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domingo, 31 de dezembro de 2017

O ÚLTIMO REFÚGIO (The Last Valley) Inglaterra / EUA, 1971 – Direção James Clavell – elenco: Michael Caine, Omar Shariff, Florinda Bolkan, Nigel Davenport, Per Oscarsson, Christian Roberts, Madeleine Hinde, Michael Gothard, Arthur O’Connell, Yorgo Voyagis, Miguel Alejandro, Brian Blessed, Ian Hogg, George Innes, Vladek Sheybal – 125 min

UM HOMEM DE VIOLÊNCIA E UM HOMEM DE PAZ... SEUS OBJETIVOS ERAM DIFERENTES, MAS SEUS IDEAIS ERAM QUASE IGUAIS

O primeiro filme norte-americano da nossa grande Florinda Bolkan, embora em sua maior parte rodado na Áustria, visto que a ação começa em 1641, vigésimo terceiro ano da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e narra uma história de violência, luxúria, superstições e crueldade, um “background” social talvez evocado sem concessões nem ilusões, bem ao estilo de James Clavell, grande escritor (famoso por livros como “Shogun” e “Tai Pan”), roteirista e também grande diretor, que também dirigiu “No Limiar do Inferno” (1959) e “Ao Mestre, Com Carinho” (1967). O ÚLTIMO REFÚGIO foi seu último trabalho para o cinema, uma produção europeia “Classe A”, baseada no livro de J. B. Pick. Na história, Florinda Bolkan é a amante de Gruber (Nigel Davenport), chefe da aldeia local que havia sido invadida e quase arrasada por uma turma de mercenários, comandada por um Capitão (Michael Caine, em grande atuação). Como Érika, Florinda Bolkan submete o amor do Capitão a bruxarias. Destaque também para a performance perturbadora de Per Oscarsson (o famoso intérprete de “Fome”, em 1966), como o padre Sebastian. Outra grande interpretação é a do ator inglês Michael Gothard, no papel brilhante de Hansen. Infelizmente ele se suicidou em sua casa, em Londres – Inglaterra, aos 53 anos, em dezembro de 1992, por depressão.  A atuação de Florinda Bolkan foi muito elogiada e considerada um marco nessa estreia norte-americana, principalmente considerando a concorrência de interpretações soberbas como de Per Oscarsson, Michael Caine, Michael Gothard e Omar Shariff.  


Durante a Guerra dos Trinta Anos, o único vale que resistiu do conflito vira alvo de dois homens que buscam um refúgio dos conflitos religiosos. Um deles, Vogel (Omar Sharif), um professor de História, é uma das raras pessoas em seu período de tempo, não é nem um camponês nem um nobre. O outro é um líder de um exército mercenário (Michael Caine) encorajada por Vogel em passar o inverno no vale antes de retomar a sua participação no conflito. Agora ambos tentarão conviver em paz com seus habitantes.
O filme se destaca por seu especial realismo histórico, mostrando aspectos e detalhes pouco conhecidos sobre a Peste Negra e a Guerra dos 30 Anos na época. Mas, também pretende atingir certo valor alegórico. Não é bem um épico, nem exatamente um filme de aventuras. É quase uma meditação sobre o amor, o homem e a guerra. É um filme belíssimo, com uma fotografia de encher os olhos e uma história intrigante. Foi lançado em DVD estranhamente com outro título, "O Vale da Morte" (a distribuidora tem o mau hábito de trocar títulos, por isso em DVD recebeu esse péssimo título).


Concluindo, é mais um dos "filmes esquecidos" dos anos 1970. Recebeu a cotação de Excelente e merece ser conferido e apreciado este ótimo trabalho cinematográfico. A trilha sonora com muita qualidade é um outro momento de rara beleza. A ótima direção e roteiro acima destacados compõem outra garantia de validação. O elenco com nomes de respeito já discorrido acima só qualifica a obra. Numa época afogada pelo ódio e mergulhada em insuportável violência dois homens diferentes e de ideais quase iguais serão confrontados num vale, que mudará para sempre suas vidas. Belíssimo, emblemático e arrebatador, apesar de pouco conhecido é uma verdadeira aula de cinema!!!  Um Grande Filme!!! 


sábado, 30 de dezembro de 2017

REI ARTHUR (King Arthur) EUA / Inglaterra / Irlanda, 2004 – Direção Antoine Fuqua – elenco: Clive Owen, Ioan Gruffudd, Keira Knightley, Hugh Dancy, Mads Mikkelsen, Joel Edgerton, Ray Winstone, Ray Stevenson, Stephen Dillane, Stellan Skarsgard, Til Schweiger, Lorenzo De Angelis, Shane Murray-Corcoran, Dawn Bradfield, Elliot Henderson-Boyle, Sean Gilder, Pat Kinevane, Ivano Marescotti – 126 minutos 

                             A VERDADEIRA HISTÓRIA POR TRÁS DA LENDA 


Nas diferentes versões cinematográficas da lenda do rei Arthur, embora amplamente diferentes em sua abordagem, a grande maioria seguiu os elementos básicos da lenda. Este “Rei Arthur”, por sua vez, dirigido por Antoine Fuqua, distancia-se do mito e busca nos entregar uma história com um pé mais firmado na realidade, saindo da era medieval, partindo para o período de ocupação romana da Grã Bretanha e colocando Arthur como o filho de um oficial de Roma encarregado de um grupo de soldados estrangeiros que lutam pelo império, ao invés da clássica figura do camponês que retirara Excalibur da pedra. 


