quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
7º Lugar - ...E O VENTO LEVOU (Gone With the Wind) EUA, 1939
OS 100 MELHORES FILMES DE TODOS OS TEMPOS!!
7º Lugar - ...E O VENTO LEVOU (Gone With the Wind) EUA, 1939 – Direção Victor Fleming – elenco: Vivien Leigh, Clark Gable, Olivia de Havilland, Leslie Howards, Hattie McDaniel, Thomas Mitchell, Barbara O’Neil, Evelyn Keyes, Ann Rutherford, Butterfly McQueen, George Reeves, Fred Crane, Victor Jory, Everett Brown, Howard C. Hickman, Alicia Rhett, Rand Brooks, Caroll Nye – 241 minutos.
Baseado na obra inesquecível de Margaret Michell, é o retrato mais fiel e humano da terrível Guerra Civil que assolou os Estados Unidos. Com cenas de realismo palpitante, cenários exuberantes e o incomparável desempenho de Vivien Leigh e Clark Gable, esse belíssimo filme não tem rival na história do cinema. Ao longo dos seus 72 anos, completados em 2011, arrebatou uma legião de fãs incodicionais no mundo inteiro. A despeito do glamour do cinema da época dos anos 1930/1940, tornou-se um patrimônio de valor inestimável. Mais do que uma obra cinematográfica, o filme ganhou estatura de animal mitológico. Seus diálogos são daqueles lembrados na ponta da língua. E a música de Max Steiner é sempre reconhecida nos primeiros acordes. Por trás de tudo, o sonho inquebrantável de um dos maiores fabricantes de sonhos de Hollywood: David O. Selznick. Ou melhor, o gênio do sistema da época de ouro do cinema norte-americano. Foi sob a autoridade desse homem que foi possível a transposição para às telas do romance de Margaret Mitchell. Na sua realização, Selznick despediu e contratou roteiristas e diretores ao seu bel prazer. Scott Fitzgerald e Ben Hecht escreveram trechos do filme, mas o único a assinar foi Sidney Howard. Victor Fleming ganhou o crédito de diretor, mas George Cukor, Sam Wood, Sidney Franklin e o diretor de arte William Cameron Menzies responsabilizaram-se por muitas seqüências.
No entanto, apesar de todo esse entra e sai, de vira e mexe da produção, não se pode dizer que falta coerência a esse épico magnífico. Muito pelo contrário. Desde a concepção pictórica - amparada num fantástico uso do Technicolor pelos fotógrafos Ernest Haller e Ray Rennahan - às interpretações do elenco coadjuvante, o filme é de um primor absoluto. Mas, o que faz a sua grandeza é, principalmente, a maneira como um passado do país é representado e a cativante dupla de protagonistas, interpretados por Clark Gable e Vivien Leigh. Leigh, que venceu uma batalha entre muitas atrizes para ficar com o papel, faz uma Scarlett O'Hara magnífica. E nem é temerário afirmar: Scarlett O'Hara é uma das mais cativantes personagens femininas da história do cinema. Mimada, manipuladora e instável, ela é o que se pode chamar de uma mulher complexa. Clark Gable, que faz o aventureiro Rhett Butler, foi uma escolha natural de Selznick. Ele empresta humor e muita testosterona ao seu papel. Mesmo com essa sedução extremada, não dá para fechar os olhos diante de um filme que é também um monumento ao racismo e ao machismo. Olivia De Havilland esbanja talento no papel inesquecível de Melanie, e, completando o quarteto principal do elenco, Leslie Howard está correto e convincente como Ashley Wilkes, o primogênito de Twelve Oaks, a fazenda vizinha. Foi lançado um DVD Especial de Colecionador, com quatro discos e esse DVD leva a vantagem de ter saído de um master original que teve suas gloriosas cores em Technicolor recentemente remasterizadas digitalmente. O master é o mesmo que a New Line usou para relançar o filme em 1998. A trilha sonora também foi remixada para Dolby Digital (mas, para os mais saudosos, o original mono também está disponível no disco). Outro ponto importante é que o aspecto ratio também é o mesmo da estréia (1:33) e não o widescreen que rodou nos cinemas durante muitas reapresentações (inclusive em 70mm). É imperdível para quem ama o filme e quer conhecer detalhes da produção.
