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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A CHEGADA (Arrival) EUA, 2016 – Direção Denis Villeneuve – elenco: Amy Adams, Jeremy Renner, Forest Whitaker, Michael Stuhlbarg, Mark O’Brien, Tzi Ma, Abigail Pniowsky, Julia Scarlett Dan, Jadyn Malone, Frank Schorpion, Lucas Chartier-Dessert  - 116 minutos

                                           POR QUE ELES ESTÃO AQUI???


Uma alegoria sobre a importância da aceitação lúcida da finitude no processo de amadurecimento. É a definição mais provável para o novo filme de Denis Villeneuve. É um exercício da visão que mira o longínquo, a fim de entender o íntimo. A CHEGADA (Arrival) é um filme explicitamente sobre a comunicação, sobre entender o próximo para compreender a si mesmo. É a grande adaptação para o cinema de um conto de Ted Chiang, considerado um dos principais nomes da literatura de ficção científica contemporânea, mas lançado no Brasil somente agora, com o sucesso do filme nos Estados Unidos. O conto faz parte da obra “História da Sua Vida e Outros Contos”, de 2002. O diretor trabalha uma dupla perspectiva, tanto no grande evento da chegada das naves alienígenas quanto as dificuldades da protagonista. Essas duas linhas irão se encontrar no final. Até lá, Denis Villeneuve vai colocando seu apuro estético assombroso e sua capacidade de estabelecer uma ação quase minimalista à serviço do suspense e da tensão. Neste filme impactante, ele não produz uma sequência de ação tão minimalista quanto a do engarrafamento em “Sicário – Terra de Ninguém” (2015). Em A CHEGADA, a tensão deriva mais da busca de Louise por entender a linguagem dos ETs e da postura dos militares, do que da ação em si. Com viés pacifista, o filme questiona a intolerância, a falta de comunicação e até a dificuldade de lidarmos com o nosso eu.


A história desenvolve a trajetória da Dra. Louise Banks (Amy Adams), uma linguista convocada pelo governo norte-americano para estabelecer contato com alienígenas de uma das doze naves que pousaram no Planeta Terra. A parte central da narrativa vai transcorrer nas diversas etapas desse processo. Mas, os percalços pelos quais passam a equipe são apenas a superfície da história. Todo o filme é visto pela perspectiva de Louise. Quando ela veste a roupa de proteção, o som fica abafado; quando ela está no helicóptero, só entendemos o que o físico e parceiro de missão Ian Donnelly (Jeremy Renner) fala quando Louise coloca o fone. Todos os elementos do filme trabalham para uma narrativa em primeira pessoa. Assim, ao contrário da maioria dos filmes de invasão, A CHEGADA é um filme sobre a busca pelo contato, em que o estrangeiro alienígena pode não ser uma ameaça. 


Sendo assim, o cineasta constrói um filme em que o mistério ganha contornos muito mais reveladores do que qualquer coisa, como se de fato os personagens estivessem próximos a encontrarem uma iluminação. Isso ocorre através de planos que buscam muito mais um estudo estético das situações do que propriamente narrativos, como os flashbacks extremamente próximos do rosto de Louise e sua filha, ou do constante pássaro engaiolado presente na missão de contato; através da excelente e inspirada trilha musical de Jóhann Jóhannssson, que sugere uma epifania presente; e através da montagem que remete a um fluxo de pensamento constante. Entre paisagens deslumbrantes e uma fotografia de tons pálidos, debates sobre comportamento geopolítico e humano chamam atenção e fazem com que nos questionemos sobre como uma simples frase reverbere diversas interpretações, podendo causar decisões caóticas que talvez levem a uma guerra sem fim. A CHEGADA convida o espectador a pensar, a refletir sobre como lidar com o desconhecido. Será que nossos líderes entrariam em algum acordo ao lidar com uma força desconhecida como uma invasão alienígena? Você aceitaria viver uma vida sabendo o quão duro será o seu futuro? Questionamentos como estes e muitos outros nos levam a conclusão de que A CHEGADA é um filme que transcende e se impõe entre os melhores do ano!!!



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