O filme possui uma bela fotografia, muito semelhante à do filme anterior do diretor, “Lágrimas do Sol” (2003), embora tenha sido fotografado por outra pessoa, Slawomir Idziak, o responsável por filmes como “Falcão Negro em Perigo” (2001). Os tons escurecidos enfatizam a ambientação muito bem realizada da Idade Média. A direção de Antoine Fuqua também é bastante caprichada (e o diretor já provou poder ser de primeira linha com o ótimo “Dia de Treinamento”), com ângulos de câmera bacanas e bastante agilidade para demonstrar as batalhas. Falando em batalhas, o filme tem uma cena em particular que é belíssima, e não é a principal. O ataque sobre o gelo é um belo exemplo de cena que funciona por causa de sua tensão. É um momento em que vale a pena torcer pelos heróis do filme. Uma cena espetacular.


Em relação à lenda, o filme criou bastante controvérsia ao divulgar que apresentaria um Rei Arthur mais real, a partir de fatos descobertos recentemente. Não se sabe se realmente o que foi divulgado é válido ou não, mas é um ponto positivo do filme, e isso fica bem caracterizado. Não se pode dizer que aqui temos uma obra-prima, mas com certeza pode-se dizer que é um filme sobre lealdade, traição e coragem. Vale o ingresso!! 


sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

CABÍRIA (Cabíria) Itália, 1914 – Direção Giovanni Pastrone – elenco: Carolina Catena (Cabíria criança), Lídia Quaranta (Cabíria garota), Bartolomeo Pagano (Maciste), Dante Testa (Khartalo), Umberto Mozzato (Fulvio), Gina Marangoni (Croessa), Raffaele Di Napoli (Bodastoret), Enrico Gemelli (Archimede), Emilio Vardannes, Edoardo Davesnes, Itália Almirante-Manzini (Rainha Sofonisba), Alex Bernard, Luigi Chellini – 148 minutos

UM DOS PRIMEIROS ÉPICOS DA HISTÓRIA DO CINEMA, TEM FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA DA ITÁLIA NO UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO 


Rodeada de antiguidades romanas, baseada na tradição da ópera e incitada pela vitória italiana na Guerra da Líbia (1911-1912) nos anos anteriores à Primeira Guerra Mundial, a indústria cinematográfica italiana inicia uma série de produções históricas extravagantes: “A Queda de Tróia” (1911), de Luigi Romano Borgnetto e Giovanni Pastrone; “Os Últimos Dias de Pompeia” (1913), de Mario Caserini e Eleuterio Rodolfi; “O Inferno” (L’Inferno – 1911), de Francesco Bertolini, Adolfo Padovan e Giuseppe de Liguoro e “Quo Vadis?” (1913), de Enrico Guazzoni. São títulos sugestivos de escala épica, entre os quais “Cabíria” foi o mais inovador e bem sucedido. Em 18 de abril de 1914, “Cabíria” estreou em Turim, sede de sua produtora, a Itália Filmes. Em menos de um mês teve uma exibição privada em Nova York e pouco depois tornou-se um sucesso indiscutível no cinema Knickerbocker. O impacto desse grande filme foi tanto que ressoou por toda História do Cinema. Dizem que quando David W. Griffith viu “Cabíria” ficou tão impressionado, que decidiu transformar “A Mãe e a Lei”, filme ainda em produção, em “Intolerância” (1916). Ela foi suficientemente valiosa ao “New York Times” que, numa de suas raras críticas de cinema, declarou: “este fotodrama é um dos mais efetivos já exibidos aqui”. Hoje, 100 anos depois, “Cabíria” (1914) continua atraindo o elogio da crítica e do público mais refinado. Um filme visualmente deslumbrante, cheio de revelações impressionantes. Seus cenários estupendos e figurino elegante, em toda sua meticulosidade e grandeza, poderiam ter sido inspirados por pinturas. 


“Um livro poderia ser escrito sobre o impacto dos experimentos do diretor Giovanni Pastrone em iluminação e movimentos de câmera, decisivos na libertação dos filmes do proscênio”, escreveu Kevin Thomas – Los Angeles Times. Variações da fantástica sequência do Moloch podem ser vistas numa grande variedade de filmes épicos, incluindo “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang e “A Arca de Noé” (1928), de Michael Curtiz. Federico Fellini, um dos mais importantes cineastas da história do Cinema Italiano, homenageou Giovanni Pastrone intitulando uma de suas obras-primas de “Noites de Cabíria” (1957). O espetacular filme da Era do Cinema Mudo, do gênio criador de Giovanni Pastrone, é um dos mais influentes da História do Cinema. No entanto, por décadas foi disponibilizado para o público numa versão terrivelmente truncada, prejudicando uma apreciação mais apurada. A edição atual foi remasterizada através de cópias de 35 mm, contêm todas as sequências disponíveis e é apresentada agora na velocidade correta. 

