PEQUENO SEGREDO – Brasil / Nova Zelândia, 2016 –
Direção David Schurmann – elenco: Júlia Lemmertz, Marcello Antony, Maria Flor,
Erroll Shand, Fionnula Flanagan, Mariana Goulart, Michael Wade, Thomas
Silvestre, Ryan James, Régius Brandão – 107 minutos
UM AMOR
MAIOR QUE A VIDA
Com certeza é um filme que irá falar mais com o
público do que com os críticos, já que grande parcela da população responde bem
a este tipo de formato. “Não comece com este melodrama latino”, dispara a
preconceituosa avó de Fionnula Flanagan a certa altura. E a ironia está
implícita. "Pequeno Segredo" não tem o peso e nem a imponência
que se esperava do candidato ao Oscar 2017, mas sua escolha para representar o
Brasil foi pensada estrategicamente, e claro para prejudicar “AQUARIUS”, que é
infinitamente superior. Resta saber se a Academia ainda se apegará aos velhos
formatos de se fazer drama. O filme escolheu navegar por uma onda
tipicamente hollywoodiana que tem como meta dourar a pílula de sofrimentos com
paisagens naturais deslumbrantes e forte carga de exotismo. Nada contra isso. O
problema está na falta de vitalidade e na monotonia narrativa sob insistente e
meloso fundo musical. A trama se desenvolve por tempos justapostos,
passado e presente. Não é coisa fácil de fazer no cinema. E as soluções
encontradas pelo roteiro não são muito felizes.
“Pequeno Segredo” se desenvolve em duas linhas
narrativas, uma que dá conta do presente de Kat (Mariana Goulart); outra que
desenvolve o passado de seus pais; num hábil trabalho de montagem de Gustavo Giani. Embalado por uma trilha tocante
e ao mesmo tempo pesada, pelo excesso do uso, do cultuado Antonio Pinto (AMY), o filme
segue como se espera para o “formato”: um melodrama carregado. Sensível,
bem realizado (destaque para a fotografia de Inti Briones) e com ótimas
interpretações femininas (a garota Mariana Goulart está muito bem), o filme
desperta alguma simpatia. Com uma direção de arte caprichada e fotografia
que nos remete aos quadros protagonizados pelos Schürmann no “Fantástico”,
“Pequeno Segredo” é uma produção sobre a importância do amor e da família, mas
que desperdiça seu potencial por optar pelo tom melodramático açucarado. A direção
de David Schurmann, ainda que tecnicamente competente, se mostra extremamente
convencional e sem traços autorais visíveis, exceção feita a raros lampejos de
criatividade estética. É uma pena!!
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