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domingo, 29 de abril de 2018

UMA RAZÃO PARA VIVER (Breathe) Inglaterra, 2017 – Direção Andy Serkis – elenco: Andrew Garfield, Claire Foy, Hugh Bonneville, Ed Speleers, Tom Hollander, David Butler, Ben Lloyd-Hughes, Miranda Raison, Andre Jacobs,  Camilla Rutherford, Terry Norton, Charles Streeter, Penny Downie, Amit Shah, Jonathan Hyde, Emily Bevan, David Vilmot, Stephen Mangan – 118 minutos

SEUS GESTOS VASTOS DE INSPIRAÇÃO COMOVIDAMENTE CHEGAM AO CORAÇÃO


"Uma Razão para Viver" é uma história inspiradora, bem contada, e essencialmente uma biografia de um assunto muito meritório, com apenas algumas explosões de estilo estilístico e um par de surpresas menores, na melhor das hipóteses. (Richard Roeper – Chicago Sun-Times)

O filme traz uma história de amor adorável, e embora ele abuse dos efeitos românticos até quase esquecer do drama, Serkis executa um trabalho admirável atrás da câmera e Garfield e Claire Foy trazem atuações muito boas. (Adam Chitwood – Collider) 


Composto por divertidos e inacreditáveis trechos de road movie e uma história real inspiradora e instrutiva (que no entanto não sana as dúvidas mais práticas sobre a rotina com tetraplegia), “Uma Razão Para Viver” é mais um entre tantos dramas de época britânicos sem personalidade, porém operante. Seu grande diferencial é a suavização do romance, que em outras mãos certamente engoliria os desafios da vida pós-poliomielite. (Taiani Mendes – Adoro Cinema)

Se pararmos para pensar, muitos grandes atores de Hollywood já colocaram a mão na massa e dirigiram seus próprios filmes. Clint Eastwood, Sean Penn, Angelina Jolie, Ben Affleck, Tom Hanks, Mel Gibson e Robert Redford são bons exemplos, e agora Andy Serkis pode se considerar um integrante deste time. Arriscando-se do outro lado da câmera (o ator é mundialmente conhecido por suas atuações através da captura de movimentos em “O Senhor dos Anéis e “Planeta dos Macacos), Serkis já prova ser um bom condutor não só com a história que conta mas também com seus atores/personagens – até porque, com Claire Foy e Andrew Garfield, dificilmente o resultado seria negativo. (Barbara Demerov – Cinematecando) 


Uma Razão para Viver torna-se um filme leve, algo que surge da surpresa desse longa não explorar de forma inoportuna a condição de seu protagonista. Ao acompanhar suas tentativas de voltar para casa, ou nas várias investidas para construir uma cadeira de rodas com respirador – algo improvável para época, o filme vai se divertindo com as aventuras daquele homem, como se cada passo fosse uma aventura. No filme de Serkis a vida surge dessa maneira, não no diálogo chantagista com a morte, ou na emoção superficial existente na exploração de uma doença. (Giovanni Rizzo – Observatório de Cinema) 


sábado, 28 de abril de 2018

12 HERÓIS (12 Strong) EUA, 2018 – Direção Nicolai Fuglsig – elenco: Chris Hemsworth, Michael Shannon, Michael Peña, Navid Negahban, Trevante Rodhes, Geoff Stults, Thad Luckinbill, Austin Hébert, Austin Stowell, Ben O’Toole, Kenneth Miller, Kenny Sheard, Jack Kesy, William Fichtner, Rob Riggle, Fahim Fazli, Peter Malek, Seth Adkins, Arshia Mandavi – 130 minutos

NUM MUNDO ATERRORIZADO, ELES SE TORNARAM VOLUNTÁRIOS PARA LUTAR   


O texto dos tarimbados Ted Tally (O Silêncio dos Inocentes) e Peter Craig (Atração Perigosa) não faz por menos e se equilibra bem na tênue linha, conseguindo subverter o esperado, entregando um discurso lúcido e imparcial na medida certa. (Pablo Bazarello – Cinepop)