O figurino da personagem Scarlett O'Hara - cheio de volume, brilhos e acessórios no começo - vai empobrecendo na medida em que a guerra assola a fazenda Tara, mas sem perder a elegância, graças ao trabalho do figurinista Walter Plunkett. O filme ganhou dez Oscars, inclusive Melhor Filme e Direção e entrou para a história como um dos romances mais famosos de todos os tempos. Margaret Mitchell, autora do livro em que foi baseado o filme, escreveu o romance entre 1926 e 1929. Sua intenção original era dar à protagonista o nome de Pansy O'Hara. Apenas um mês após o livro de Mitchell ter sido lançado, o produtor David O. Selznick comprou os direitos de sua adaptação para o cinema por US$ 50 mil, a mais alta quantia já paga até então pela adaptação do primeiro livro de um autor. Mais de 1400 atrizes foram entrevistadas para o papel de Scarlet O'Hara, sendo que mais de 400 chegaram a fazer leitura do roteiro. As filmagens propriamente ditas de iniciaram-se a 26 de janeiro de 1939 por George Cukor, que dirigiu cerca de 4% da fita. Cukor principiou também a sequência do baile de Atlanta e, nessa ocasião, afastou-se da equipe. Depois por escolha de Clark Gable, o diretor escolhido foi Victor Fleming, que dirigiu aproximadamente 45% do filme. Em meados de abril, esgotado pelos aborrecimentos seguidos com Vivien Leigh (que, a exemplo de Olivia de Havilland, ia ensaiar, em sigilo, na casa de Cukor), e insatisfeito com as reclamações de Selznick, Fleming sofreu um colapso nervoso. Sam Wood assumiu a direção a 1º de maio, iniciando seus 15% de participação no filme. Quando Fleming recuperou-se e voltou, os dois diretores continuaram na direção, mas em horas e sets diferentes. Apenas após o início das filmagens foi escolhida a intérprete de Scarlett O'Hara, uma das protagonistas do filme. A escolha de Vivien Leigh foi feita pelo próprio produtor David O. Selznick. Bette Davis chegou a ser convidada para o papel de Scarlet O'Hara, mas o recusou por achar que teria que contracenar com Errol Flynn, que terminou também não fazendo parte do elenco.
A primeira cena a ser filmada foi a do incêndio em Atlanta. Foram rodados 113 minutos de metragem, sendo que o que pegou fogo realmente foram sets de filmes antigos, como alguns da primeira versão de KING KONG (1933). Mas o fogo provocado foi tão intenso que vários moradores próximos ao local ligaram para os bombeiros, pensando que o próprio estúdio da MGM estava pegando fogo. Eloqüente exemplo de pioneirismo de Menzies é a seqüencia em que Scarlett caminha entre os corpos de sobreviventes da batalha de Gettysburg. A câmera acompanha a personagem num impressionante traveling aéreo, conseguido graças à utilização de um guindaste de 43 metros de altura, que rolava por uma rampa de cimento armado. Cerca de mil extras misturados com outros tantos bonecos de cera, contribuiram para a magnificência da tomada citada acima. O restante são efeitos especiais e transparência desenvolvidos por Jack Cosgrove, Lee Zavits e equipe. Vivien Leigh trabalhou nos sets de filmagem por 125 dias e recebeu por isso a quantia de US$ 25 mil. Já Clark Gable trabalhou por 71 dias e ganhou US$ 120 mil. Em 1º de julho de 1939 terminaram as filmagens e Selznick tinha diante de si uma montanha de celulóide revelado - cerca de 60.000 metros de filme, equivalente a 28 horas de projeção. Trancado dia e noite com o montador Hal C. Kern e seu assistente, James Newcom, o produtor montou a fita sem consultar nenhum dos diretores que nela tomaram parte e ordenou a filmagem de cenas adicionais, como aquela em que Scarlett se esconde debaixo da ponte numa tempestade, enquanto uma tropa da União passa sobre a mesma. A produção custou pouco mais de US$ 5 milhões aos cofres da MGM. Quatro anos depois de seu lançamento, a renda obtida pelo filme nas bilheterias já superava a marca dos US$ 32 milhões. Hattie McDaniel não pôde comparecer na première do filme em Atlanta porque era negra. Uma situação estúpida e vergonhosamente preconceituosa para uma sociedade que se achava inteligente e evoluída. É o filme épico mais adorado de Hollywood! O filme mais popular da América! Enorme e espetacular em todos os sentidos! ...E O VENTO LEVOU é uma das mais felizes adaptações da literatura norte-americana para as telas. E sem dúvida nenhuma , uma das maiores e mais fascinantes realizações do cinema. Imperdível e extraordinário!!
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