O
REINO DE DEUS (God’s Own Country) Inglaterra, 2017 – Direção Francis Lee –
elenco: Josh O’Connor, Gemma Jones, Harry Lister Smith, Alec Secareanu, Ian
Hart, Melanie Kilburn, Liam Thomas, John McCrea, Alexander Suvandjiev – 104
min.
UMA
BELÍSSIMA NARRATIVA SOBRE ACEITAÇÃO E AUTOCONHECIMENTO
Emocionante, belo e visceral, este grande
filme é muito mais que apenas um filme com a temática gay. É uma história de amor, de
descoberta e aceitação, que realmente se torna obrigatório. O diretor Francis
Lee dirige com maestria a sua primeira obra sobre dois rapazes que se conhecem
num cenário rural no norte da Inglaterra. Quando o romeno Gheorghe vem
trabalhar para ajudar a quinta da família de Johnny, os dois jovens homens são
forçados a passar uma semana nos montes que se revelará intensa e despertará
assim um conjunto de sentimentos abafados no círculo pequeno que os rodeia.
Um belíssimo
drama sobre autoconhecimento, sobre a conduta heteronormativa, a necessidade de
não demonstrar afeto, o protagonismo de um amor “sui generis” e a certeza da
incerteza. É válido ressaltar a fotografia deslumbrante e quase natural, onde o
espectador vai perceber o contraste entre o acalanto e a solidão. “God’s Own
Country” (O Reino de Deus) é uma obra imortal e de beleza retórica, que
deslumbra não só o seu próprio público, mas qualquer outro, porque existe um
momento que une forças e deixa de ser para minorias.
O elenco é excepcionalmente competente, com
Josh O’Connor a
evoluir ao longo dos minutos, assim como a sua personagem o faz e, Alec Secareanu com
uma performance linear e contida, extraordinária, dizendo tudo com o olhar. Os
destaques vão, também, para os dois papéis secundários. Gemma
Jones é maravilhosa e se, ao início demonstra ser uma
pessoa fria, a cena em que a vemos chorar agarrada à camisa do neto é de cortar
a respiração. Também Ian Hart se
supera na sua interpretação, não só emocional como física, mostrando o estado
debilitado que o seu Martin pede na perfeição.
O
filme se assemelha um pouco com “O Segredo de Brokeback Mountain”,
especialmente pela cena em que Johnny vê a camisa de Gheorghe pendurada,
após sua partida. Uma homenagem pontual e com uma similaridade ímpar, a beleza
do ambiente rural e o isolamento, tudo com muita maturidade no roteiro, na
história e na direção impecável, e, com isso, apresenta uma visão mais
esperançosa para a temática, que também é beneficiada por não se tratar de uma
peça de época. Obrigatório!!!!!
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