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terça-feira, 16 de maio de 2017

PEQUENO SEGREDO – Brasil / Nova Zelândia, 2016 – Direção David Schurmann – elenco: Júlia Lemmertz, Marcello Antony, Maria Flor, Erroll Shand, Fionnula Flanagan, Mariana Goulart, Michael Wade, Thomas Silvestre, Ryan James, Régius Brandão – 107 minutos

                                     UM AMOR MAIOR QUE A VIDA 

Com certeza é um filme que irá falar mais com o público do que com os críticos, já que grande parcela da população responde bem a este tipo de formato. “Não comece com este melodrama latino”, dispara a preconceituosa avó de Fionnula Flanagan a certa altura. E a ironia está implícita. "Pequeno Segredo" não tem o peso e nem a imponência que se esperava do candidato ao Oscar 2017, mas sua escolha para representar o Brasil foi pensada estrategicamente, e claro para prejudicar “AQUARIUS”, que é infinitamente superior. Resta saber se a Academia ainda se apegará aos velhos formatos de se fazer drama. O filme escolheu navegar por uma onda tipicamente hollywoodiana que tem como meta dourar a pílula de sofrimentos com paisagens naturais deslumbrantes e forte carga de exotismo. Nada contra isso. O problema está na falta de vitalidade e na monotonia narrativa sob insistente e meloso fundo musical. A trama se desenvolve por tempos justapostos, passado e presente. Não é coisa fácil de fazer no cinema. E as soluções encontradas pelo roteiro não são muito felizes. 

“Pequeno Segredo” se desenvolve em duas linhas narrativas, uma que dá conta do presente de Kat (Mariana Goulart); outra que desenvolve o passado de seus pais; num hábil trabalho de montagem de Gustavo Giani. Embalado por uma trilha tocante e ao mesmo tempo pesada, pelo excesso do uso, do cultuado Antonio Pinto (AMY), o filme segue como se espera para o “formato”: um melodrama carregado. Sensível, bem realizado (destaque para a fotografia de Inti Briones) e com ótimas interpretações femininas (a garota Mariana Goulart está muito bem), o filme desperta alguma simpatia. Com uma direção de arte caprichada e fotografia que nos remete aos quadros protagonizados pelos Schürmann no “Fantástico”, “Pequeno Segredo” é uma produção sobre a importância do amor e da família, mas que desperdiça seu potencial por optar pelo tom melodramático açucarado. A direção de David Schurmann, ainda que tecnicamente competente, se mostra extremamente convencional e sem traços autorais visíveis, exceção feita a raros lampejos de criatividade estética. É uma pena!! 


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