BINGO:
O REI DAS MANHÃS – Brasil, 2017 – Direção Daniel Rezende – elenco: Vladimir
Brichta, Leandra Leal, Ana Lúcia Torre, Emanuelle Araújo, Ricardo Ciciliano, Soren
Hellerup, Raul Barreto, Pedro Bial, Augusto Madeira, Cauã Martins, Domingos
Montagner, Tainá Müller, Fernando Sampaio – 113 minutos
O RETRATO DE UM MUNDO QUE PARECE ABSURDO, MAS QUE FOI ONTEM
Os anos 1980. Um período da história que se
apresenta quase como um ponto fora da curva da realidade brasileira, seja pelos
acontecimentos, pela moda, pelos produtos culturais. “Bingo, o Rei das Manhãs” se passa nesta
época e é demonstração clara deste cenário improvável e quase anárquico. Com os
olhos de hoje, a década de 1980 surge quase que como uma realidade paralela,
algo impossível de acontecer. Em que outra época teríamos um palhaço sob efeito
de drogas se esfregando com a Gretchen enquanto ela
canta "Conga" em um programa para crianças? “Bingo” conta esta e
outras histórias inspiradas na vida real de Arlindo Barreto, ator que interpretou o palhaço Bozo, que fez sucesso nas telas do SBT nos anos 1980.
Por questões de direitos, Bozo virou Bingo, Arlindo virou Augusto, Globo virou
Mundial e por aí vai. Apenas Gretchen continuou Gretchen, afinal é
uma instituição por si própria e não criou caso com a produção. (Lucas
Salgado – Adoro Cinema)
O roteiro [...] é brilhante, primeiro porque
ele consegue criar o mito do misterioso palhaço de forma precisa e além disso,
descontrói o homem por detrás da máscara, diante das frustrações de um real
reconhecimento que nunca teve, tudo de forma orgânica e sem pudor. (Kadu
Silva – Ccine 10)
O grande trunfo da obra é como ela captura o
espírito da cultura pop no Brasil, com seu jeito nonsense, psicodélico e sem
limites. Bingo se torna o símbolo do clima de zoeira dos anos 80 e, apesar de
se passar 30 anos atrás, é mais atual do que nunca. (Daniel Reininger –
Cineclick)
Vladimir Brichta, que sob a máscara de Bingo
mostra ser mais do que um ator mediano, também brilha. Se incluirmos na conta o
momento levanta-defunto da aparição de Emanuelle Araújo no papel de Gretchen, o
filme passa fácil de "bom" a "muito bom". (Cassio
Starling Carlos – Folha de São Paulo)
O que fica da produção é um diretor muito
promissor para o cinema nacional e um ator no seu auge. O que é contado é pura
curiosidade, em um roteiro que em nada chama a atenção. Um filme que faz rir um
pouco com o palhaço, mas que emociona mesmo quando ele tira a maquiagem.
(Diogo Rodrigues Manassés – Cinema com Rapadura)