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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

MEU AMIGO, O DRAGÃO (Pete’s Dragon) EUA, 2016 – Direção David Lowery – elenco: Bryce Dallas Howard, Robert Redford, Oakes Fegley, Oona Laurence, Karl Urban, Wes Bentley, Marcus Henderson, Aaron Jackson, Isiah Whitlock Jr., Steve Barr, Phil Grieve, Keagan Carr Fransch, Jade Valour, Francis Biggs, Levi Alexander – 103 minutos

                   UM FILME QUE É QUASE UM MITO SOBRE ADOÇÃO!!!!


Nesta nova versão de “Meu Amigo, o Dragão” (Pete’s Dragon) - pois existe uma versão realizada em 1977 e desconhecida da geração atual – o diretor investiu mais na simbiose entre o garoto e o dragão, no sentido de um apoiar e se preocupar com o outro. Algo parecido com o sentimento existente entre um dono e seu animal de estimação querido, ainda mais porque este Elliot é mais uma espécie de “dragão-cachorro” – no comportamento – do que o gaiato brincalhão da versão original de 1977. Sem a estrutura de musical, nenhuma das canções originais escritas no filme anterior – entre elas, a mais conhecida é “It’s Not Easy”, que foi inclusive gravada em português num dueto por Roberto Carlos e a Turma do Balão Mágico intitulada “É Tão Lindo”, em 1984 – por Al Kasha, Joel Hirschhom e Irwin Kostal, indicados ao Oscar pelo trabalho, permanece na produção de 2016. No entanto, a opção pelo folk na trilha sonora do novo filme, com direito a Leonard Cohen, The Lumineers e música folclórica, integra-se bem ao novo cenário, já que sai a cidade litorânea de uma Nova Inglaterra de época e entra um vilarejo que parece cravado no nordeste norte-americano.  


Levando a sério o sentido de “remake”, David Lowery transforma o ingênuo musical de quase quarenta anos, de estética e narrativa típicas de cartoon, em uma fábula estruturada dentro de um conto mais realista para o Século XXI. Ou melhor, uma fantasia para tempos mais cínicos, onde só a magia dos super-heróis parece conquistar a geração atual, mas que prefere se dedicar às relações humanas e à dinâmica de amizade spielbergiana entre Pete (Oakes Fegley) e seu raro amigo animal do que demonstrações de pirotecnias visuais. Ao contrário, elas são usadas a favor da narrativa, como na sequência inicial do acidente em que o menino, então com quatro anos (na pele do expressivo Levi Alexander), fica órfão: o slow motion só acentua o caráter de aventura que os pais prometem a ele, embora a tragédia fique evidente no lirismo do recurso. Perdido na floresta, o garoto é logo protegido por um dragão, ao qual chama de Elliot, crescendo junto com ele naquele habitat não mais hostil. 

“Meu Amigo, o Dragão” é quase um mito sobre adoção e conquista pela sua delicadeza em tocar em assuntos como amizade, família, meio ambiente (com uma linda mensagem de preservação à natureza) e ganância. O filme consegue realizar momentos inspiradíssimos, entendendo que a fantasia e a aventura não estão apenas nos grandes acontecimentos e nos efeitos especiais, mas sim na construção de um momento que foge do real. E nesse resgate a um espírito de aventura, o filme também é capaz de reencontrar a sensibilidade, não tem medo de apostar num afeto que está sempre presente. É também sobre o reencontro familiar, e o Dragão é uma espécie de tutor para o menino, protegendo-o debaixo de suas asas. O filme revela toda inocência seja no seu clima despretensioso de aventura quanto na sua moral da história. Consegue ainda, resgatar um espírito quase perdido, uma sensação de aventura única e ao mesmo tempo em que é fantástica parece que só poderia acontecer ali, quase como um fato cotidiano. Encantador e tocante, vale o ingresso!!!!



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