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sábado, 5 de novembro de 2011

37º Lugar - ABRIL DESPEDAÇADO - Brasil, 2001



OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!

37º Lugar - ABRIL DESPEDAÇADO – Brasil, 2001 – Direção Walter Salles – Elenco: Rodrigo Santoro, Ravi Ramos Lacerda, José Dumont, Rita Assemany, Flavia Marco Antonio, Othon Bastos, Luiz Carlos Vasconcelos, Gero Camillo, Everaldo Pontes, Wagner Moura, Mariana Loureiro, Caio Junqueira – 105 minutos.

O cinema brasileiro nos últimos anos tem amadurecido muito e realizado excelentes fitas de inegável valor. Este é um belo exemplo. Um grande e inesquecível filme, com uma atuação irrepreensível dos atores. Rodrigo Santoro tem se confirmado como um dos melhores atores da atualidade dentro desse novo cinema brasileiro. A sua performance como o predestinado Tonho é de singular encantamento. José Dumont como sempre competente, faz o pai amargo que só pensa em vingança. O estreante Ravi Ramos Lacerda rouba o filme e dá um show como o irmão mais novo de Tonho. Tem ainda o brilho de Rita Assemany e Flavia Marco Antonio, sem esquecer a participação especial e notável do ótimo Othon Bastos. O nosso cinema está de parabéns com essa obra-prima. É um espetáculo de pura e rara emoção. As imagens são um deslumbramento e não saem da memória. Indiscutivelmente é um dos dez melhores filmes do ano de 2001 e um dos mais belos do cinema nacional. É um dos poucos casos de versões cinematográficas que supera o original literário, com uma direção extremamente talentosa e impecável. Foi indicado ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Injustamente o Oscar o ignorou. Walter Salles adaptou o livro do albanês Ismail Kadaré, de quem é um admirador confesso.



A história foi transposta da Albânia para o sertão nordestino, passada em abril de 1910, cuja sinopse já nos sintetiza um drama de coragem, beleza, bravura e superação de idéias: “Na região árida e desértica do sertão brasileiro, uma camisa manchada de sangue balança com o vento. Tonho é um dos filhos da família Breves. Seu pai exige que ele vingue a morte do irmão mais velho, que foi vítima de uma luta ancestral entre famílias pela posse da terra. Ele sabe que precisa cumprir a missão, a honra da família está ferida. Ao matar um jovem da família rival, sua vida passa a ter uma trágica divisão: os 20 anos que ele viveu até ali e o pouco tempo que lhe restará até que seja assassinado. É uma etapa monstruosa de uma disputa de sangue entre clãs. Ele será ferozmente perseguido por um membro da família rival, pois assim manda o código de vingança da região. Esse ciclo se repete há gerações. Angustiado e perturbado com essa perspectiva de morte e instigado pelo seu irmão menor, Tonho começa a questionar a lógica da violência e da tradição. Um lampejo de esperança surge quando um casal de saltimbancos de um pequeno circo itinerante passa pelo vilarejo. Os caminhos dos protagonistas vão mudar para sempre”. Esse drama pungente e humano tem uma grande metáfora, a da fricção entre arcaísmo e modernidade. No filme, o diretor procurou apresentar uma visão menos fatalista, apesar disso ser inevitável. Um dos pontos altos da fita é o mundo rude e bastante cruel da região, apresentando um cotidiano brutal, num trabalho árduo de sobrevivência para ganhar uma miséria de dinheiro e ainda se sobrepor sobre as incertezas do dia seguinte. Outra qualidade são as imagens que sugerem a contagem regressiva da morte de Tonho: os bois andando em círculo; o mecanismo da bolandeira assemelhado ao de um relógio e o balanço pendurado na árvore, lembrando um pêndulo. Walter Salles é um dos diretores mais notáveis da atualidade. Com sua visão aguçada para descobrir roteiros brilhantes, ele sabe como dar o ponto de partida e realizar obras de indiscutível valor, como é o caso desta. O filme defende ainda a idéia de que sem impulso e sacrifício, a civilização perderia o seu motor. Acredito que há razão nisso.

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