THELMA (Thelma) Noruega, 2017 –
Direção Joachim Trier – elenco: Eili Harboe, Kaya Wilkins, Henrik Rafaelsen,
Ellen Dorrit Petersen, Grethe Eltervag, Anders Mossling, Vanessa Borgli,
Steinar Klouman Hallert, Ingrid Giaever, Oskar Pask – 116 min.
UM FILME
INTELIGENTE E ENIGMÁTICO, QUE DISCURSA DE FORMA ‘SUI GENERIS” E COM ELEGÂNCIA
“Thelma” é a nova produção do cineasta dinamarquês Joachim
Trier, responsável por dramas cult, como “Oslo, 31 de
Agosto” (2011) e “Mais Forte que
Bombas” (2015). Desta vez, o diretor se aventura pelo
cinema de gênero, criando uma obra enigmática, tensa e recheada de ideias
subliminares. Sem se encaixar adequadamente
em um gênero específico, o diferenciado filme bebe de fontes clássicas do
suspense/terror para defender uma causa e/ou criticar um grupo em um texto
metafórico O filme é também uma grande analogia para a busca pela
liberdade, por se ver livre de figuras opressoras, mesmo que sejam pessoas
próximas a quem amamos, como nossos pais – muitas vezes sequer percebendo o mal
que fazem na vida de seus filhos.
A abertura e o encerramento do filme têm planos parecidos, com efeitos
que ficam claros e batem cada vez mais forte na memória. Um plano aéreo sobre o
campus de uma faculdade, que se aproxima no início e se afasta no fim. A
mensagem, dada a trama que se desenrola, parece explicitar a natureza diversa
que a distância traz, ao mesmo tempo difusa e ampla. Seres humanos são todos
iguais de longe e deveriam assim também o ser de perto, independente do que os
faz únicos. O diretor então deixa claro de cara que se trata de igualdade sua
empreitada pós “Mais Forte que
Bombas”, mas conforme a trama avança duas coisas ficam claras: a
primeira é que o filme usará uma certa sobrenaturalidade para discutir a
aceitação, inclusive a própria; a segunda é que ritmo não é uma arma utilizada
somente pelo cinema americano, tendo em vista justamente a carreira de Trier na
Noruega. Pois se sobra um conceito de igualdade em Thelma, falta um
propósito que vá além da mensagem.
De uma forma discreta,
“Thelma” é
um filme muito inteligente, cujo ácido e perspicaz desfecho permite extrair ao
menos duas mensagens evidentes – para além, é claro, das subliminares. O filme
é protagonizado por uma jovem norueguesa que se muda para a capital para
estudar, afastando-se de seus pais. Porém, sua nova rotina é rapidamente
abalada por uma paixão e por seus enigmáticos poderes sobrenaturais. Já do
enredo é possível concluir: é um filme que não se encaixa adequadamente em
gênero algum. O diretor Joachim Trier é certeiro ao fincar sua obra no fenômeno
da miscigenação dos gêneros, não se podendo rotular adequadamente a produção em
nenhum deles, já que existem momentos de drama, romance, ficção e horror. “Thelma” foi o representante
da Noruega por uma vaga na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar 2018.
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