Martin Scorsese disse que o diretor Giovanni Pastrone inventou o gênero épico com Cabíria. Apresentando cenários grandiosos, cheios de detalhes e milhares de figurantes, o filme é de fato um épico em todos os sentidos. Além da importância histórica, o filme é ainda uma ótima experiência por si só. A trama se passa na Roma do século III a.c. Após o vulcão Etna entrar em erupção, a garota Cabiria é raptada e vendida como escrava para os cartagineses. Cabe ao nobre Flavius Axilla e ao seu ajudante, o enorme Maciste, a tarefa de resgatá-la. Para a época, o filme é espetacular e nunca cansa. Impressiona a quantidade de cenas arrojadas em que figurantes arriscam a vida, como quando os soldados fazem um tipo de escada humana para subir em uma fortificação. Imagens quase hipnóticas e poderosas não faltam, sendo o destaque nesse sentido a assustadora sequência do sacrifício. Vemos também personagens históricos realizando feitos que aprendemos na escola, como Arquimedes botando fogo na frota romana e Aníbal cruzando os Alpes. Merece ser descoberto, porque é uma raridade e um verdadeiro documento da Sétima Arte. 


UM MARCO NA HISTÓRIA DO CINEMA ITALIANO POR CONTA DO SEU BEM SUCEDIDO RETRATO DA EXUBERÂNCIA DOS TEMPOS DO IMPÉRIO 


segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

FANNY E ALEXANDER (Fanny och Alexander) Suécia, 1983 – Direção Ingmar Bergman – elenco: Bertil Guve (Alexander), Pernilla Allwin (Fanny), Ewa Fröling (Emilie), Lena Olin (Rosa), Kristina Adolphson (Siri), Allan Edwall (Oscar Ekdahl), Maria Granlund (Petra), Eva von Hanno (Berta), Pernilla August (Maj), Börje Ahlstedt (Carl Ekdahl), Kristian Almgreen (Putte), Siv Ericks (Alida), Majlis Granlund (Srta. Vega),  Sonya Hedenbratt (Tia Emma), Gunn Wällgren (Helena Ekdahl), Jan Malmsjö (Bispo Vergerus), Jarl Kulle (Gustav Ekdahl) – 178 minutos.

DE INDISCUTÍVEL BELEZA, UM ELENCO IMPECÁVEL E UM ROTEIRO EXTRAORDINÁRIO, “FANNY & ALEXANDER” É A QUINTESSÊNCIA DE BERGMAN   


FANNY & ALEXANDER  é um magnífico, belo, empolgante e ambicioso filme sueco.  Realizado pelo grande cineasta Ingmar Bergman, sua história acompanha os maus-tratos sofridos por duas crianças, Fanny e Alexander, principalmente este último, quando sua mãe viúva decide se casar com um bispo luterano que, agindo como um verdadeiro tirano, exige que ela deixe para trás sua casa, vestidos, joias, bens, seus amigos, família, ideias, hábitos e tudo o mais que possa lembrar a vida que levava anteriormente. Tendo recebido seis indicações ao Oscar, esta grande obra-prima foi agraciada com nada menos quatro estatuetas, inclusive a do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A direção de Bergman é perfeita, mantendo um ritmo adequado a prender a atenção do espectador do início ao fim.  O belo trabalho apresentado por Sven Nykvist, fotógrafo preferido do cineasta, assim como, o figurino assinado por Marik Vos, são dois outros quesitos que merecem destaques. Como na maioria de seus filmes, os questionamentos religiosos acham-se também presentes no filme.  Quando as crianças se encontram na casa do judeu Isak Jacobi, num determinado momento, por exemplo, o questionamento de Alexander sobre a existência de Deus é extremamente pesado.  Em seu universo, o cineasta cria espaços para cristãos e judeus, ricos e pobres, sãos e insanos, jovens e idosos, fantasmas e magia, além de uma galeria de personagens inesquecíveis por suas peculiaridades. O filme basicamente se inicia e termina com a família reunida, em torno de uma mesa: no início, para comemorar a passagem do Natal e, no fim, para celebrar o batismo de duas crianças. Uma obra-prima sem precedentes na história do cinema!!


Imagine a mãe de dois filhos, viúva recente, depois de um casamento muito feliz e movimentadíssimo, unir-se em segundas núpcias  com um autoritário bispo luterano, há exatamente cem anos, na Suécia.  Aí está o núcleo do enredo desse poderoso filme, aclamado como um dos maiores de todos os tempos. O diretor Ingmar Bergman, morreu  em julho de 2007, com 89 anos de idade e, se estivesse vivo, agora em 2018 completaria 100 anos. Alexander é o próprio Ingmar falando de seus desejos e sonhos, de sua paixão pelo espetáculo, frustrados por aquele casamento que muda vidas em formação. Tudo se passa na interiorana Upsala. Fanny e Alexander são irmãos que crescem no seio de aristocrática família. O pai é diretor do teatro local, que tem a mãe como principal atriz nos enredos escritos por ele mesmo. Tios e primos também são atores e levam todos vida feliz, até que morre o pai das crianças. Tempos depois, a mãe casa com o bispo, homem intransigente, individualista e incapaz de entender os sentimentos e desejos alheios. Quer que a mãe e os dois filhos se despojem de todos os bens materiais para começar vida nova com ele. É através dos olhos do tantas vezes castigado fisicamente e moralmente Alexander que Ingmar Bergman confronta dois mundos tão antagônicos: o mundo do pai, colorido, venturoso, e o do padrasto, frio, dolorido. Na vida real, filho de pastor luterano, Ingmar Bergman teve uma infância rígida, marcada por castigos psicológicos e corporais, temas frequentes em seus trabalhos. Daí a finalidade catártica que os críticos vêem em muitos de seus filmes, notadamente nesse belo “FANNY &  ALEXANDER”.  O diretor tem mais de cinquenta filmes em que procura sempre um modo original de entender a natureza humana. Levantou sete prêmios no festival de Cannes, dois no de Berlim. Foi vencedor de quatro estatuetas no Oscar 1984. O reconhecimento a seu talento está expresso na sua eleição para a Academia de Letras da Suécia (também escreveu alguns livros) e na sua elevação a cavaleiro da Legião de Honra, da França. Este é, sem dúvida, um dos mais belos filmes do cinema, uma verdadeira obra-prima e uma notável realização!!! 