O fotojornalista-que-virou-diretor dinamarquês Nicolai Fuglsig usa sua experiência para uma acreditável representação forte da guerra, uma que ajuda o público a entender melhor depois porque a região tem sido tão infernalmente problemática para as tropas americanas. (Tom Russo – Boston Globe)

Para devotos de explosões cinematográficas e dedicados estudantes de masculinidade nas telonas (como eu), "12 Heróis" é um atrativo excelente, da melhor qualidade. Dirigido pelo estreante Nicolai Fuglsig, é no geral assistível, mas é previsivelmente mais fácil de ver do que ouvir ou pensar sobre. (Manohla Dargis – New York Times) 


Em "12 Heróis", somos intimados a perceber que essa não é apenas uma obra sobre um conflito armado, mas sobretudo a respeito de nossa conduta perante o outro. (Rodrigo Oliveira – Observatório do Cinema)

É praticamente todo um show do Hemsworth e ele está disposto a carregar o filme inteiramente nos seus ombros largos: ele é carismático, destemido, confiante, palhaço e um bom moço de Kentucky que só quer terminar suas tarefas e voltar para sua casa, onde sua esposa e filha esperam. (Todd McCarthy – The Hollywood Reporter)

O filme alcança moderadamente os seus objetivos, mas não reinventa a roda. "12 Heróis" funciona como homenagem aos verdadeiros heróis americanos que viveram esta história, mas soa como um filme de guerra genérico, sem muita substância. (Chris Agar – Screen Rant) 


Enquanto é gratificante - e ocasionalmente cativante - ver essa história sendo contada em "12 Heróis", o filme produzido por Jerry Bruckheimer contém poucas surpresas genuínas, pelo menos de um ponto de vista cinematográfico. (Michael O’Sullivan – Washington Post)

O filme serve como um veículo de exaltação do espírito americano e funciona como mais um exercício de patriotismo. Os heróis são exatamente isso que o título nacional promete – por herói, entenda-se máquina de matar – sem consciência, sem problemas emocionais. (Alysson Oliveira – Cineweb) 



segunda-feira, 23 de abril de 2018

SOBRE VIAGENS E AMORES (L’Estate Addosso) Itália, 2016 – Direção Gabriele Muccino – elenco: Brando Pacitto, Joseph Haro, Taylor Frey, Matilda Anna Ingrid Lutz, Jessica Rothe, Scott Bakula, Laura Cayouette, Ludovico Tersigni – 103 minutos

 BELÍSSIMA CRÔNICA SOBRE AS DORES E DELÍCIAS DO AMADURECIMENTO


“Sobre Viagens e Amores” prova que é possível contar uma bela história de amor, amizade, confiança, cumplicidade, e ainda, com ensinamentos muito importantes. Um elenco afinadíssimo, difícil destacar qual dos atores é o melhor. Todo o quarteto está formidável fazendo com que o espectador torça por eles o filme inteiro. 


O diretor italiano Gabriele Muccino está de volta às origens com esse belo filme. A vida que os personagens escolhem formam somatórios das escolhas que vivenciam, e com um clímax no poder da amizade o filme caminha numa linha tênue com um tom bastante leve sobre pessoas comuns que gostam da companhia uns dos outros.  Com momentos dinâmicos de câmera na mão, que se aproxima dos personagens enquanto conversam, o filme apresenta uma construção eficiente até do tempo e embala uma trilha sonora muito apropriada, com canções de tocar corações, o cineasta Muccino demonstra muita habilidade em criar um clima cativante do maior verão da vida de seus protagonistas. Uma pequena obra-prima!!




sábado, 21 de abril de 2018

JUMANJI: BEM-VINDO À SELVA (Jumanji: Welcome To The Jungle) EUA, 2017 – Direção Jake Kasdan – elenco: Dwayne Johnson, Alex Wolff, Karen Gillan, Kevin Hart, Jack Black, Nick Jonas, Rhys Darby, Bobby Cannavale, Ser’Darius Blain, Madison Iseman, Morgan Turner, Mason Guccione, Marin Hinkle, Rohan Chand – 119 min

