MEU AMIGO, O DRAGÃO (Pete’s Dragon) EUA, 2016 – Direção David Lowery –
elenco: Bryce Dallas Howard, Robert Redford, Oakes Fegley, Oona Laurence, Karl
Urban, Wes Bentley, Marcus Henderson, Aaron Jackson, Isiah Whitlock Jr., Steve
Barr, Phil Grieve, Keagan Carr Fransch, Jade Valour, Francis Biggs, Levi
Alexander – 103 minutos
UM FILME QUE É QUASE
UM MITO SOBRE ADOÇÃO!!!!
Nesta nova versão de “Meu Amigo, o Dragão” (Pete’s Dragon) - pois existe
uma versão realizada em 1977 e desconhecida da geração atual – o diretor
investiu mais na simbiose entre o garoto e o dragão, no sentido de um apoiar e
se preocupar com o outro. Algo parecido com o sentimento existente entre um
dono e seu animal de estimação querido, ainda mais porque este Elliot é mais
uma espécie de “dragão-cachorro” – no comportamento – do que o gaiato
brincalhão da versão original de 1977. Sem a estrutura de musical, nenhuma das
canções originais escritas no filme anterior – entre elas, a mais conhecida é “It’s
Not Easy”, que foi inclusive gravada em português num dueto por Roberto Carlos
e a Turma do Balão Mágico intitulada “É Tão Lindo”, em 1984 – por Al Kasha,
Joel Hirschhom e Irwin Kostal, indicados ao Oscar pelo trabalho, permanece na
produção de 2016. No entanto, a opção pelo folk na trilha sonora do novo filme,
com direito a Leonard Cohen, The Lumineers e música folclórica, integra-se bem
ao novo cenário, já que sai a cidade litorânea de uma Nova Inglaterra de época
e entra um vilarejo que parece cravado no nordeste norte-americano.
Levando a sério o sentido de “remake”, David Lowery transforma o ingênuo
musical de quase quarenta anos, de estética e narrativa típicas de cartoon, em
uma fábula estruturada dentro de um conto mais realista para o Século XXI. Ou
melhor, uma fantasia para tempos mais cínicos, onde só a magia dos super-heróis
parece conquistar a geração atual, mas que prefere se dedicar às relações
humanas e à dinâmica de amizade spielbergiana entre Pete (Oakes Fegley) e seu
raro amigo animal do que demonstrações de pirotecnias visuais. Ao contrário,
elas são usadas a favor da narrativa, como na sequência inicial do acidente em
que o menino, então com quatro anos (na pele do expressivo Levi Alexander),
fica órfão: o slow motion só acentua
o caráter de aventura que os pais prometem a ele, embora a tragédia fique
evidente no lirismo do recurso. Perdido na floresta, o garoto é logo protegido
por um dragão, ao qual chama de Elliot, crescendo junto com ele naquele habitat
não mais hostil.
“Meu Amigo, o Dragão” é quase um mito sobre adoção e conquista pela sua
delicadeza em tocar em assuntos como amizade, família, meio ambiente (com uma
linda mensagem de preservação à natureza) e ganância. O filme consegue realizar
momentos inspiradíssimos, entendendo que a fantasia e a aventura não estão
apenas nos grandes acontecimentos e nos efeitos especiais, mas sim na
construção de um momento que foge do real. E nesse resgate a um espírito de
aventura, o filme também é capaz de reencontrar a sensibilidade, não tem medo
de apostar num afeto que está sempre presente. É também sobre o reencontro familiar,
e o Dragão é uma espécie de tutor para o menino, protegendo-o debaixo de suas
asas. O filme revela toda inocência seja no seu clima despretensioso de
aventura quanto na sua moral da história. Consegue ainda, resgatar um espírito
quase perdido, uma sensação de aventura única e ao mesmo tempo em que é
fantástica parece que só poderia acontecer ali, quase como um fato cotidiano. Encantador
e tocante, vale o ingresso!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário