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quarta-feira, 24 de maio de 2017

INTERNET, O FILME – Brasil, 2017 – Direção Filippo Capuzzi Lapietra – elenco: Rafinha Bastos, Felipe Castanhari, Pathy dos Reis, Gusta Stockler, Cellbit, Julio Cocielo, Maurício Meirelles, Gabi Lopes, Thaynara Oliveira Gomes, Christian Figueiredo, Igão Underground, Lucas Teddy Olioti, PC Siqueira, Victor Meyniel, Cauê Moura, Mr. Catra, Raul Gil, Jacaré Banguela, Palmirinha Onofre, Mr Poladoful, Tacio Schaeppi, Paulinho Serra – 97 min

           EM UM MUNDO DE WEBCELEBRIDADES TUDO PODE ACONTECER

Acima de questões técnicas, é preciso encarar este filme como o retrato de uma época. Goste-se ou não, os youtubers são uma realidade e, de certa forma, é até natural que se busque algum modo de migrar (e lucrar) tamanha fama para as telas de cinema - basta lembrar os vários astros da TV que seguiram o mesmo caminho. A grande questão é que, dentro desta migração, são transferidas não apenas pessoas, mas também vícios estilísticos e de linguagem - e, neste caso, a decisão é bem ame ou odeie. O filme é recheado de bons números de humor feitos por profissionais, mas ele tem um ponto fraco. O ponto fraco é que, como a maioria das webcelebridades não tem experiência, as atuações são engessadas. E há piadas boas e inteligentes, mas que são ofuscadas pelo roteiro fraco e machista.

Na sinopse, vários influenciadores e seus fãs estão reunidos em um hotel de São Paulo, para uma grande convenção que acontecerá nos próximos dias. É o gancho para um imenso painel representativo do universo de youtubers, que surgem em suas variadas facetas: o arrogante, o que esconde o rosto, o casal que faz sucesso, o que depende da fama de um animal, a que fala verdades a todo instante, o vulgar, o que sempre xinga, o feito em animação e por aí vai. Mais do que glorificá-los, o filme tem por objetivo identificá-los em um misto de apresentação aos leigos e reconhecimento daquele meio aos entendidos, até mesmo com uma certa autocrítica. Neste ponto, o filme funciona a contento.

Com histórias variando entre o ameno e o constrangedor (especialmente a que envolve o cachorro Brioco), pontuado por algumas piadas escatológicas,  INTERNET – O FILME consegue ser uma boa comédia. Uma delas está no pós-créditos, na divertida cena envolvendo Mr. Catra como Deus, e nas espertas piadas envolvendo as provocações a Felipe Neto, o suposto casal formado por Kéfera e Alexandre Frota e a breve aparição do frame típico da Jequiti Cosméticos, nas transmissões do SBT. São momentos como este, em que ri do próprio universo retratado, que o filme encontra um caminho a seguir. Como nem tudo poderia ser apenas bom humor e alto nível, há momentos de homofobia, gordofobia e afins – algo que parece vir no pacote de nove entre dez das comédias nacionais. Há também momentos (na verdade, boa parte deles) nos quais os atores parecem estar se divertindo mais do que o público. A direção de Filippo Capuzzi Lapietra sabe utilizar muito bem do material que têm em suas mãos. Há uma clara intenção do diretor em remeter a estética do filme à do Youtube, mais jovial e dinâmico. A inclusão de memes e uma edição mais ágil é perfeitamente encaixada no longa, que tem desde a sua abertura um público alvo determinado. Auxiliado com o roteiro de Rafinha Bastos, algumas piadas mais referenciais são bem engraçadas. A participação de PC Siqueira, no arco de Cellbit, é muito boa e bem feita. A inclusão de memes mais antigos como a presença ilustre dos cantores da versão original de “Para Nossa Alegria”, é uma jogada de risco, que funciona exatamente por ser arriscada. Mas no geral, o filme pode lhe arrancar uma quantidade boa de risadas, ainda mais se o espectador estiver enraizado nessa cultura e for capaz de entender todas as referências.


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