                           A AVENTURA ESTÁ DE VOLTA E MAIS DIVERTIDA


Uma deliciosa nostalgia, mas que caminha com as próprias pernas. [...] mesmo arriscando tudo, desde um novo cenário até o jeito de adentrar o universo do jogo, o estúdio foi feliz ao apostar nessa trama. [...] aventura que deu certo! (Thamires Viana – CineClick)

A estrutura da trama original continua presente, mas o texto e os elementos contemporâneos renovam o longa para a geração atual. [...] As cenas de ação são excelentes [...] consegue ser nostálgico e se renovar brilhantemente para nova geração. (Kadu Silva – Ccine 10) 


Não apenas respeita o filme original de 1996, como cria um novo cenário para um clássico da infância. [...] Todos os eventos desta nova obra, no mínimo, prestam uma justa homenagem ao antecessor. [...] é sem dúvida uma das melhores comédias feitas por Hollywood nos últimos anos. (Robinson Samulak Alves – Cinema com Rapadura)

É divertido, envolvente e colorido em seus próprios termos, apresentando decentes sequencias de ação prática e um senso de humor sutil que desvia dos esperados excessos das comédias dramáticas. (Kim Newman – Screen International) 


Há um movimento de transformação de buscar uma renovação apoiando-se num certo tom ou clima daquele sucesso de um passado recente. [...] nem um pouco interessado em parecer real, mas sim reproduzir uma aventura do passado [...] um ótimo entretenimento, divertido e interessante, uma ótima surpresa. (Giovanni Rizzo – Observatório do Cinema)

Se revela à altura das expectativas e do apreço dos fãs do filme [...] com protagonistas voltados às minorias, mulheres empoderadas e até uma leve crítica ao bullying infantil e ao uso excessivo das redes sociais. Tudo isso embalado de forma ágil e dinâmica, que mesmo sem ser marcante, entretém enquanto dura. (Robledo Milani – Papo de Cinema) 



quinta-feira, 19 de abril de 2018

O OUTRO LADO DA ESPERANÇA (Toivon Tuolla Puolen) Finlândia / Alemanha, 2017 – Direção Aki Kausrimäki – elenco: Ville Virtanen, Sherwan Haji, Dome Karukoski, Sakari Kuosmanen, Niroz Haji, Janne Hyytiäinen, Tommi Korpela – 100 min

UM TRABALHO PRIMOROSO, ONDE O OLHAR DO CINEMA É BEM TRABALHADO, É COLOCADO À TONA PARA QUE SE ENTENDA RELAÇÕES MUITO PROFUNDAS


Aqui em “O Outro Lado da Esperança”, o foco não é mais a França, mas o seu país natal, a Finlândia. E tudo começa quando vemos Khaled, um imigrante de Aleppo, na Síria, chegar ao porto de Helsinque em um navio de carvão. Inicialmente o diretor de fotografia Timo Salminen (habitual colaborador de Kaurismäki) faz um excelente jogo de luzes frias e sombras versus as cores quentes dos elementos utilizados pela direção de arte, especialmente em ambientes internos. O contraste aparece nas cenas do porto e na rua, mudando, no decorrer da obra, para blocos com destaque de cinza, verde, preto, azul e marrom, todos eles marcados por pontos vermelhos nas tomadas internas, indicação visual para a dualidade da recepção aos imigrantes que o próprio roteiro do longa, também escrito por Kaurismäki, nos transmite. (Luiz Santiago – Plano Crítico)


O Outro Lado da Esperança é mais um retrato da crise de refugiados na Europa pelo cinema, temática que dá a tônica de muitos filmes presentes na 41º Mostra Internacional de São Paulo. O grande ponto de interesse é realmente perceber o quão inovador pode ser esse olhar em relação a algo que assombra o velho continente e traz uma dor extrema àqueles que não possuem mais um país. (Giovanni Rizzo – Observatório do Cinema)

Os fãs de Kaurismaki não vão querer perder esse filme [...] Tão econômico em seu estilo visual como ele é com seu diálogo, Kaurismaki faz máximo proveito de seus atores mesmo que esses façam o mínimo. (Dan Fainaru – Screen International) 


