CABÍRIA
(Cabíria) Itália, 1914 – Direção Giovanni Pastrone – elenco: Carolina Catena
(Cabíria criança), Lídia Quaranta (Cabíria garota), Bartolomeo Pagano
(Maciste), Dante Testa (Khartalo), Umberto Mozzato (Fulvio), Gina Marangoni
(Croessa), Raffaele Di Napoli (Bodastoret), Enrico Gemelli (Archimede), Emilio
Vardannes, Edoardo Davesnes, Itália Almirante-Manzini (Rainha Sofonisba), Alex
Bernard, Luigi Chellini – 148 minutos
UM DOS PRIMEIROS ÉPICOS DA HISTÓRIA DO CINEMA, TEM FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA DA ITÁLIA NO UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO
Rodeada
de antiguidades romanas, baseada na tradição da ópera e incitada pela vitória
italiana na Guerra da Líbia (1911-1912) nos anos anteriores à Primeira Guerra
Mundial, a indústria cinematográfica italiana inicia uma série de produções
históricas extravagantes: “A Queda de Tróia” (1911), de Luigi Romano Borgnetto
e Giovanni Pastrone; “Os Últimos Dias de Pompeia” (1913), de Mario Caserini e
Eleuterio Rodolfi; “O Inferno” (L’Inferno – 1911), de Francesco Bertolini,
Adolfo Padovan e Giuseppe de Liguoro e “Quo Vadis?” (1913), de Enrico Guazzoni.
São títulos sugestivos de escala épica, entre os quais “Cabíria” foi o mais
inovador e bem sucedido. Em 18 de abril de 1914, “Cabíria” estreou em Turim,
sede de sua produtora, a Itália Filmes. Em menos de um mês teve uma exibição
privada em Nova York e pouco depois tornou-se um sucesso indiscutível no cinema
Knickerbocker. O impacto desse grande filme foi tanto que ressoou por toda
História do Cinema. Dizem que quando David W. Griffith viu “Cabíria” ficou tão
impressionado, que decidiu transformar “A Mãe e a Lei”, filme ainda em
produção, em “Intolerância” (1916). Ela foi suficientemente valiosa ao “New
York Times” que, numa de suas raras críticas de cinema, declarou: “este
fotodrama é um dos mais efetivos já exibidos aqui”. Hoje, 100 anos depois,
“Cabíria” (1914) continua atraindo o elogio da crítica e do público mais refinado.
Um filme visualmente deslumbrante, cheio de revelações impressionantes. Seus
cenários estupendos e figurino elegante, em toda sua meticulosidade e grandeza,
poderiam ter sido inspirados por pinturas.
“Um
livro poderia ser escrito sobre o impacto dos experimentos do diretor Giovanni
Pastrone em iluminação e movimentos de câmera, decisivos na libertação dos
filmes do proscênio”, escreveu Kevin Thomas – Los Angeles Times. Variações da
fantástica sequência do Moloch podem ser vistas numa grande variedade de filmes
épicos, incluindo “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang e “A Arca de Noé” (1928),
de Michael Curtiz. Federico Fellini, um dos mais importantes cineastas da
história do Cinema Italiano, homenageou Giovanni Pastrone intitulando uma de
suas obras-primas de “Noites de Cabíria” (1957). O espetacular filme da Era do
Cinema Mudo, do gênio criador de Giovanni Pastrone, é um dos mais influentes da
História do Cinema. No entanto, por décadas foi disponibilizado para o público
numa versão terrivelmente truncada, prejudicando uma apreciação mais apurada. A
edição atual foi remasterizada através de cópias de 35 mm, contêm todas as
sequências disponíveis e é apresentada agora na velocidade correta.
Martin Scorsese disse que o diretor Giovanni Pastrone inventou o gênero épico com “Cabíria”. Apresentando cenários grandiosos, cheios de
detalhes e milhares de figurantes, o filme é de fato um épico em todos os
sentidos. Além da importância histórica, o filme é ainda uma ótima experiência
por si só. A trama se passa na Roma do século III a.c. Após o vulcão Etna entrar em
erupção, a garota Cabiria é raptada e
vendida como escrava para os cartagineses. Cabe ao nobre Flavius
Axilla e ao seu ajudante, o enorme Maciste, a tarefa de
resgatá-la. Para a época, o filme é espetacular e nunca cansa. Impressiona
a quantidade de cenas arrojadas em que figurantes arriscam a vida, como quando
os soldados fazem um tipo de escada humana para subir em uma fortificação.
Imagens quase hipnóticas e poderosas não faltam, sendo o destaque nesse sentido
a assustadora sequência do sacrifício. Vemos também personagens históricos
realizando feitos que aprendemos na escola, como Arquimedes botando fogo
na frota romana e Aníbal cruzando os Alpes.
Merece ser descoberto, porque é uma raridade e um verdadeiro documento da
Sétima Arte.
UM MARCO NA HISTÓRIA DO
CINEMA ITALIANO POR CONTA DO SEU BEM SUCEDIDO RETRATO DA EXUBERÂNCIA DOS TEMPOS
DO IMPÉRIO
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