UM CORPO QUE CAI (Vertigo)
EUA, 1958 – Direção Alfred Hitchcock – Elenco: James Stewart, Kim Novak,
Barbara Bel Geddes, Tom Helmore, Raymond Bailey, Konstantin Shayne, Ellen
Corby, Lee Patrick, Henry Jones – 128 minutos.
60 ANOS DE
UM DOS MAIORES CLÁSSICOS DO CINEMA MUNDIAL!!
Hoje faz 60
anos que uma das maiores realizações de Alfred Hitchcock – UM CORPO QUE CAI –
foi lançado no Brasil, um mês e meio depois da première em Los Angeles. Considerado
por muitos o melhor filme do diretor, este fantástico clássico é um dos
mais arrepiantes romances do cinema, e apresenta uma fascinante miríade de
inusitados ângulos de câmera de algumas das mais renomadas paisagens de São
Francisco. Soberbo e extraordinário, é famoso pelo
uso do que ficou conhecido como "Hitchcock
Zoom", um truque de
câmera utilizado para passar ao espectador a sensação de vertigem sofrida pelo
protagonista através da distorção de perspectiva, e, principalmente, por
trabalhar muitos dos temas caros ao diretor, como a obsessão, o perigo de cair,
o envolvimento de um homem comum numa trama insólita e a ambientação de cenas
tensas em lugares famosos. Scotty é um detetive que descobre sofrer de
acrofobia (medo de lugares altos) ao presenciar um colega cair do telhado de um
prédio. Devido à sua condição, aposenta-se, mas é contratado por um velho amigo
para investigar a sua mulher, Madeleine, que aparenta estar possuída por uma
ancestral suicida.
Um filme
excepcional que demanda múltiplas interpretações!
Conta-se que a atriz escolhida pelo
mitológico diretor para os papéis-chave de Madeleine e depois Judy era Vera Miles (que havia acabado de trabalhar com ele em O HOMEM
ERRADO, de 1957, e voltaria a trabalhar de novo em PSICOSE, em 1960). Vera
Miles fez os testes com as roupas criadas pela também lendária Edith Head para
a personagem de Madeleine, e chegou a ser feito um quadro de Carlotta Valdes
com o rosto da atriz. O início das filmagens se atrasou, Vera Miles ficou
grávida e Kim Novak acabou sendo a escolhida. Além de perfeita e com uma
beleza estonteante, foi uma das responsáveis pelo fato de o filme ser uma das
maiores obras-primas do cinema. Kim Novak é de fato duas pessoas inteiramente
diferentes, Madeleine e Judy. Madeleine é aquela mulher rica, cosmopolita, de
gestos elegantes, de uma sensualidade sempre presente, mas contida. Judy é uma
moça humilde do interior do Kansas – “Salinas, Kansas”, ela diz, várias vezes
-, com um jeito quase vulgar, ou até escancaradamente vulgar. Kim Novak
consegue ter duas vozes diferentes, dois sotaques diferentes, dois andares
diferentes, dois olhares diferentes. Um triunfo!!
UM CORPOR QUE CAI tem sido reconhecido como o
filme mais pessoal de Alfred Hitchcock e um
marco no mundo do cinema, permanecendo até hoje, talvez, como o mais
estudado e discutido filme do mestre da direção. Mas esta sublime e assustadora
história sobre um macabro “engodo” não foi sempre reconhecida como a obra-prima
que hoje é; de fato, quando foi lançado em 1958, foi um desastre comercial
massacrado pela crítica. Em meados dos anos 1980, contudo, os críticos –
incluindo alguns dos detratores originais – fizeram enquetes internacionais
elegendo o filme como um dos dez Melhores de Todos os Tempos!! Quando foi
relançado pela Universal em 1984, o opinativo Andrew Sarris (um dos detratores
de 1958) chamou de “provavelmente o filme de arte mais profundamente belo já
feito no continente americano”. O certo é que é um filme extremamente
hipnótico. Mostra o diretor em seu lado mais obsessivo e sexual. É uma obra de
mestre, uma experiência artística que necessita de muitas visitas, “uma pérola
cinematográfica que se torna mais brilhante a cada década” (The New York Post).
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