O cinema de Kaurismäki não pretende ser brutalmente deprimente e niilista, mas busca nos pequenos momentos e pequenos gestos (um celular emprestado, uma carona, um favor oferecido) potência suficiente pra fazer a vida valer a pena. (Guilherme Bakunin – Cineplayers)

Kaurismaki embala esta fábula em suas tradicionais cenas com música folk e luz dura diretamente nos cenários, conferindo um caráter ainda menos realista à ação. Quanto ao humor, ele é exemplar: para todos os indivíduos sugerindo que “hoje não dá para fazer piada com nada, tudo está sério demais, todo mundo se ofende”, basta assistir a esse projeto e descobrir que existe um efeito muito diferente quando se faz chacota do oprimido e quando se extrai humor do opressor e do próprio sistema. “O Outro Lado da Esperança” consegue ser ao mesmo tempo leve e complexo, incisivo na crítica política e despretensioso na estética. É um feito impressionante para um tema de difícil representação. (Bruno Carmelo – Adoro Cinema)


sábado, 14 de abril de 2018

O ÍDOLO (Ya Tayr El Tayer / The Idol) Palestina / Qatar / Emirados Árabes, 2015 – Direção Hany Abu-Assad – elenco: Tawfeek Barhom, Kais Attalah, Hiba Attalah, Manal Awad, Walid Abed Elsalam, Nadine Labaki, Ahmad Qasem, Abdel Kareem Barakeh, Teya Hussein, Dima Awawdeh, Ahmed Al Rokh, Eyad Hourani – 100 minutos

HÁ SONHOS PELOS QUAIS VALE A PENA LUTAR... UM FILME SEM BARREIRAS CULTURAIS


O roteiro [...] apesar de utilizar do melodrama em excesso em determinados momentos, consegue retratar uma história pouco conhecida no ocidente e ainda encontra espaço para mostrar os costumes tão rudimentares que ainda fazem parte da cultura da região. (Kadu Silva – Ccine 10)

Um filme que contempla a falta de representatividade presente por parte dos refugiados na Gaza. Em um momento tão instável que a Palestina viveu e ainda vive, a figura de pessoas como Assaf é de extrema importância. (Bruno Pinheiro – Observatório do Cinema) 


Em suas pinceladas gerais, "O Ídolo" pode parecer mais uma trama sobre uma estrela que nasce, mas a cada reviravolta, Hany Abu-Assad transcende esta simplicidade através de uma análise emocionante e complexa. (Tim Grierson – Screen International)

Apesar das escolhas convencionais e narrativa comum, "O Ídolo" tem sucesso em apresentar a mensagem de que o povo palestino merece uma voz e representação. As imagens mais poderosas não são as das belas canções de Muhammad, e sim a reação dos palestinos à música. (Kimber Myers – The Playlist) 


O novo trabalho de Abu-Assad é uma bela obra agridoce em meio ao caos turbulento da Palestina. O cineasta admite que sua principal função no momento é promover alguma esperança aos habitantes do país por meio da arte. Provavelmente, essa crescente ditará as próximas obras do diretor. (Felipe Mendes – Cinemascope)

Romantizando a história do intérprete [...] em cima de clichês de filmes do gênero, a produção tem carisma suficiente para agradar ao público, pois traça um caminho interessante com seu protagonista até sua chegada ao programa. (Nayara Reynaud – Cineweb) 


O diretor Hany Abu-Assad e seu montador Eyas Salman aumentam a tensão em belos níveis conforme Mohammed ultrapassa cada obstáculo com ingenuidade, charme e uma voz talentosa e honesta. (Leslie Felperin – The Hollywood Reporter)

Um retrato narrado de maneira simples mas muito cativante de Muhammad Assaf [...], o filme se beneficia muito do talento natural de Hany Abu-Assad para construir suspense e ritmo. (Justin Chang – Variety)

Um filme que tocará fundo aos corações e suscitará sentimentos de esperança. O mundo ainda pode ser bom. Disseca de forma original sobre o cotidiano e os costumes do tão sofrido povo da Palestina. Uma obra que transcende e comove!! Vale ser conferido e apreciado. Um filme tocante e inesquecível!! 




