terça-feira, 22 de novembro de 2011
22º Lugar - LARANJA MECÂNICA (A Clockwork Orange) Inglaterra, 1971
OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!
22º Lugar - LARANJA MECÂNICA (A Clockwork Orange) – Inglaterra, 1971 – Direção Stanley Kubrick – Elenco: Malcolm McDowell, Patrick MaGee, Michael Bates, Warren Clarke, Adrienne Corri, Carl Duering, Paul Farrell, Clive Francis, James Marcus, Miriam Karlin, Aubrey Morris – 138 minutos.
Todo elogio que você ouvir a respeito desse clássico é verdadeiro. Foi produzido em 1971, pela Inglaterra, mas até hoje o filme continua poderoso, polêmico, inesquecível e um dos poucos a não gerar imitadores. Apesar de retratar um mundo futurista, ele nunca deixou de ser tão atual e moderno, apresentando uma assustadora coreografia da violência, poucas vezes mostrada no cinema. Possui um notável e cuidadoso trabalho estilístico e desenvolve-se em um clima opressivo, com uma trilha sonora de essencial importância, num esplêndido aproveitamento da música clássica de compositores como Beethoven, Elgar, Purcell e Rossini e os sintetizadores de Walter Carlos. A predominância é Beethoven, com a sua Nona Sinfonia, em arranjos estilizados e ultra modernos, já que a personagem principal – Alex - é um apaixonado pela ultra-violência, estupro e Beethoven. Alex é um jovem desordeiro e irresponsável, um vilão simpático, que extravasa uma violência erótica contra tudo e contra todos, juntamente com sua gang, numa desolada Inglaterra do futuro. Ao nos depararmos com cenas brutais de um cinismo ímpar, somos obrigados a ficar contra ele, e ficamos a favor do Estado. Mas quando ele é preso e submetido à “reeducação” pelo próprio Estado, no famoso tratamento Ludovico, um tratamento de lavagem cerebral que lhe traz repulsa à violência, logo descobrimos a violação dos direitos humanos e a disfarçada atitude do governo em transformar Alex no “bom cidadão”. Nesse contexto da luta do bem e do mal, da culpa e do pecado o filme é satírico e notavelmente criativo.
“A violência do indivíduo é fichinha perto da violência do Estado.” Esta máxima contida no célebre romance de Anthony Burgess, de onde o filme foi inspirado, é uma verdade insofismável nessa sofisticada fábula política de uma sociedade futura e, pior, mais enfatizada na nossa real sociedade. É impossível negar a disfarçada violência do Estado no vertiginoso dia-a-dia dos cidadãos e dos não cidadãos. É complicado entrar nesse mérito, mas Stanley Kubrick (em impecável direção) deixa claro esse pensamento, através de cores, luzes e uma fotografia clean, mostrando que no fundo todos nós somos laranjas mecânicas e somos submetidos a lavagens cerebrais por parte desse Estado que promete “nos proteger”. O filme faz também uma denúncia sobre a violência cometida contra a individualidade, que acontece todos os dias ao nosso redor e não percebemos, ou percebemos, mas por egoísmo ignoramos. Outro ponto positivo a ser comentado é a criação de um dialeto elaborado com palavras de várias origens, falado pelas gangs, intitulado de gíria “nadsat”. É uma estranha mistura de idioma cigano-russo com inglês “cooke”.
O filme é extremamente irônico, recheado de humor negro, possui cenas incrivelmente fotografadas por Kubrick e o elenco impecavelmente dirigido. Malcolm McDowell está brilhante como Alex, e foi dele a idéia de cantar o tema de CANTANDO NA CHUVA, uma das cenas antológicas do filme. Patrick Magee, Adrienne Corri, James Marcus, Miriam Karlin, Aubrey Morris, Michael Bates, entre outros, completam a atuação. Infelizmente por causa da mentalidade retrógrada dos nossos governantes dos anos 1970, o filme ficou retido anos pela censura brasileira. Só foi liberado em 1978, com uma cópia feita para o Japão e com umas horrorosas bolinhas pretas para cobrir o sexo das personagens. Hoje, temos a oportunidade de apreciar esta obra-prima em versão integral, sem cortes e sem a mutilação que era praxe dos pseudo-moralistas que imperavam no passado. Gênio absoluto, Stanley Kubrick, alia um profundo senso estético com uma análise rigorosa do ser humano. LARANJA MECÂNICA é um soco no estômago ao tratar da perversão humana em sua forma mais pura. Mesmo no terreno arriscado da ultra-violência, Kubrick cria um filme impiedoso e ao mesmo tempo sublime e hipnótico. Quem não viu, veja; quem já viu, reveja. Sem dúvida alguma, está na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos, e, é um grito de alerta contra a violência tanto estatal quanto individual. OBRIGATÓRIO e EXTRAORDINÁRIO!!
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