônico, que imprimia sentido e sentimento à sua criação, sobretudo à sua
obra mais festejada, “O Lago
dos Cisnes”, que trata de maneira cifrada exatamente dessa questão
do amor não consumado e da sua homossexualidade.
O delirante diretor Ken Russell
acertou a mão em cheio na direção, ao relacionar os rompantes dramáticos e
ultra românticos do compositor, com a força transcendente de sua música, em som
e imagem, causando os mais belos momentos do filme e sugerindo que a sua obra
era mesmo a trilha sonora incidental de sua acidentada existência. Ao mesmo
tempo o diretor não deixou de lado a sua subversiva e extravagante marca
registrada, no que talvez seja o seu filme mais esmerado. Richard Chamberlain
em exuberante atuação faz o compositor russo em sua conturbada relação amorosa
com o Conde Anton Chiluvsky, interpretado por Christopher Gable. Glenda Jackson
faz a luxuriosa Nina, em interpretação antológica. A belíssima trilha sonora
foi executada pela Orquestra Sinfônica de Londres, sob a direção de André
Previn. Um ótimo filme e de grande
sensibilidade.
UM HOMEM DIVIDIDO ENTRE A GENIALIDADE DE SUA MÚSICA E A AGONIA DE UM
AMOR REPRIMIDO
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