SEM AMOR
(Nelyubov / Loveless) Rússia, 2017 – Direção Andrey Zvyagintsev – elenco:
Matvey Novikov (Alyosha), Maryana Spivak, Aleksey Rozin, Marina Vasileva,
Andris Keiss, Aleksey Fateev, Sergey
Borisov, Natalya Potapova, Anna Gulyarenko, Artyom Zhigulin, Maksim Solopov,
Sergey Badichkin – 127 minutos
UMA CRIANÇA DESAPARECIDA. UM CASAMENTO
DESTRUÍDO. UM PAÍS EM CRISE.
Indicado ao Oscar 2018 na
categoria Melhor Filme Estrangeiro “Sem Amor” (Nelyubov / Loveless) vem
colecionando aplausos por onde passa. Vejamos o que a crítica de forma geral
vem avaliando:
Com uma proposta simples, este é um daqueles
filmes que pode ser melhor aproveitado sem qualquer bagagem através de trailers ou algumas
sinopses que entregam mais do que o necessário. É um filme pesado e bastante
pessimista que procura debater temas sobre família e, por falta de uma
definição melhor e para deixar um pouco das surpresas do filme intactas, o peso
de nossas ações e o efeito que causamos em quem mais amamos, seja por
negligência ou pura insatisfação. Este é facilmente um dos filmes mais atraentes
que já assisti e a direção de fotografia é impecável e cheia de planos bem
abertos em locais que representam bem a aura de abandono e melancolia. É um
espetáculo intensificado pela composição musical aterrorizante da dupla Evgueni
e Sasha Galperine e a entrega dramática do elenco. O filme marca o primeiro
trabalho de Matvey Novikov, o que não o impede de surpreender com o olhar
desolador, mas é em Maryana Spivak onde encontramos um personagem
tão genuíno e complexo que fica difícil assistir sem simpatia ou condenação. É
um longa provocante que não tem medo de botar o dedo na ferida de muitas
relações, seja entre pais e filhos ou aqueles que acabaram fazendo parte deste
meio mesmo sem querer. Sem Amor pode ser moroso e depressivo,
mas também é belíssimo e não deixa de ser uma experiência inesquecível e
facilmente um dos melhores que você vai assistir esse ano. (Roberto Honorato –
Plano Crítico)
Loveless é um filme poderoso, com imagens
fortes e simbólicas, como aquela em que vemos Boris desolado, chorando
encostado em uma parede deteriorada que reflete o estado emocional no qual se
encontra – seja na relação com Zhania ou Alyosha- até o plano que talvez seja o
mais assustador e marcante da obra: a de Alyosha (Matvey Novikov,
sensacional) chorando descontroladamente, enquanto a porta do banheiro se fecha
– revelando que ele esteve presente durante uma discussão de seus pais. (Cauê
Petito – cinemaçao.com.br)
Sem Amor cria
um universo onde nenhum adulto presta, onde ninguém exprime algum valor. Os
novos relacionamentos dos pais já parecem fadados ao fracasso, celulares são
sempre presente nas cenas, sempre distraindo os personagens daquilo que de fato
é importante, ou sendo um espelho para inúmeras selfies – o amor só pelo
próprio eu. Exemplo máximo disso é uma sequência num restaurante de luxo em
Moscou, onde todas as mesas são marcadas por uma qualidade negativa, a mulher
num encontro que flerta com o garçom, moças jovens que só se preocupam com sua
aparência numa foto coletiva, as pessoas obcecadas pelas fotos de seus pratos e
a câmera está no corpo, no ponto de vista do garçom, ou seja, fora desse mundo,
colocando como uma visão que não faz parte dessa sociedade sem amor.
(Giovanni Rizzo – Observatório do Cinema)
Aclamado pela crítica e vencedor do prêmio do Júri no Festival de Cannes,
“Loveless” é um tapa na cara das relações familiares e da frieza humana. Já
é um dos melhores filmes do ano. De nenhuma forma será injusto se vier a
vencer o Oscar de melhor filme em língua estrangeira. É profundo, impactante e
possui uma profunda mensagem a ser transmitida: as consequências da ausência
dos pais na vida de um filho. Assim como seu concorrente The Square – A Arte da Discórdia,
é outro filme que oferece aos cinéfilos a ótima oportunidade de conhecer o
cinema estrangeiro e suas características únicas. (João Pedro Accinelli –
Cinematecando)
“Sem Amor” é um filme pesado e cheio de alegorias
para abordar problemas centrais na sociedade russa, mas possui elementos que
podem ser reconhecidos por praticamente qualquer sociedade ocidental também.
Como representante russo ao Oscar,
é um dos fortes concorrentes ao maior prêmio do cinema de forma justa. (Daniel
Reininger – Cineclick)
Fazendo jus às belas
imagens iniciais, que trazem árvores secas como as vidas dos personagens, “Loveless” é uma obra
mergulhada em dor e arrependimento, mas que compreende que há pessoas incapazes
de mudar mesmo depois das mais terríveis experiências. Para completar, poucos
planos no Cinema este ano terão a força daquele que traz uma criança chorando
silenciosamente atrás da porta enquanto escuta seus pais planejando
descartá-la. E ainda não sei dizer o que é mais comovente: seu choro solitário
ou que tenha aprendido a escondê-lo. (Pablo Villaça – Cinema em Cena)
Nenhum comentário:
Postar um comentário