sexta-feira, 13 de abril de 2018

MEU NOME NÃO É JOHNNY – Brasil, 2007 – Direção de Mauro Lima – elenco: Selton Mello, Giulio Lopes, Julia Lemmertz, Felipe Severo, Cléo Pires, Cássia Kiss, Eva Todor, Luís Miranda, André de Biase, Rafaela Mandelli, Ângelo Paes Leme, João Guilherme Estrella, Breno Guimarães, Arthur Lopes, Victor Lisboa Gorgulho – 124 min

                               ELE TINHA TUDO, MENOS LIMITE 


Jovem da classe média, nascido e criado no Jardim Botânico, João Guilherme Estrella virou lenda ao se tornar o maior traficante de cocaína do Rio de Janeiro em meados dos anos 1990. Sua vida rendeu livro - "Meu Nome não é Johnny", do jornalista mineiro Guilherme Fiúza - e acabou servindo de inspiração para o filme de mesmo nome, que estreou em todo o país em 28 de dezembro de 2007. Encontrando em Selton Mello (O CHEIRO DO RALO) o intérprete ideal, o personagem ganha a verdade de uma figura polêmica a quem nunca falta humanidade. Por isso, pode-se em muitos momentos do filme simpatizar com ele, sem culpa e sem medo de se sentir defensor do tráfico ou do consumo de drogas. Lidando com tema explosivo, o filme de Mauro Lima, roteirizado pelo próprio diretor e a produtora Mariza Leão, evita tanto fazer um discurso moralista como cair num elogio ao consumo das drogas. A história, aliás, não faz uma coisa nem outra. O tempo todo mantém-se o distanciamento para retratar a fundo a experiência humana extrema e arriscada de Estrella - que, contra toda lógica, viveu para contá-la. 


Filho de um casal classe média normal, pai bancário (Giulio Lopes), mãe dona de casa (Julia Lemmertz), o garoto criado nos melhores colégios cariocas começa a consumir drogas escondido, com os amigos. Cheio de iniciativa, logo descobre um jeito de ganhar dinheiro com isso, ao mesmo tempo em que continua consumidor. Nessa vida de alto risco, ele ganha muito, gasta tudo, vai para a Europa com a namorada Sofia (Cleo Pires) e volta para recomeçar. Não guarda um tostão, não se preserva. João Estrella queima sua própria vida como um fósforo de alta combustão. Eventualmente, a polícia entra no circuito, mas apenas para tentar levar uma parte dos lucros. A cena em que dois policiais passeiam com João pela noite, calcada de humor negro, é bem representativa dessa grande discussão sobre as autoridades que o cinema brasileiro tem levado para a sociedade, aqui numa chave mais cínica e menos violenta do que em TROPA DE ELITE - o grande sucesso de 2007. 


Chega o dia em que a casa cai e João vai parar na cadeia, em 1995. Lá descobre um mundo onde sua lábia não serve. Lá dentro, ele vai ser tratado de "playboy" e fazer um rápido aprendizado de adaptação para sobreviver. Quando seu caso cai nas mãos de uma das juízas mais rígidas do Judiciário (Cássia Kiss), ironicamente o traficante "bon vivant" encontra sua interlocutora mais sensata. Depois de uma detenção que ficou reduzida a dois anos, João teve condições de pagar seus erros e também recuperar-se. O elenco está impecável, com um time de primeira linha, além dos já citados Selton Mello, Cléo Pires, Júlia Lemmertz, Cássia Kiss, Giulio Lopes,  temos ainda Eva Todor, Luís Miranda (excepcional), André de Biase, Rafaela Mandelli, Ângelo Paes Leme, entre outros. As filmagens ocorreram nas cidades do Rio de Janeiro, Barcelona e Veneza. Sem sombra de dúvida, é um dos dez melhores filmes do ano de 2007!!!! 


