segunda-feira, 28 de novembro de 2011
16º Lugar - MORTE EM VENEZA (Morte a Venezia / Mort a Venise) Itália/França, 1971
OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!
16º Lugar - MORTE EM VENEZA (Morte a Venezia / Mort a Venise) Itália/França, 1971 – Direção de Luchino Visconti – elenco: Dirk Bogarde, Silvana Mangano, Björn Andresen, Marisa Berenson, Mark Burns, Romolo Valli, Nora Ricci, Carole André, Leslie Franch – 130 minutos.
É o apogeu de Visconti! Um dos mais belos filmes de todos os tempos! Alguns críticos torceram o nariz para essa obra-prima, criticando aqui e ali, apontando defeitos. É o filme mais sofisticado do diretor. É um primor de realização. Em Veneza, amor e morte se misturam na visão soberba de Luchino Visconti. O compositor alemão Gustav Aschenbach (impressionante caracterização do ator inglês Dirk Bogarde) parece um homem reservado e civilizado aos olhos daqueles que o conhecem. Basta, no entanto, o início de uma paixão secreta, para que comecemos a notar o presságio de sua destruição. Ele parte para Veneza a fim de se recompor de um colapso gerado por seu trabalho estressante. Lá ele conhece um jovem belíssimo chamado Tadzio, que lhe parece estátua grega, de face serena e expressão de suave gravidade. Ele se apaixona perdidamente por Tadzio, mas este amor é impossível, numa época em que predomina a intolerância, o preconceito, a hipocrisia e o desprezo. O ar pesado e céu plúmbeo de Veneza deprimem Aschenbach. E só a visão de Tadzio pode reanimar seu espírito. Fascinado e completamente atraído pela beleza do rapaz, Gustav decide ir embora antes de cometer uma loucura. Porém, sua bagagem é enviada por engano para uma outra cidade italiana. E assim, ele terá que adiar sua partida. Nas ruas da cidade o temor pela cólera asiática gera um êxodo dos que querem se proteger contra a doença. E é nessa Veneza vazia e solitária que Aschenbach sai à procura do jovem Tadzio. Por mais que seu coração murmure, ele não pode confessar à Tadzio a paixão que provocaria um escândalo constrangedor para ambas as partes. Só lhe resta a dor de um amor impossível e o desejo ardente em seu peito. Com cenas belíssimas na romântica cidade italiana, o mestre Luchino Visconti revela toda a sensualidade de Veneza. A fotografia sublime e trama envolvente garantiram à MORTE EM VENEZA o Grande Prêmio no Festival de Cannes, consagrando o ator inglês Dirk Bogarde como um dos maiores nomes da cinematografia mundial. A qualidade desta memorável produção ítalo-francesa é abrilhantada pela interpretação marcante de Silvana Mangano, no papel da mãe de Tadzio, uma atriz de raro talento que mostra toda a sua força expressiva nesta emocionante obra-prima. MORTE EM VENEZA é UM FILME PARA PESSOAS DE EXTREMA SENSIBILIDADE e PARA UM PÚBLICO SELETO E INTELIGENTE. Uma história comovente, com um requinte visual magnífico, cheia de poesia e de extraordinária beleza.
Uma rica evocação impressionante de tempo e lugar. Um sonho cinemático. É o mais belo filme dos últimos cinqüenta anos! A obra-prima da beleza. Um triunfo do cinema. É a história de um homem obcecado pela beleza. O diretor Luchino Visconti (que já nos deu filmes de notável qualidade, como OS DEUSES MALDITOS (1969), VIOLÊNCIA E PAIXÃO (1974), LUDWIG – A PAIXÃO DE UM REI (1972), O LEOPARDO (1963), SENSO (1954), ROCCO E SEUS IRMÃOS (1960), entre outros), transforma o romance clássico de Thomas Mann em uma obra-prima de poder e beleza. Como Aschenbach, Visconti é um artista obcecado: seus filmes são ricos em humor, detalhes de época e emoções ferventes em superfícies plácidas. Ganhou o Prêmio Especial do 25º Aniversário do Festival de Cannes. MORTE EM VENEZA tem uma fabulosa performance do elenco. Além da assustadora interpretação já comentada de Dirk Bogarde, cabe ressaltar a brilhante composição de Silvana Mangano, com sua beleza indescritível, como a mãe de Tadzio, e a inegável atuação de Bjorn Andresen (magnífico como Tadzio). Ainda no elenco Marisa Berenson (como Frau von Aschenbach, belíssima), Mark Burns, Romolo Valli, Nora Ricci, entre outros. O filme é recheado de diálogos inteligentes sobre arte e beleza.
Considerado internacionalmente como a obra-prima da beleza, causou muito frisson na época do seu lançamento. Visconti incluiu uma série de flash-backs, para ilustrar as dúvidas filosóficas de Aschenbach; em um deles, um amigo diz a ele que “a beleza é uma qualidade que pertence naturalmente às coisas belas”. Esses flash-backs são fundamentais para a compreensão dos conflitos internos do Conde Aschenbach, já que o filme tem pouquíssimos diálogos. E foi exatamente essa opção de Visconti que acabou forçando-o a se afastar da sutileza da história original. No livro, tomamos conhecimento dos pensamentos de Aschenbach através do narrador, em terceira pessoa. No filme, no entanto, não há narração – pelo menos não no estilo dos filmes de detetives, em que ouvimos os pensamentos do personagem principal. Tadzio (atuação magnífica de Bjorn Andresen), a paixão platônica do compositor Aschenbach, que no livro está mais contida, aqui ele está mais saliente. Para que possamos entender o tipo de atração que ele exerce sobre o músico, Tadzio passa quase todo o tempo do filme dirigindo-lhe olhares ambíguos, algo entre o convite e o desprezo. Na obra de Thomas Mann, Tadzio pode ser perfeitamente ignorante de sua sexualidade; na de Visconti, ele é quase vulgar, mas num bom sentido. A atuação de Dirk Bogarde como o torturado artista tem momentos antológicos, um deles, quando, renunciando a seu racionalismo, ele pinta o rosto e os cabelos, numa tentativa de parecer mais jovem. MORTE EM VENEZA, com certeza, pode ser considerado um filme sobre o fascínio que a beleza exerce sobre nós. Isso fica muito evidente naquela que é uma das grandes qualidades do filme: a beleza visual. Toda a longa seqüência de abertura, que mostra a chegada do navio em que viaja o Conde Aschenbach, evidencia um cuidado em revelar Veneza em todo o seu esplendor. Vários críticos já afirmaram que a cidade italiana nunca foi tão bem filmada. É bem provável que tenha sido essa a intenção de Visconti: revelar a contradição existente em uma linda cidade que é varrida pelo “sirocco” (o vento que se acreditava que carregasse doenças fatais, ou seja, a beleza pode ser perigosa para quem se deixa enfeitiçar por ela). Essa seria uma preocupação comum a Thomas Mann e a Luchino Visconti. MORTE EM VENEZA, inegavelmente, é um dos pontos altos do cinema europeu e um dos mais belos filmes alternativos de todos os tempos.
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