O OUTRO LADO DA ESPERANÇA (Toivon Tuolla Puolen) Finlândia /
Alemanha, 2017 – Direção Aki Kausrimäki – elenco: Ville Virtanen, Sherwan Haji,
Dome Karukoski, Sakari Kuosmanen, Niroz Haji, Janne Hyytiäinen, Tommi Korpela –
100 min
UM
TRABALHO PRIMOROSO, ONDE O OLHAR DO CINEMA É BEM TRABALHADO, É COLOCADO À TONA
PARA QUE SE ENTENDA RELAÇÕES MUITO PROFUNDAS
Aqui em “O
Outro Lado da Esperança”, o foco não é mais a França, mas o seu
país natal, a Finlândia. E tudo começa quando vemos Khaled, um imigrante
de Aleppo, na Síria, chegar ao porto de Helsinque em um navio de carvão. Inicialmente
o diretor de fotografia Timo Salminen (habitual colaborador de Kaurismäki) faz
um excelente jogo de luzes frias e sombras versus as cores quentes dos elementos utilizados
pela direção de arte, especialmente em ambientes internos. O contraste aparece
nas cenas do porto e na rua, mudando, no decorrer da obra, para blocos com
destaque de cinza, verde, preto, azul e marrom, todos eles marcados por pontos
vermelhos nas tomadas internas, indicação visual para a dualidade da recepção
aos imigrantes que o próprio roteiro do longa, também escrito por Kaurismäki,
nos transmite. (Luiz Santiago – Plano Crítico)
O
Outro Lado da Esperança é mais
um retrato da crise de refugiados na Europa pelo cinema, temática que dá a tônica
de muitos filmes presentes na 41º Mostra Internacional de São Paulo. O grande
ponto de interesse é realmente perceber o quão inovador pode ser esse olhar em
relação a algo que assombra o velho continente e traz uma dor extrema àqueles
que não possuem mais um país. (Giovanni Rizzo – Observatório do Cinema)
Os fãs de Kaurismaki não vão querer perder esse
filme [...] Tão econômico em seu estilo visual como ele é com seu diálogo,
Kaurismaki faz máximo proveito de seus atores mesmo que esses façam o mínimo.
(Dan Fainaru – Screen International)
O cinema de Kaurismäki não
pretende ser brutalmente deprimente e niilista, mas busca nos pequenos momentos
e pequenos gestos (um celular emprestado, uma carona, um favor oferecido)
potência suficiente pra fazer a vida valer a pena. (Guilherme Bakunin –
Cineplayers)
Kaurismaki
embala esta fábula em suas tradicionais cenas com música folk e
luz dura diretamente nos cenários, conferindo um caráter ainda menos realista à
ação. Quanto ao humor, ele é exemplar: para todos os indivíduos sugerindo que
“hoje não dá para fazer piada com nada, tudo está sério demais, todo mundo se
ofende”, basta assistir a esse projeto e descobrir que existe um efeito muito
diferente quando se faz chacota do oprimido e quando se extrai humor do
opressor e do próprio sistema. “O Outro Lado da Esperança” consegue
ser ao mesmo tempo leve e complexo, incisivo na crítica política e
despretensioso na estética. É um feito impressionante para um tema de difícil
representação. (Bruno Carmelo – Adoro Cinema)
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