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domingo, 13 de novembro de 2016


A GAROTA DINAMARQUESA (The Danish Girl) Inglaterra / EUA / Bélgica / Dinamarca / Alemanha, 2015 – Direção Tom Hooper – elenco: Eddie Redmayne, Alicia Vikander, Ben Whishaw,  Amber Heard, Tusse Silberg, Adrian Schiller, Henry Pettigrew – 119 min

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O diretor Tom Hooper escala dois grandes atores, ambos justamente indicados ao Oscar 2016, para eternizar essa história arrebatadora. O britânico Eddie Redmayne (que ganhou o prêmio em 2015 por interpretar Stephen Hawking em "A Teoria de Tudo") e a sueca Alicia Vikander (que concorre a melhor atriz coadjuvante) dominam as nuances dos personagens. Existe uma mensagem de aceitação (e autoaceitação) no filme, que é atual e importante, já que o maior debate sobre a transexualidade hoje não significa que os preconceitos estejam perto de serem erradicados. Os dois protagonistas conseguem elevar o filme para além de impecáveis intenções, dando uma face humana a uma questão política. É preciso dizer que "A Garota Dinamarquesa" sofre de bipolaridade estética. Como o mundo não avançou tanto em um século, o filme pode ser considerado transgressor no conteúdo mas, na forma, é conservador. 


O filme desenvolve seu roteiro em uma Dinamarca cinzenta e nublada, onde acompanhamos as interações do casal de pintores Einar e Gerda Wegener. Eles são unidos e demonstram ter uma relação de companheirismo fundamental para os rumos que a vida dos dois tomará ao longo da projeção. Ao pintar um quadro de uma bailarina, Gerda pede que seu marido sirva de modelo e calce sapatilhas, coloque meia calça e segure sobre seu corpo um vestido branco. Naquele momento acontece uma catarse na vida de Einar. Ao se projetar como aquela bailarina do quadro, se conecta instantaneamente com uma persona adormecida da sua personalidade / sexualidade, Lili Elbe. A partir dali, assistimos à desconstrução de Einar e a transformação em Lili. O trabalho estupendo de Eddie Redmayne é de uma complexidade ímpar. Aos poucos vamos acostumando com a persona de Lili e esta transição é feita de maneira tão tocante que conseguimos enxergar todos os traços e trejeitos femininos impressos naquele corpo que rejeita a forma em que nasceu.


É uma história ousada para qualquer época, e o roteiro de Lucinda Coxon, adaptando aqui o livro de David Ebershoff, é bem sucinto ao comportar toda a transformação e redescobrimento do protagonista. A relação de Einar/Lili com Gerda é a mais bem trabalhada aqui, já que a pintora evidentemente não se sente confortável com a repentina mudança na vida de seu marido, mas não deixa de se divertir com o início da “brincadeira” ou pelo fato de que Lili é a modelo responsável para alavancar sua reputação no meio artístico. Eddie Remayne não levou o Oscar de Melhor Ator, especialmente por ser o ano consecutivo ao que ganhou por sua esplêndida atuação como Stephen Halking em “A Teoria de Tudo”. No entanto, não deixa de ser incrível um ator relativamente novo no show business entregar duas performances arrebatadoras em dois anos seguidos. A Garota Dinamarquesa é um dos melhores filmes do ano e merece ser celebrado como um filme corajoso que aborda um tema com bastante sensibilidade sem nunca soar ridículo ou caricato. Baseado em uma história real, merece ser conferido e aplaudido. Obrigatório, belo e tocante!!!!

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