É uma grande crônica familiar, sombria, generosa e bela, que aborda muitos dos temas já explorados em filmes anteriores, ao mesmo tempo que introduz algo que, em Bergman, pode passar como sendo serenidade. A obra se movimenta entre os mundos da realidade e da imaginação com a facilidade característica da grande ficção, enquanto conta a história de uma família maravilhosa, mas mergulhada num mundo sombrio e de severos preconceitos. Apesar da maior parte do filme ser vista através dos olhos de Alexandre, tudo em FANNY E ALEXANDER tem a qualidade de algo lembrado à distância – eventos lembrados ou como foram vivenciados, ou como se imagina que eles  tenham acontecido. Desta forma, Ingmar Bergman, consegue misturar fatos e fantasias de forma que jamais negam o que nós, no público, julgamos ser verdade. Foi indicado a 06 Oscar, incluindo Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original, ganhando nessas quatro categorias: Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Fotografia, Melhor Figurino e Melhor Direção de Arte. Sem dúvida alguma, é um marco na história do cinema, um espetáculo soberbo e magnífico; um filme que ajuda a explicar por que Bergman é o maior cineasta de todos os tempos. Absolutamente admirável, é um dos mais belos filmes do cinema!!!!  


sábado, 23 de dezembro de 2017

A FELICIDADE NÃO SE COMPRA (It’s a Wonderful Life) EUA, 1946 – Direção Frank Capra – elenco: James Stewart, Donna Reed, Lionel Barrymore, Gloria Grahame, Thomas Mitchell, Henry Travers, Beulah Bondi, Ward Bond, Frank Faylen, Samuel S. Hinds, H. B. Warner, Frank Albertson, Todd Karns, Virginia Patton, Charles Williams, Sarah Edwards, Lillian Randolph, Robert J. Anderson, Ronnie Ralph, Jean Gale, Jeanine Ann Roose, Danny Mummert, Georgie Nokes, Sheldon Leonard, Ray Walker, Carol Coombs, Karolyn Grimes, Larry Simms, Jimmy Hawkins – 130 minutos

Uma encantadora fábula de Natal que é uma celebração da amizade e do poder transformador de cada indivíduo no seio de sua comunidade.


Este grande clássico é o tipo de filme que conseguiu sobreviver com o passar dos anos. Mais que isso, é o tipo de clássico que ficou ainda melhor com a idade, pelo seu visionário conteúdo que o tornou um dos mais belos filmes já realizados. Não que ele seja de fortes conflitos, tensão dramática constante ou recheado de cenas para fazer chorar. É o tipo que acerta nos conceitos mais básicos que todo ser humano deveria ter: compaixão, solidariedade, amor verdadeiro, honestidade etc. É impressionante o fato de um filme de 1946 falar sobre a ganância do ser humano e valores da vida e ver que isso se mantém até hoje, e numa escala ainda pior. “A Felicidade Não se Compra” é certamente um dos filmes mais inspiradores da Era de Ouro de Hollywood. É uma adaptação de The Greatest Gift, conto do escritor americano Philip Van Doren Stern, publicado em 1943. O filme é considerado a maior obra-prima do diretor Frank Capra, responsável por outros clássicos inesquecíveis como “Aconteceu Naquela Noite” (1934), “O Galante Mr. Deeds” (1936), “Do Mundo Nada se Leva” (1938) e “A Mulher Faz o Homem” (1939).


Lançado em 1946, o filme localiza-se após uma conturbada guerra mundial, época em que o cinema era um entretenimento de escapismo diante de uma sociedade desolada. Nesse cenário, as obras de Frank Capra promoviam uma visão iluminada sobre a vida, projetando uma inspiração motivacional que tocava a sensibilidade do público em tempos árduos. O filme se tornou um representante icônico de história natalina com uma mensagem inspiradora ao abordar um anjo que, para ganhar suas asas, tem a missão de ajudar um empresário deprimido com problemas financeiros. Como seu argumento é fabular, envolvendo uma trama que transita entre realidade e fantasia, é natural a comparação com outra história cuja base é semelhante: O Conto de Natal, de Charles Dickens. Em ambas as histórias, a data cristã do nascimento de Jesus é o ambiente no qual as personagens estão inseridas em sua trajetória modificadora. A popularidade do filme aumentou exponencialmente com o passar dos anos, muito em função da televisão, onde costumava ser exibido com frequência, principalmente no período natalino. Ainda que o próprio diretor nunca tenha pensado no filme como uma fábula de Natal, “A Felicidade Não se Compra” veio a se tornar um dos maiores “filmes natalinos” de todos os tempos. A mensagem edificadora da história é um dos grandes trunfos desse clássico. 


“A Felicidade Não se Compra” é, ao lado de “O Mágico de Oz” (1939) e de “De Ilusão Também se Vive” (1947), um dos filmes de fantasia mais importantes do cinema clássico de Hollywood. A encantadora fábula de Natal é uma celebração da amizade e do poder transformador de cada indivíduo no seio de sua comunidade. Algumas das cenas do filme permanecem impactantes na memória afetiva de muita gente. Com toda essa inocência terna e sincera, é até hoje um dos mais belos filmes do mundo, pois trata de temas importantes com simplicidade e de maneira tocante sem nunca parecer piegas ou infantil. Seus personagens estão perfeitos e não caem na antipatia, e ainda funcionam como o perfeito exemplo de como uma boa pessoa pode ser. Em um mundo capitalista de como era o de 1946, pós-crise de 1929 e o início da reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, devíamos refletir em pleno século XXI sobre o que Capra queria nos dizer naquele tempo, sobre os verdadeiros valores da vida. Até hoje o filme é visto, mas parece que ainda ninguém aprendeu a lição. Obra-prima absoluta e imortal!!


  ACLAMADO COMO UM DOS MAIS BELOS FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!


quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

A BELA DA TARDE (Belle de Jour) França, 1967 – Direção de Luís Buñuel – elenco: Catherine Deneuve, Jean Sorel, Michel Piccoli, Pierre Clémenti, Geneviève Page, Macha Méril, Françoise Fabian, Maria Latour, Francisco Rabal, Georges Marchal, Muni, Claude Cerval, Francis Blanche, Iska Khan, Michel Charrel, Bernard Musson, Marcel Charvey, François Maistre, Luís Buñuel – 100 minutos 

O INCRÍVEL DRAMA DE UMA MULHER JOVEM, RICA E BELA, É IMPIEDOSAMENTE POSTO A NÚ!! 50 ANOS DEPOIS CONTINUA ACLAMADO

Além de ter dirigido esta obra-prima, Luis Buñuel também fez uma ótima adaptação, junto com seu fiel roteirista Jean-Claude Carrière, do livro de Joseph Kessel. O brilhante elenco é composto por estrelas de primeira grandeza do cinema francês -  Catherine Deneuve, Michel Piccoli, Geneviève Page, Jean Sorel, Pierre Clementi e muitos outros. Sèverine (Catherine Deneuve), uma mulher frígida com o marido, percebe que seu casamento está frio e se sente culpada por isso, o que é visível quando são mostrados seus estranhos sonhos e sua infância, na qual sofreu abuso sexual e rejeitou a religião, como se ela tivesse um trauma infantil. Então, com a dica de um amigo, ela passa a frequentar uma casa de prostituição e lá usa o pseudônimo de Belle de Jour (Bela da Tarde). No começo ela fica tímida, mas depois se acostuma e atende os clientes, que inclui um ricaço, um professor com fetiches masoquistas, um oriental que faz rituais, um duque necrófilo e um ladrão espanhol com seu amigo, que se apaixona pela Bela da Tarde. O filme todo é como se fosse um estudo psicológico dos transtornos sexuais da Humanidade.


Séverine, a Belle de Jour, sonha com os olhos abertos. No entanto, caminha pelas ruas com óculos escuros, como a persistir nos sonhos e em uma noite interior. Quando fixa o olhar em algum ponto, o que vê não é necessariamente o que está diante de seus olhos. Há, neste modo particular de ver, uma espécie de cegueira iluminada que nasce da maneira como a personagem vivida por Catherine Deneuve se deixa penetrar pelas imagens. Conscientemente ou não, Séverine descansa o olhar naquilo que está oculto, ou excessivamente aparente: os objetos, as pessoas, as ruas, os parques e o quarto no qual se prostitui falam de outro modo para ela. E para nós, espectadores, é quase mesmo impossível delimitar, sem reduzir, o que são as "imagens reais" e o que são as "imagens criadas" pela imaginação fértil de Séverine. Já não há fronteiras, nem mesmo universos paralelos: o cinema é o espaço da desarticulação total do que é "subjetividade" e "realidade concreta". Em A BELA DA TARDE tudo é movimento, e o que interessa - como num bom filme de ação - é acompanhar os deslocamentos dos personagens (e da câmera que os segue). É talvez o filme mais conhecido de Luis Buñuel. Pertence à fase madura de sua obra, que compreende títulos como “Viridiana” (1961), “O Anjo Exterminador” (1962), “Diário de Uma Camareira” (1964), “Tristana – Uma Paixão Mórbida” (1970), “O Discreto Charme da Burguesia” (1972), “O Fantasma da Liberdade” (1974) e “Esse Obscuro Objeto do Desejo” (1977). Pertence, portanto, a uma fase na qual se cristalizou um certo "estilo buñueliano", bastante diverso da primeira fase surrealista (“Um Cão Andaluz”, L'Age D'Or) e dos filmes realizados no México, durante a década de 1950: “Os Esquecidos” (1950), “A Ilusão Viaja de Trem” (1953). E poderíamos falar aqui em "estilo buñueliano" como se fala em um estilo "hitchcockiano", ou seja, como uma "marca registrada", o que inclui certo apelo à cumplicidade do espectador, que já sabe o que esperar - ou melhor, no caso de Buñuel, o que não esperar - do filme que irá assistir. Pode-se encaixar A BELA DA TARDE como um "filme de mistério". O suspense, porém, é de outra ordem: o que nos inquieta não é a fatalidade trágica, mas o acaso. O fio narrativo, de ressonância melodramática, é inteiramente subvertido pela forma como Buñuel sublinha o gesto concreto quando tudo é fantástico; abrir e fechar uma porta ou andar pela rua são atos igualmente carregados de absurdo. 


É um dos mais belos filmes do cinema. O clima misterioso que perpassa o filme é a feliz concretização da vida como um sonho em suspenso. Para cinéfilos, é o pretexto para um dos mais vigorosos ensaios de narrativa do cinema de Buñuel. A BELA DA TARDE foi o maior sucesso de bilheteria da carreira do diretor, inclusive por mostrar a diva Catherine Deneuve em várias e delirantes situações eróticas, nua ou de lingerie. Fiel às maiores obras do cineasta, também aqui não há distinção entre humor, sexualidade e terror, sob o peso da crueldade e da solidão humanas. Para o diretor, não há salvação ou complacência entre uma vida esmaecida e o êxtase da imaginação. Luís Buñuel é, sem dúvida, o maior expoente do cinema surrealista e essa sua obra-prima é um clássico que discute a sexualidade feminina numa época em que se começava a descobrir o que exatamente vinha a ser isso. Surpreendentemente, foi um grande sucesso de bilheteria e unanimemente elogiado pela Crítica. Lançado no Brasil em 1968, o filme despertou bastante controvérsia e debates psicanalíticos. Pierre Clementi, considerado um ator “maldito” e de filmes de arte, tem uma atuação notável. A BELA DA TARDE foi o grande vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza de 1967. É talvez um dos momentos mais marcantes na carreira de Catherine Deneuve. Obrigatório e imperdível neste ano que se comemora os 50 anos deste grande filme!!!!



sábado, 16 de dezembro de 2017


MULHERES APAIXONADAS (Women in Love) Inglaterra, 1969 – Direção Ken Russell – elenco: Glenda Jackson, Alan Bates, Oliver Reed, Jennie Linden, Eleanor Bron, Alan Webb, Christopher Gable, Vladek Sheybal, Sharon Gurney – 131 minutos

AS RELAÇÕES ENTRE QUATRO PESSOAS ALTAMENTE SENSUAIS SÃO MUITO LIMITADAS, POR ISSO ELES PROCURAM OUTROS MEIOS
Um filme notável que mostra a relação entre duas irmãs e dois homens. Um drama forte e pungente de quatro pessoas altamente sensuais, cujas relações são muito limitadas, e por isso elas saem em busca de um novo meio. O mundo delas está prestes a desabar, tudo está em constante convulsão, exatamente pela forte pressão do conservadorismo dominante. A opção é a busca intensa da identidade intelectual, da   segurança social, da inspiração poética e da satisfação física. Dentro desse contexto extraído da novela do célebre D. H. Lawrence, o diretor Ken Russell realiza uma das mais belas e mais ousadas obras do chamado “cinema ousado e corrente”, muito em moda no final da década 1960 e início dos inesquecíveis anos 1970. A revelação de progressos, sobretudo quanto à valorização da imagem e efeitos de forma está muito presente em todo o filme. Na época do seu lançamento causou um impacto muito grande, sendo considerada, sob determinados aspectos, a mais ousada de todas até aquele momento. 
A sua fotografia de rara beleza, com uma reconstituição de época de inegável qualidade e de rica indumentária foi aclamada internacionalmente como uma das mais perfeitas. Causaram escândalo as cenas de nudez frontal masculino. Há uma conotação homossexual explícita e sem rodeios. As imagens de Oliver Reed e Alan Bates se debatendo totalmente nus, num lírico duelo, na mansão, tinha tudo para ser uma bobagem descartável e de mau gosto, mas o diretor com sua visão inteligente e inovadora levou o erotismo homossexual à sua transcendência, levando o filme a um sucesso comercial surpreendente. Ken Russell sempre foi considerado o mestre dos excessos, por isso o filme tem alguns pequenos exageros, mas nada que comprometa a singularidade do roteiro e a beleza nostálgica da trama. Russell também é conhecido como “o selvagem do cinema britânico”, pelos seus temas muito ousados, o apego aos excessos, imagens sexuais bizarras e sua fotografia riquíssima. Por este filme ele recebeu aclamação pública e de crítica, e ainda uma indicação ao Oscar de Melhor Diretor.  


O elenco é surpreendente, com uma revelação espantosa: Oliver Reed - que já vinha de outros papéis, às vezes até insensatos, aqui ele se revela de forma estupenda e se torna um dos mais importantes atores do cinema inglês, em brilhante composição como o atormentado industrial Gerald Crich; Alan Bates, que comoveu o mundo com o inesquecível O HOMEM DE KIEV (1968), brilha invariavelmente como o inspetor de escola Rupert Birkin; Glenda Jackson, como a socielite Gudrun Brangwen, recebeu merecidamente uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz e, ainda, Jennie Linden, como Ursula Brangwen, a irmã de Gudrun. Os quatro compõem um belíssimo painel da alta sociedade dos ruidosos anos de 1900. O elenco coadjuvante é merecedor de destaque, entre eles Eleanor Bron (Hermione), Alan Webb (Thomas Crich), Vladek Sheybal (Loerke), Christopher Gable (Tibby), Catherine Willmer (Mrs. Crich), entre outros. O grande mérito do filme é que ele até hoje consegue desafiar as expectativas e não envelhecer nunca. O ainda reinante conservadorismo anacrônico em alguns segmentos de nossa sociedade faz com ele seja cada vez mais atual e moderno, provocando uma constante visitação ao sofisticado e admirável cinema inglês. Uma obra arrebatadora e desconcertante!! Um filme imortal que merece ser conferido.



