FANNY E ALEXANDER (Fanny och Alexander) Suécia,
1983 – Direção Ingmar Bergman – elenco: Bertil Guve (Alexander), Pernilla
Allwin (Fanny), Ewa Fröling (Emilie), Lena Olin (Rosa), Kristina Adolphson
(Siri), Allan Edwall (Oscar Ekdahl), Maria Granlund (Petra), Eva von Hanno
(Berta), Pernilla August (Maj), Börje Ahlstedt (Carl Ekdahl), Kristian Almgreen
(Putte), Siv Ericks (Alida), Majlis Granlund (Srta. Vega), Sonya Hedenbratt (Tia Emma), Gunn Wällgren
(Helena Ekdahl), Jan Malmsjö (Bispo Vergerus), Jarl Kulle (Gustav Ekdahl) – 178
minutos.
DE INDISCUTÍVEL BELEZA, UM ELENCO IMPECÁVEL E
UM ROTEIRO EXTRAORDINÁRIO, “FANNY & ALEXANDER” É A QUINTESSÊNCIA DE BERGMAN
FANNY & ALEXANDER é um
magnífico, belo, empolgante e ambicioso filme sueco. Realizado pelo
grande cineasta Ingmar Bergman, sua história acompanha os maus-tratos sofridos
por duas crianças, Fanny e Alexander, principalmente este último, quando sua
mãe viúva decide se casar com um bispo luterano que, agindo como um verdadeiro
tirano, exige que ela deixe para trás sua casa, vestidos, joias, bens, seus
amigos, família, ideias, hábitos e tudo o mais que possa lembrar a vida que
levava anteriormente. Tendo recebido seis indicações ao Oscar, esta grande
obra-prima foi agraciada com nada menos quatro estatuetas, inclusive a do Oscar
de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A direção de Bergman é perfeita,
mantendo um ritmo adequado a prender a atenção do espectador do início ao
fim. O belo trabalho apresentado por Sven Nykvist, fotógrafo preferido do
cineasta, assim como, o figurino assinado por Marik Vos, são dois outros
quesitos que merecem destaques. Como na maioria de seus filmes, os
questionamentos religiosos acham-se também presentes no filme. Quando as
crianças se encontram na casa do judeu Isak Jacobi, num determinado momento,
por exemplo, o questionamento de Alexander sobre a existência de Deus é
extremamente pesado. Em seu universo, o cineasta cria espaços para
cristãos e judeus, ricos e pobres, sãos e insanos, jovens e idosos, fantasmas e
magia, além de uma galeria de personagens inesquecíveis por suas
peculiaridades. O filme basicamente se inicia e termina com a família reunida,
em torno de uma mesa: no início, para comemorar a passagem do Natal e, no fim,
para celebrar o batismo de duas crianças. Uma obra-prima sem precedentes na
história do cinema!!
Imagine a mãe de dois filhos, viúva recente,
depois de um casamento muito feliz e movimentadíssimo, unir-se em segundas
núpcias com um autoritário bispo
luterano, há exatamente cem anos, na Suécia.
Aí está o núcleo do enredo desse poderoso filme, aclamado como um dos maiores
de todos os tempos. O diretor Ingmar Bergman, morreu em julho de 2007, com 89 anos de idade e, se
estivesse vivo, agora em 2018 completaria 100 anos. Alexander é o próprio
Ingmar falando de seus desejos e sonhos, de sua paixão pelo espetáculo,
frustrados por aquele casamento que muda vidas em formação. Tudo se passa na
interiorana Upsala. Fanny e Alexander são irmãos que crescem no seio de
aristocrática família. O pai é diretor do teatro local, que tem a mãe como
principal atriz nos enredos escritos por ele mesmo. Tios e primos também são
atores e levam todos vida feliz, até que morre o pai das crianças. Tempos
depois, a mãe casa com o bispo, homem intransigente, individualista e incapaz
de entender os sentimentos e desejos alheios. Quer que a mãe e os dois filhos
se despojem de todos os bens materiais para começar vida nova com ele. É
através dos olhos do tantas vezes castigado fisicamente e moralmente Alexander
que Ingmar Bergman confronta dois mundos tão antagônicos: o mundo do pai,
colorido, venturoso, e o do padrasto, frio, dolorido. Na vida real, filho de
pastor luterano, Ingmar Bergman teve uma infância rígida, marcada por castigos
psicológicos e corporais, temas frequentes em seus trabalhos. Daí a finalidade
catártica que os críticos vêem em muitos de seus filmes, notadamente nesse belo
“FANNY & ALEXANDER”. O diretor tem mais de cinquenta filmes em que
procura sempre um modo original de entender a natureza humana. Levantou sete
prêmios no festival de Cannes, dois no de Berlim. Foi vencedor de quatro
estatuetas no Oscar 1984. O reconhecimento a seu talento está expresso na sua
eleição para a Academia de Letras da Suécia (também escreveu alguns livros) e
na sua elevação a cavaleiro da Legião de Honra, da França. Este é, sem dúvida,
um dos mais belos filmes do cinema, uma verdadeira obra-prima e uma notável
realização!!!
É uma grande crônica familiar,
sombria, generosa e bela, que aborda muitos dos temas já explorados em filmes
anteriores, ao mesmo tempo que introduz algo que, em Bergman, pode passar como
sendo serenidade. A obra se movimenta entre os mundos da realidade e da
imaginação com a facilidade característica da grande ficção, enquanto conta a
história de uma família maravilhosa, mas mergulhada num mundo sombrio e de
severos preconceitos. Apesar da maior parte do filme ser vista através dos
olhos de Alexandre, tudo em FANNY E ALEXANDER tem a qualidade de algo lembrado
à distância – eventos lembrados ou como foram vivenciados, ou como se imagina
que eles tenham acontecido. Desta forma,
Ingmar Bergman, consegue misturar fatos e fantasias de forma que jamais negam o
que nós, no público, julgamos ser verdade. Foi indicado a 06 Oscar, incluindo
Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, ganhando nessas quatro categorias:
Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Direção
de Arte. Sem dúvida alguma, é um marco na história do cinema, um espetáculo
soberbo e magnífico; um filme que ajuda a explicar por que Bergman é o maior
cineasta de todos os tempos. Absolutamente admirável, é um dos mais belos
filmes do cinema!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário