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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

FANNY E ALEXANDER (Fanny och Alexander) Suécia, 1983 – Direção Ingmar Bergman – elenco: Bertil Guve (Alexander), Pernilla Allwin (Fanny), Ewa Fröling (Emilie), Lena Olin (Rosa), Kristina Adolphson (Siri), Allan Edwall (Oscar Ekdahl), Maria Granlund (Petra), Eva von Hanno (Berta), Pernilla August (Maj), Börje Ahlstedt (Carl Ekdahl), Kristian Almgreen (Putte), Siv Ericks (Alida), Majlis Granlund (Srta. Vega),  Sonya Hedenbratt (Tia Emma), Gunn Wällgren (Helena Ekdahl), Jan Malmsjö (Bispo Vergerus), Jarl Kulle (Gustav Ekdahl) – 178 minutos.

DE INDISCUTÍVEL BELEZA, UM ELENCO IMPECÁVEL E UM ROTEIRO EXTRAORDINÁRIO, “FANNY & ALEXANDER” É A QUINTESSÊNCIA DE BERGMAN   


FANNY & ALEXANDER  é um magnífico, belo, empolgante e ambicioso filme sueco.  Realizado pelo grande cineasta Ingmar Bergman, sua história acompanha os maus-tratos sofridos por duas crianças, Fanny e Alexander, principalmente este último, quando sua mãe viúva decide se casar com um bispo luterano que, agindo como um verdadeiro tirano, exige que ela deixe para trás sua casa, vestidos, joias, bens, seus amigos, família, ideias, hábitos e tudo o mais que possa lembrar a vida que levava anteriormente. Tendo recebido seis indicações ao Oscar, esta grande obra-prima foi agraciada com nada menos quatro estatuetas, inclusive a do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A direção de Bergman é perfeita, mantendo um ritmo adequado a prender a atenção do espectador do início ao fim.  O belo trabalho apresentado por Sven Nykvist, fotógrafo preferido do cineasta, assim como, o figurino assinado por Marik Vos, são dois outros quesitos que merecem destaques. Como na maioria de seus filmes, os questionamentos religiosos acham-se também presentes no filme.  Quando as crianças se encontram na casa do judeu Isak Jacobi, num determinado momento, por exemplo, o questionamento de Alexander sobre a existência de Deus é extremamente pesado.  Em seu universo, o cineasta cria espaços para cristãos e judeus, ricos e pobres, sãos e insanos, jovens e idosos, fantasmas e magia, além de uma galeria de personagens inesquecíveis por suas peculiaridades. O filme basicamente se inicia e termina com a família reunida, em torno de uma mesa: no início, para comemorar a passagem do Natal e, no fim, para celebrar o batismo de duas crianças. Uma obra-prima sem precedentes na história do cinema!!


Imagine a mãe de dois filhos, viúva recente, depois de um casamento muito feliz e movimentadíssimo, unir-se em segundas núpcias  com um autoritário bispo luterano, há exatamente cem anos, na Suécia.  Aí está o núcleo do enredo desse poderoso filme, aclamado como um dos maiores de todos os tempos. O diretor Ingmar Bergman, morreu  em julho de 2007, com 89 anos de idade e, se estivesse vivo, agora em 2018 completaria 100 anos. Alexander é o próprio Ingmar falando de seus desejos e sonhos, de sua paixão pelo espetáculo, frustrados por aquele casamento que muda vidas em formação. Tudo se passa na interiorana Upsala. Fanny e Alexander são irmãos que crescem no seio de aristocrática família. O pai é diretor do teatro local, que tem a mãe como principal atriz nos enredos escritos por ele mesmo. Tios e primos também são atores e levam todos vida feliz, até que morre o pai das crianças. Tempos depois, a mãe casa com o bispo, homem intransigente, individualista e incapaz de entender os sentimentos e desejos alheios. Quer que a mãe e os dois filhos se despojem de todos os bens materiais para começar vida nova com ele. É através dos olhos do tantas vezes castigado fisicamente e moralmente Alexander que Ingmar Bergman confronta dois mundos tão antagônicos: o mundo do pai, colorido, venturoso, e o do padrasto, frio, dolorido. Na vida real, filho de pastor luterano, Ingmar Bergman teve uma infância rígida, marcada por castigos psicológicos e corporais, temas frequentes em seus trabalhos. Daí a finalidade catártica que os críticos vêem em muitos de seus filmes, notadamente nesse belo “FANNY &  ALEXANDER”.  O diretor tem mais de cinquenta filmes em que procura sempre um modo original de entender a natureza humana. Levantou sete prêmios no festival de Cannes, dois no de Berlim. Foi vencedor de quatro estatuetas no Oscar 1984. O reconhecimento a seu talento está expresso na sua eleição para a Academia de Letras da Suécia (também escreveu alguns livros) e na sua elevação a cavaleiro da Legião de Honra, da França. Este é, sem dúvida, um dos mais belos filmes do cinema, uma verdadeira obra-prima e uma notável realização!!! 


É uma grande crônica familiar, sombria, generosa e bela, que aborda muitos dos temas já explorados em filmes anteriores, ao mesmo tempo que introduz algo que, em Bergman, pode passar como sendo serenidade. A obra se movimenta entre os mundos da realidade e da imaginação com a facilidade característica da grande ficção, enquanto conta a história de uma família maravilhosa, mas mergulhada num mundo sombrio e de severos preconceitos. Apesar da maior parte do filme ser vista através dos olhos de Alexandre, tudo em FANNY E ALEXANDER tem a qualidade de algo lembrado à distância – eventos lembrados ou como foram vivenciados, ou como se imagina que eles  tenham acontecido. Desta forma, Ingmar Bergman, consegue misturar fatos e fantasias de forma que jamais negam o que nós, no público, julgamos ser verdade. Foi indicado a 06 Oscar, incluindo Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, ganhando nessas quatro categorias: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte. Sem dúvida alguma, é um marco na história do cinema, um espetáculo soberbo e magnífico; um filme que ajuda a explicar por que Bergman é o maior cineasta de todos os tempos. Absolutamente admirável, é um dos mais belos filmes do cinema!!!!  


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