sexta-feira, 15 de dezembro de 2017


VICTORIA & ABDUL – O CONFIDENTE DA RAINHA (Victoria & Abdul) Inglaterra / EUA, 2017 – Direção Stephen Frears – elenco: Judi Dench, Ali Fazal, Tim Pigott-Smith, Paul Higgins, Michael Gambon, Olivia Williams, Adeel Akhtar, Eddie Izzard, Fenella Woolgar, Julian Wadham, Simon Callow – 111 minutos

                              A AMIZADE MAIS IMPROVÁVEL DA HISTÓRIA 


1887, cidade de Agra, na India. Dois jovens locais são escolhidos para viajar até Londres de forma a presentear a Rainha Victória (Judi Dench) com uma valiosa moeda local. Ao chegar, tanto Abdul (Ali Fazal) quanto Mohammed (Adeel Akhtar) estranham bastante os costumes da realeza britânica, sempre a postos para mimar a rainha. Ao entregar a moeda, Abdul quebra o protocolo e encara a monarca. Tamanha ousadia chama a atenção da Rainha Victoria, que através de várias conversas não só passa a conhecê-lo melhor como também o transforma em seu conselheiro. Esta decisão não agrada nem um pouco a corte inglesa, que não entende como um humilde indiano pode ser detentor de tal honraria. 


"Victoria e Abdul" é um filme muito competente, dono de uma direção de arte impecável, que remete à era de ouro do cinema. Além disso, conta com atuações mais que brilhantes, em especial da protagonista Judi Dench, que mesmo com a idade avançada exibe pleno domínio de cena. Um filme impecavelmente realizado!!



sábado, 9 de dezembro de 2017


DELÍRIO DE AMOR (The Music Lovers) Inglaterra, 1971 – Direção Ken Russell – Elenco: Richard Chamberlain, Glenda Jackson, Max Adrian, Izabella Telezynska,  Bruce Robinson, Christopher Gable – 123 minutos.

    SOMENTE DE DEZ EM DEZ ANOS SE FAZ UM FILME COMO ESTE

Esse excelente filme é uma adaptação cinematográfica da vida do grande compositor russo Pyotr Ilyich Tchaikovsky, que vai fundo no estudo de sua personalidade para explicar a complexidade de sua obra. O filme deixa claro a fixação de Tchaikovsky pela figura materna, e a maneira como isso afetou a sua afetividade na vida adulta, quando nutriu amores e paixões genuínas por mulheres, com as quais jamais conseguiu consumar fisicamente, (atitude que ele deixava reservada para os seus rapazes), ficando condenado a um complicado e torturante sentimento platônico, que imprimia sentido e sentimento à sua criação, sobretudo à sua obra mais festejada, “O Lago dos Cisnes”, que trata de maneira cifrada exatamente dessa questão do amor não consumado e da sua homossexualidade.


O delirante diretor Ken Russell acertou a mão em cheio na direção, ao relacionar os rompantes dramáticos e ultra românticos do compositor, com a força transcendente de sua música, em som e imagem, causando os mais belos momentos do filme e sugerindo que a sua obra era mesmo a trilha sonora incidental de sua acidentada existência. Ao mesmo tempo o diretor não deixou de lado a sua subversiva e extravagante marca registrada, no que talvez seja o seu filme mais esmerado. Richard Chamberlain em exuberante atuação faz o compositor russo em sua conturbada relação amorosa com o Conde Anton Chiluvsky, interpretado por Christopher Gable. Glenda Jackson faz a luxuriosa Nina, em interpretação antológica. A belíssima trilha sonora foi executada pela Orquestra Sinfônica de Londres, sob a direção de André Previn.  Um ótimo filme e de grande sensibilidade.


UM HOMEM DIVIDIDO ENTRE A GENIALIDADE DE SUA MÚSICA E A AGONIA DE UM AMOR REPRIMIDO


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

COM AMOR, VAN GOGH (Loving Vincent) Inglaterra / Polônia, 2017 – Direção Dorota Kobiela e Hugh Welchman – elenco: Douglas Booth, Jeremy Flynn, Robert Gulaczyk, Saoirse Ronan, John Sessions, Josh Burdett, Aidan Turner, Robin Hodges, Holly Earl, Chris O’Dowd, Piotr Pamula, Cezary Lukaszewicz, - Animação – 94 min

            UM AUTÊNTICO TRABALHO INCRIVELMENTE REALIZADO!! 


Poucos filmes representam uma declaração de amor tão intensa a um artista quanto esta animação arrebatadora. A começar pela forma como foi conceituado: estreando a técnica da animação a partir de pinturas a óleo, seguindo o mesmo estilo do próprio homenageado. Ou seja, mais do que contar sua história era necessário apresentá-la sob seu ponto de vista tão particular, que fez com que o pintor se tornasse cultuado após sua morte. O resultado, visualmente falando, é deslumbrante.


