A
CHEGADA (Arrival) EUA, 2016 – Direção Denis Villeneuve – elenco: Amy Adams,
Jeremy Renner, Forest Whitaker, Michael Stuhlbarg, Mark O’Brien, Tzi Ma,
Abigail Pniowsky, Julia Scarlett Dan, Jadyn Malone, Frank Schorpion, Lucas
Chartier-Dessert - 116 minutos
POR
QUE ELES ESTÃO AQUI???
Uma
alegoria sobre a importância da aceitação lúcida da finitude no processo de
amadurecimento. É a definição mais provável para o novo
filme de Denis
Villeneuve. É um exercício da
visão que mira o longínquo, a fim de entender o íntimo. A
CHEGADA (Arrival) é um filme explicitamente sobre a comunicação,
sobre entender o próximo para compreender a si mesmo. É
a grande adaptação para o cinema de um conto de Ted Chiang, considerado um dos
principais nomes da literatura de ficção científica contemporânea, mas lançado
no Brasil somente agora, com o sucesso do filme nos Estados Unidos. O conto faz
parte da obra “História da Sua Vida e Outros Contos”, de 2002. O diretor trabalha uma
dupla perspectiva, tanto no grande evento da chegada das naves alienígenas
quanto as dificuldades da protagonista. Essas duas linhas irão se encontrar no
final. Até lá, Denis Villeneuve
vai colocando seu apuro estético assombroso e sua capacidade de estabelecer uma
ação quase minimalista à serviço do suspense e da tensão. Neste filme
impactante, ele não produz uma sequência de ação tão minimalista quanto a do
engarrafamento em “Sicário – Terra de Ninguém” (2015). Em A CHEGADA, a tensão deriva mais da busca de Louise por
entender a linguagem dos ETs e da postura dos militares, do que da ação em si. Com viés pacifista, o
filme questiona a intolerância, a falta de comunicação e até a dificuldade de
lidarmos com o nosso eu.
A história desenvolve a trajetória da Dra. Louise Banks
(Amy Adams),
uma linguista convocada pelo governo norte-americano para estabelecer contato
com alienígenas de uma das doze naves que pousaram no Planeta Terra. A parte
central da narrativa vai transcorrer nas diversas etapas desse processo. Mas,
os percalços pelos quais passam a equipe são apenas a superfície da história.
Todo o filme é visto pela perspectiva de Louise. Quando ela veste a roupa de
proteção, o som fica abafado; quando ela está no helicóptero, só entendemos o
que o físico e parceiro de missão Ian Donnelly (Jeremy Renner) fala quando
Louise coloca o fone. Todos os elementos do filme trabalham para uma narrativa
em primeira pessoa. Assim, ao contrário da maioria dos filmes de invasão, A
CHEGADA é um filme sobre a busca pelo contato, em que o estrangeiro alienígena
pode não ser uma ameaça.
Sendo assim, o cineasta constrói um filme em que o
mistério ganha contornos muito mais reveladores do que qualquer coisa, como se
de fato os personagens estivessem próximos a encontrarem uma iluminação. Isso
ocorre através de planos que buscam muito mais um estudo estético das situações
do que propriamente narrativos, como os flashbacks extremamente próximos do
rosto de Louise e sua filha, ou do constante pássaro engaiolado presente na
missão de contato; através da excelente e inspirada trilha musical de Jóhann
Jóhannssson, que sugere uma epifania presente; e através da montagem que remete
a um fluxo de pensamento constante. Entre paisagens
deslumbrantes e uma fotografia de tons pálidos, debates sobre comportamento
geopolítico e humano chamam atenção e fazem com que nos questionemos sobre como
uma simples frase reverbere diversas interpretações, podendo causar decisões
caóticas que talvez levem a uma guerra sem fim. A
CHEGADA convida o espectador a pensar, a refletir sobre como lidar com o
desconhecido. Será que nossos líderes entrariam em algum acordo ao lidar com
uma força desconhecida como uma invasão alienígena? Você aceitaria viver uma
vida sabendo o quão duro será o seu futuro? Questionamentos como estes e muitos
outros nos levam a conclusão de que A CHEGADA é um filme que transcende e se
impõe entre os melhores do ano!!!
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