ATÉ
O ÚLTIMO HOMEM (Hacksaw Ridge) Austrália / EUA, 2016 – Direção Mel Gibson –
elenco: Andrew Garfield, Richard Pyros, Jacob Warner, Milo Gibson, Darcy Bryce,
Roman Guerriero, Hugo Weaving, James Lugton, Teresa Palmer, Kasia Stelmach,
Jarin Towney – 139 minutos.
Um filme épico em seu escopo, íntimo em seus
detalhes e surreal em suas dimensões
O protagonista – Desmond Doss (Andrew Garfield,
em brilhante atuação) - deste grande filme representa uma fusão que parece
combinar a estrutura típica do cinema de guerra com o mecanismo tradicional do
cinema religioso. Ele é ao mesmo tempo um jovem pacifista, temente a Deus, e um
soldado destinado a salvar pessoas no campo de batalha da Segunda Guerra
Mundial. Sua única condição: jamais tocar em uma arma, devido a traumas de
infância. Como ser um pacifista em meio à guerra? Como lutar contra inimigos
armados sem possuir instrumentos de defesa? O
drama questiona, portanto, a violência dos “homens de bem”, a incompatibilidade
entre amar o próximo como a si mesmo e amar apenas o próximo, mas não o diferente. "Até o
Último Homem" é um ótimo exemplo do que acontece quando o material certo
cai nas mãos de um realizador sintonizado com seus temas. O filme é um
espetáculo grandioso, grandiloquente e enaltecedor. Andrew Garfield vive o
protagonista com a doçura necessária para seu papel e Hugo Weaving consegue dar
toda a carga dramática necessária para pai dele. O diretor Mel Gibson
disse que aqui não é um filme de guerra, mas sim de homens na guerra. Assista
aos créditos finais, que trazem cenas reais de Desmond Doss. Embora o
filme simplifique a posição do personagem que não quer sequer tocar numa arma,
a violência que o cerca o torna uma história fascinante que não tem uma
resposta certa sobre significado de ser um não-combatente no meio de um combate.
Durante a primeira metade, o cineasta dedica bastante tempo para explicar o
tema das implicações religiosas, antes de investir numa segunda metade tão
brutal quanto assustadora, mas mesmo assim impressionante.
O grande legado deste filme é o reconhecimento
pela admirável certeza das convicções de Desmond Doss e de seus feitos como um
homem comum que salvou dezenas de vidas e não tirou nenhuma. "Até o
Último Homem" é o trabalho de um diretor possuído pela certeza da
realidade da violência como uma verdade profana, porém inevitável. Mel Gibson
filma esse caso real de moral exemplar como um diretor de Hollywood faria nos
anos 1940, equilibrando ação e emoção em doses calculadas, explorando os tempos
dramáticos com precisão e levando sua mensagem a quem desconfia dela. A
dor e a violência são uma forma de justificar aquela história e mostrar sua
importância, como se diante daquele horror pode ser apresentado uma espécie de
iluminação, um milagre divino diante do caos humano. Este grande filme tem,
aparentemente, uma justificativa divina para filmar a guerra. Indicado
ao Oscar 2017, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator (Andrew
Garfield) Espetacular e grandioso!!
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