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sábado, 21 de julho de 2018

UM CORPO QUE CAI (Vertigo) EUA, 1958 – Direção Alfred Hitchcock – Elenco: James Stewart, Kim Novak, Barbara Bel Geddes, Tom Helmore, Raymond Bailey, Konstantin Shayne, Ellen Corby, Lee Patrick, Henry Jones – 128 minutos.

    60 ANOS DE UM DOS MAIORES CLÁSSICOS DO CINEMA MUNDIAL!!


Hoje faz 60 anos que uma das maiores realizações de Alfred Hitchcock – UM CORPO QUE CAI – foi lançado no Brasil, um mês e meio depois da première em Los Angeles. Considerado por muitos o melhor filme do diretor, este fantástico clássico é  um dos mais arrepiantes romances do cinema, e apresenta uma fascinante miríade de inusitados ângulos de câmera de algumas das mais renomadas paisagens de São Francisco. Soberbo e extraordinário, é famoso pelo uso do que ficou conhecido como "Hitchcock Zoom", um truque de câmera utilizado para passar ao espectador a sensação de vertigem sofrida pelo protagonista através da distorção de perspectiva, e, principalmente, por trabalhar muitos dos temas caros ao diretor, como a obsessão, o perigo de cair, o envolvimento de um homem comum numa trama insólita e a ambientação de cenas tensas em lugares famosos. Scotty é um detetive que descobre sofrer de acrofobia (medo de lugares altos) ao presenciar um colega cair do telhado de um prédio. Devido à sua condição, aposenta-se, mas é contratado por um velho amigo para investigar a sua mulher, Madeleine, que aparenta estar possuída por uma ancestral suicida.  Um filme excepcional que demanda múltiplas interpretações!


Conta-se que a atriz escolhida pelo mitológico diretor para os papéis-chave de Madeleine e depois Judy era Vera Miles (que havia acabado de trabalhar com ele em O HOMEM ERRADO, de 1957, e voltaria a trabalhar de novo em PSICOSE, em 1960). Vera Miles fez os testes com as roupas criadas pela também lendária Edith Head para a personagem de Madeleine, e chegou a ser feito um quadro de Carlotta Valdes com o rosto da atriz. O início das filmagens se atrasou, Vera Miles ficou grávida e Kim Novak acabou sendo a escolhida. Além de perfeita e com uma beleza estonteante, foi uma das responsáveis pelo fato de o filme ser uma das maiores obras-primas do cinema. Kim Novak é de fato duas pessoas inteiramente diferentes, Madeleine e Judy. Madeleine é aquela mulher rica, cosmopolita, de gestos elegantes, de uma sensualidade sempre presente, mas contida. Judy é uma moça humilde do interior do Kansas – “Salinas, Kansas”, ela diz, várias vezes -, com um jeito quase vulgar, ou até escancaradamente vulgar. Kim Novak consegue ter duas vozes diferentes, dois sotaques diferentes, dois andares diferentes, dois olhares diferentes. Um triunfo!!


UM CORPOR QUE CAI tem sido reconhecido como o filme mais pessoal de Alfred Hitchcock e um  marco no mundo do cinema, permanecendo até hoje, talvez, como o mais estudado e discutido filme do mestre da direção. Mas esta sublime e assustadora história sobre um macabro “engodo” não foi sempre reconhecida como a obra-prima que hoje é; de fato, quando foi lançado em 1958, foi um desastre comercial massacrado pela crítica. Em meados dos anos 1980, contudo, os críticos – incluindo alguns dos detratores originais – fizeram enquetes internacionais elegendo o filme como um dos dez Melhores de Todos os Tempos!! Quando foi relançado pela Universal em 1984, o opinativo Andrew Sarris (um dos detratores de 1958) chamou de “provavelmente o filme de arte mais profundamente belo já feito no continente americano”. O certo é que é um filme extremamente hipnótico. Mostra o diretor em seu lado mais obsessivo e sexual. É uma obra de mestre, uma experiência artística que necessita de muitas visitas, “uma pérola cinematográfica que se torna mais brilhante a cada década” (The New York Post).



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