Uma fascinante viagem pelo universo do mestre pós-impressionista que não se esgota em si mesmo, ou seja, a técnica é o meio para contar uma história e transmitir algo que vai além da experiência sensorial. (Marcelo Janot -Jornal O Globo)


O que mais impressiona na cinebiografia animada não é a colcha de retalhos da história, e sim a técnica empregada. Pintado a mão por mais de cem artistas, o filme é um deleite aos olhos do espectador. (Papo de Cinema – Matheus Bonez)


O trabalho minucioso feito por Kobiela e Welchman para transformar algumas telas mais apreciadas do artista em cenas animadas é impressionante de se ver. Para quem não sabe do que se trata, a proposta do filme — que na verdade é uma animação — foi visualmente tratá-lo como se tivesse sido pintado pelo próprio Van Gogh, imitando seu estilo inconfundível, suas cores, suas pinceladas. Para realizar com maestria essa empreitada participaram de sua realização nada mais que 125 pintores, que reproduziram em óleo sobre tela cada frame, cada fotograma anteriormente filmado. Para cinéfilos veteranos, talvez isso não pareça especialmente original e lembre um pouco o recurso utilizado em O Homem Duplo (A Scanny Darkly). Mas há diferenças nas técnicas empregadas e no caso de Com Amor, Van Gogh se sobressai o impacto visual causado pela técnica inconfundível do pintor holandês. Além disso, em diversas sequências da animação é possível reconhecer a reprodução de muitos de seus mais famosos quadros, que são incorporados dentro da narrativa. Ao final do filme, para aqueles que não saem apressadamente do cinema. Os créditos finais reservam ainda uma interessante particularidade sobre a produção do filme, que não se deve perder


domingo, 3 de dezembro de 2017

AMOR E TULIPAS (Tulip Fever) Inglaterra / EUA, 2017 – Direção Justin Chadwick – elenco: Alicia Vikander, Dane DeHaan, Jack O’Connell, Holliday Grainger, Judi Dench, Christoph Waltz, Tom Hollander, Matthew Morrison, Kevin McKidd, Douglas Hodge, Joanna Scanlan, Zach Galifianakis, Cara Delevingne – 105 min

                                           DESEJO... OBSESSÃO... TRAIÇÃO 


Este belo filme se passa em Amsterdã, na Holanda do século XVII, na época de uma febre especulativa do mercado de tulipas, nos Países Baixos. Sophia (Alicia Vikander,  a atriz de “A Garota Dinamarquesa”) sai de um orfanato para casar-se com um rico comerciante, e lhe dar um filho. Porém tal gravidez não acontece. O artista Jan van Loos é contratado pelo comerciante para pintar um retrato do casal, e Sophia se apaixona pelo pintor. A partir disto, eles tentam encontrar uma forma de ficarem juntos, longe daquela casa. Jan, então, começa a participar dos leilões de bulbos de tulipas, para conseguir um dinheiro e fugir com sua nova paixão.


Houve uma época que ocorreu uma grande especulação financeira em cima do cultivo de tulipas. Uma espécie rara de flor, de difícil cultivo em determinadas regiões do Velho Continente. O preço dos bulbos das flores e as apostas em cima das cores que nasceriam acabaram escalonando de forma inacreditável e se tornou o primeiro caso de especulação de um mercado financeiro, por mais rudimentar que tenha sido. “Amor e Tulipas” coloca esse evento histórico como pano de fundo para contar uma história sobre traição e intrigas amorosas. Para quem gosta de filmes históricos esse é um dos mais interessantes e únicos justamente por se tratar de um evento tão singular da historiografia europeia. Belo, requintado e arrebatador!!!


                                       O VERÃO É A ÉPOCA DE FLORESCER 



sábado, 2 de dezembro de 2017

A PONTE DE REMAGEN (The Bridge at Remagen) EUA, 1969 – Direção de John Guillermin – elenco: George Segal, Robert Vaughn, Ben Gazzara, Bradford Dillman, E. G. Marshall, Peter van Eyck, Sonja Ziemann, Anna Gäel, Joachim Hansen, Hans Christian Blech, Heinz Reincke, Bo Hopkins, Vit Olmer, Robert Logan, Matt Clark – 115 min

UM MOMENTO PODEROSO DE LUTA CONSIDERADO O GOLPE MAIS ESTRATÉGICO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL!!! 

Um excelente filme de guerra, relatando um episódio já bem no final da Segunda Guerra Mundial. A história é passada em março de 1945. Nos últimos meses do conflito mundial, os exércitos do Terceiro Reich estavam em fuga através do grande fosso que guarda o coração da Alemanha, que é o Rio Reno. A situação se complica ainda mais, pois os Aliados estão fazendo seu avanço final em território alemão e uma única ponte estratégica sobre o Rio Reno permanece nas mãos dos nazistas. Ambos os lados têm muito a ganhar: os alemães, as vidas de 50.000 soldados que estão do lado errado da ponte, e os  Aliados um fim rápido para a guerra com a menor perda de vidas. Apesar de ambos os exércitos terem lutado bravamente, apenas um podia vencer a crucial batalha pela PONTE DE REMAGEN. 


Um elenco espetacular e de grandes estrelas – incluindo George Segal, Robert Vaughn, Ben Gazzara, E. G. Marshall, Bradford Dillmann, - nos traz toda a glória e agonia da guerra dando vida a este olhar intenso e estimulante, mas ao mesmo tempo extremamente humano, sobre um momento de luta considerado o golpe mais estratégico da Segunda Guerra Mundial. O filme tem excelentes efeitos especiais, uma fotografia de grande beleza e impressionantes cenas de ação. O ritmo frenético da história coloca o público na frente de batalha lado a lado com os corajosos soldados que lutaram em Remagen.  Um filme obrigatório!!!