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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

SEM AMOR (Nelyubov / Loveless) Rússia, 2017 – Direção Andrey Zvyagintsev – elenco: Matvey Novikov (Alyosha), Maryana Spivak, Aleksey Rozin, Marina Vasileva, Andris Keiss, Aleksey Fateev,  Sergey Borisov, Natalya Potapova, Anna Gulyarenko, Artyom Zhigulin, Maksim Solopov, Sergey Badichkin – 127 minutos

UMA CRIANÇA DESAPARECIDA. UM CASAMENTO DESTRUÍDO. UM PAÍS EM CRISE.


Indicado ao Oscar 2018 na categoria Melhor Filme Estrangeiro “Sem Amor” (Nelyubov / Loveless) vem colecionando aplausos por onde passa. Vejamos o que a crítica de forma geral vem avaliando:

Com uma proposta simples, este é um daqueles filmes que pode ser melhor aproveitado sem qualquer bagagem através de trailers ou algumas sinopses que entregam mais do que o necessário. É um filme pesado e bastante pessimista que procura debater temas sobre família e, por falta de uma definição melhor e para deixar um pouco das surpresas do filme intactas, o peso de nossas ações e o efeito que causamos em quem mais amamos, seja por negligência ou pura insatisfação. Este é facilmente um dos filmes mais atraentes que já assisti e a direção de fotografia é impecável e cheia de planos bem abertos em locais que representam bem a aura de abandono e melancolia. É um espetáculo intensificado pela composição musical aterrorizante da dupla Evgueni e Sasha Galperine e a entrega dramática do elenco. O filme marca o primeiro trabalho de Matvey Novikov, o que não o impede de surpreender com o olhar desolador, mas é em Maryana Spivak onde encontramos um personagem tão genuíno e complexo que fica difícil assistir sem simpatia ou condenação. É um longa provocante que não tem medo de botar o dedo na ferida de muitas relações, seja entre pais e filhos ou aqueles que acabaram fazendo parte deste meio mesmo sem querer. Sem Amor pode ser moroso e depressivo, mas também é belíssimo e não deixa de ser uma experiência inesquecível e facilmente um dos melhores que você vai assistir esse ano. (Roberto Honorato – Plano Crítico) 


Loveless é um filme poderoso, com imagens fortes e simbólicas, como aquela em que vemos Boris desolado, chorando encostado em uma parede deteriorada que reflete o estado emocional no qual se encontra – seja na relação com Zhania ou Alyosha- até o plano que talvez seja o mais assustador e marcante da obra: a de Alyosha (Matvey Novikov, sensacional) chorando descontroladamente, enquanto a porta do banheiro se fecha – revelando que ele esteve presente durante uma discussão de seus pais. (Cauê Petito – cinemaçao.com.br)

Sem Amor cria um universo onde nenhum adulto presta, onde ninguém exprime algum valor. Os novos relacionamentos dos pais já parecem fadados ao fracasso, celulares são sempre presente nas cenas, sempre distraindo os personagens daquilo que de fato é importante, ou sendo um espelho para inúmeras selfies – o amor só pelo próprio eu. Exemplo máximo disso é uma sequência num restaurante de luxo em Moscou, onde todas as mesas são marcadas por uma qualidade negativa, a mulher num encontro que flerta com o garçom, moças jovens que só se preocupam com sua aparência numa foto coletiva, as pessoas obcecadas pelas fotos de seus pratos e a câmera está no corpo, no ponto de vista do garçom, ou seja, fora desse mundo, colocando como uma visão que não faz parte dessa sociedade sem amor. (Giovanni Rizzo – Observatório do Cinema)


Aclamado pela crítica e vencedor do prêmio do Júri no Festival de Cannes, “Loveless” é um tapa na cara das relações familiares e da frieza humana. Já é um dos melhores filmes do ano. De nenhuma forma será injusto se vier a vencer o Oscar de melhor filme em língua estrangeira. É profundo, impactante e possui uma profunda mensagem a ser transmitida: as consequências da ausência dos pais na vida de um filho. Assim como seu concorrente The Square – A Arte da Discórdia, é outro filme que oferece aos cinéfilos a ótima oportunidade de conhecer o cinema estrangeiro e suas características únicas. (João Pedro Accinelli – Cinematecando)


 “Sem Amor” é admirável em diferentes níveis. Em como usa de várias funções narrativas para contar sua história. Em como é cuidadoso tecnicamente e se apropria de cada um de seus extraordinários quadros para dizer algo, ao passo que usurpa da beleza plástica dessas imagens a fim de estabelecer um filme visualmente arrebatador. O desconforto de sua trama e as várias cenas que se delongam extravasam a sensação psicológica de seus personagens, largados à própria vaidade que os coagulam em amargurado egoísmo. (Marcelo Leme – Cineplayers) 


“Sem Amor” é um filme pesado e cheio de alegorias para abordar problemas centrais na sociedade russa, mas possui elementos que podem ser reconhecidos por praticamente qualquer sociedade ocidental também. Como representante russo ao Oscar, é um dos fortes concorrentes ao maior prêmio do cinema de forma justa. (Daniel Reininger – Cineclick)


Fazendo jus às belas imagens iniciais, que trazem árvores secas como as vidas dos personagens, “Loveless”  é uma obra mergulhada em dor e arrependimento, mas que compreende que há pessoas incapazes de mudar mesmo depois das mais terríveis experiências. Para completar, poucos planos no Cinema este ano terão a força daquele que traz uma criança chorando silenciosamente atrás da porta enquanto escuta seus pais planejando descartá-la. E ainda não sei dizer o que é mais comovente: seu choro solitário ou que tenha aprendido a escondê-lo. (Pablo Villaça – Cinema em Cena) 



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