A FITA BRANCA (Das Weisse Band / The White Ribbon)
Alemanha, Austria, França, Itália, 2009 – Direção Michael Haneke – Elenco:
Christian Friedel, Leonie Benesch, Ulrich Tukur, Ursina Lardi, Burghart
Klaussner, Rainer Bock, Susanne Lothar, Josef Bierbichler – 144 minutos
UMA
FÁBULA SOMBRIA E ASSUSTADORA SOBRE AS RAÍZES DO NAZISMO
UM
DOS MELHORES FILMES DE TODA A HISTÓRIA DO CINEMA!!!
É uma história sombria, mas de
esperança e redenção. Às vésperas da Primeira Guerra Mundial, em 1913,
estranhos eventos perturbam a calma de uma pequena cidade na Alemanha. O
espectador é apresentado a todos os integrantes dessa sociedade: o barão, o
administrador, o padre, o médico, o professor, a babá, entre outros que viviam
em aparente tranquilidade, até que os estranhos episódios começam. Uma corda é
colocada como armadilha para derrubar o cavalo do médico; um celeiro é
incendiado; duas crianças são sequestradas e torturadas. Gradualmente, estes
incidentes isolados tomam a forma de um sinistro ritual de punição, deixando a
cidade em pânico. O professor do coro de crianças e jovens da escola local
investiga os acontecimentos para encontrar o responsável e aos poucos desvela a
perturbadora verdade. O diretor aplica a relação de crime e castigo de CACHÉ
para a Alemanha pré-nazista. Esse filme poderoso fala sobre questões bem mais gerais,
que podem ser aplicadas a qualquer país e a qualquer tempo: a hipocrisia das
pessoas, a podridão que se esconde por trás de quem mais se preocupa com as
aparências, as consequências do modo violento como alguns pais criam seus
filhos etc.
Um dos pontos que mais chamam a atenção é que, em
muitas cenas, talvez na maioria delas, o diretor não mostra os momentos de
violência física de forma direta: se a surra acontece dentro da sala, ele filma
apenas a porta fechada; se uma jovem é violentada, ele filma apenas o choro
posterior ao ato em si. Em outras palavras ele sugere mais do que mostra, pondo
o foco não na ação, mas em seus efeitos, na tensão e no ambiente brutal que
eles causam. Assim, até em um aspecto formal, ou técnico, o filme representa
aquela sociedade em que os atos condenáveis são feitos de forma escondida, mas
suas consequências são totalmente visíveis. Do premiado cineasta Michael Haneke, de A
PROFESSORA DE PIANO e CACHÉ, o perturbador e belo A FITA BRANCA
foi o vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2009. O filme ainda
recebeu o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e era o favorito ao Oscar
2010 na mesma categoria (mas perdeu absurdamente), além de receber uma
indicação como melhor fotografia, para Christian Berger. Apesar de ter sido
totalmente filmado em cores, A FITA BRANCA foi alterado para
branco-e-preto durante a pós-produção. O diretor procura a origem do crime de
ódio mais filmado e analisado do século 20 - o Holocausto. O vínculo com o
nazismo é montado já na fala do narrador, que conta que ali, naquela comunidade,
pequenos eventos prenunciam o que aconteceria com o país todo, anos depois.
Haneke começa o filme, portanto, amarrado conscientemente nessa analogia com o
Holocausto - e, ao seu modo habitual, começa a ditar o tipo de reação que
espera do público.
O fato é que a punição, embalada como
disciplina, está enraizada no vilarejo - e a fita branca do título, que o
pastor local força dois de seus filhos a usar, como sinal de vergonha por
pecados cometidos, é obviamente a antevisão da futura etiquetação antissemita
de judeus nos princípios da Segunda Guerra. Costuma-se crer que Hitler chegou
ao poder auxiliado pelo rancor que os alemães sentiam após a devastação do país
na Primeira Guerra, mas para Haneke o embrião do mal é anterior. Se A FITA BRANCA está preso à
analogia com o nazismo, pelo menos a exerce com lampejos de brilhantismo, como
no plano final, da missa na igreja, com sua arquitetura que lembraria depois um
salão do Terceiro Reich. Pode ser visto como uma
crítica profunda a vários tipos de autoritarismo. Por isso, é o tipo de filme
para o qual espectadores atentos poderão encontrar diversas interpretações. Com
um elenco excelente, sobretudo as crianças; um enredo brilhante, que vai se construindo de maneira perfeita; uma
edição rigorosa, e apesar do filme ser longo, não há cenas sobrando; e uma
fotografia em preto e branco, soberba e magnífica, é UM DOS MELHORES FILMES DO
ANO!!! UM DOS MAIS IMPORTANTES DA HISTÓRIA DO CINEMA!!! ABSOLUTAMENTE NOTÁVEL,
BELO E EXTRAORDINÁRIO!!! OBRIGATÓRIO!!
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