domingo, 8 de abril de 2018

JOGADOR Nº 1 (Ready Player One) EUA, 2018 – Direção Steven Spielberg – elenco: Tye Sheridan, Olivia Cooke, Ben Mendelsohn, Lena Waithe, Mark Rylance, T. J. Miller, Simon Pegg, Philip Zhao, Win Morisaki, Hannah John-Kamen, Ralph Ineson, Susan Lynch, Perdita Weeks – 140 minutos

                              UMA AVENTURA MUITO ALÉM DO MUNDO REAL 


Como um dos maiores representantes de Hollywood, Spielberg é quem melhor estabeleceu a tradição do cinema americano, com “Tubarão” (1975); “E.T. – O Extraterrestre” (1982); “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida” (1981); “Jurassic Park” (1993) “A Lista de Schindler” (1993) e “O Resgate do Soldado Ryan” (1998) – fenômenos de bilheteria que se tornaram grandes clássicos –, e é desse conjunto de filmes que se aproxima seu novo trabalho, “Jogador Nº 1”.

O filme constrói uma narrativa de gamificação que se revela muito melhor do que qualquer adaptação já vista de títulos de videogames. O tal Easter Egg do enredo é, claramente, um MacGuffin cinematográfico – um objeto que motiva toda a ação –, mas toda a jornada do protagonista é feita de desafios, missões e provações que mantêm os espectadores entretidos. A ambientação do universo de Oasis é também de encher os olhos, com cenários bonitos e ricos em detalhes, com muitas referências à cultura pop, além de contar com ótimas sequências de ação. Menção honrosa para uma corrida alucinante de carro pelas ruas de uma Nova York virtual, logo no início, uma sequência espetacular.


Em um futuro desordenado, onde a pobreza e a falta de recursos impera, uma realidade virtual se torna a fuga perfeita para bilhões de pessoas ao redor do Globo. O Oasis é um verdadeiro universo onde você pode ousar ser quem quiser e fazer o que bem entender, desde que possa bancar por isso. Wade Watts (Tye Sheridan) é um adolescente que, assim como o resto dos usuários do sistema, sonha em ficar “triliardário” com a fortuna deixada pelo criador nerd do jogo, James Halliday (Mark Rylance), em uma espécie de caça ao tesouro, onde quem encontrar as três chaves escondidas, automaticamente torna-se o novo dono da empresa que o suporta. Ao mesmo tempo, a rica e poderosa IOI, com seu ambicioso patrono Sorrento (Ben Mendelsohn), fazem de tudo para chegar ao prêmio e comandar essa realidade paralela de uma forma que lhes tragam ainda mais lucro.


O filme faz alusão e homenagem a vários filmes famosos, como por exemplo “Clube dos Cinco” (1985); “Curtindo a Vida Adoidado” (1986); “Clube dos Cafajestes” (1978); “Os Embalos de Sábado à Noite (1977); A Trilogia “De Volta Para o Futuro” (1985, 1989 e 1990); “O Gigante de Ferro” (1999); “King Kong (2005); “Jurassic Park” (1993); etc. Mas quem ocupa o maior dos lugares é o diretor Stanley Kubrick, com uma homenagem espetacular ao clássico “O Iluminado” (1980), com sequências de tirar o fôlego. “Jogador Nº 1” é um dos grandes filmes do ano e vale o ingresso. Obrigatório!!


sábado, 7 de abril de 2018

ATRAVÉS DE UM ESPELHO (Sasom i em Spegel) Suécia, 1961 – Direção Ingmar Bergman – elenco: Harriet Andersson, Gunnar Björnstrand, Max von Sydow, Lars Passgard – 89 minutos

DRAMA PSICOLÓGICO INTENSO E FORTE EM QUE BERGMAN DISSECA O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO DE UMA FAMÍLIA 


Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, esta obra-prima do aclamado cineasta sueco, é uma de suas obras imortais e o início da “Trilogia do Silêncio”, formada ainda por “Luz de Inverno” (1962) e “O Silêncio” (1963).  Quatro personagens estão em uma ilha. Karin (Harriet Andersson, em magnífica interpretação), seu esposo Martin (Max von Sydow), seu pai David (Gunnar Björnstrand) e seu irmão Minus (Lars Passgård, em seu primeiro filme). Eles comemoram o retorno da jovem após ser liberada de um tratamento no hospital — ela sofre de uma desordem mental normalmente identificada como esquizofrenia, mas existem outros comportamentos psicológicos desordenados que podemos ler a partir dela — e também o fato de David retornar da Suíça, após isolar-se para escrever seu novo livro. Ele é um homem egoísta, que praticamente abandona os filhos. Está escondendo deles sua mediocridade como escritor, pai e ser humano. Não compartilha da vida deles, renega-lhes atenção, isola-se, sendo que muitas vezes se assusta com o próprio egoísmo e os efeitos perversos que suas atitudes causam.


“Através de um Espelho” é um trabalho nunca menos que brilhante, criando uma aura especial para os ambientes que se passavam no entardecer e à noite – Bergman não tinha à mão os artifícios que existem hoje para externas no período noturno. Uma questão muito interessante para ser analisada e mencionada é o título do filme, que em sueco (ou seja, na língua original na qual o filme foi rodado) refere-se a uma passagem bíblica. Este aspecto é curioso porque uma das marcas mais notáveis na grandiosa carreira de Ingmar Bergman, é justamente a religiosidade. O cineasta usou esta temática de maneira muito profunda e simbólica em mais de uma obra. Saber disso, por certo pode ajudar a compreender melhor e analisar mais atentamente sua carreira, além de possibilitar leituras mais completas de suas produções.


“Através De Um Espelho” foi rodado na Ilha de Farö, localizada na costa da Suécia. Este mesmo cenário foi usado pelo cineasta para outras filmagens e tornou-se um dos marcos da filmografia do diretor. Nesta obra, o ambiente é de grande importância, pois a natureza da ilha e a maneira crua e honesta através da qual Bergman manuseia a câmera, integram-se e resultam num potente senso de realismo que irá permear e configurar a atmosfera do filme, do começo ao fim. Este realismo, por sua vez, pode perturbar os espectadores pela maneira como é genialmente arquitetado pela sabedoria e talento de Bergman. É impossível não ser afetado pelo excelente roteiro. A parte técnica também colabora para que o filme atinja em cheio o espectador. A fotografia se destaca pelas imagens poéticas e pela iluminação. Para completar, a trilha sonora de Bach soa melancólica e hipnótica, aumentando ainda mais o tom dramático do que se vê. Isso tudo permite que o diretor discuta temas mais grandiosos, como um preocupante vazio existencial do ser humano e a presença ou não de um poder maior ao redor do espectador. Poderoso, pujante, obrigatório e belo!! Uma verdadeira obra-prima!!

                                    EM 2018 - 100 ANOS DE INGMAR BERGMAN

quarta-feira, 4 de abril de 2018

THELMA (Thelma) Noruega, 2017 – Direção Joachim Trier – elenco: Eili Harboe, Kaya Wilkins, Henrik Rafaelsen, Ellen Dorrit Petersen, Grethe Eltervag, Anders Mossling, Vanessa Borgli, Steinar Klouman Hallert, Ingrid Giaever, Oskar Pask – 116 min.
UM FILME INTELIGENTE E ENIGMÁTICO, QUE DISCURSA DE FORMA ‘SUI GENERIS” E COM ELEGÂNCIA

Thelma é a nova produção do cineasta dinamarquês Joachim Trier, responsável por dramas cult, como “Oslo, 31 de Agosto” (2011) e “Mais Forte que Bombas” (2015). Desta vez, o diretor se aventura pelo cinema de gênero, criando uma obra enigmática, tensa e recheada de ideias subliminares. Sem se encaixar adequadamente em um gênero específico, o diferenciado filme bebe de fontes clássicas do suspense/terror para defender uma causa e/ou criticar um grupo em um texto metafórico O filme é também uma grande analogia para a busca pela liberdade, por se ver livre de figuras opressoras, mesmo que sejam pessoas próximas a quem amamos, como nossos pais – muitas vezes sequer percebendo o mal que fazem na vida de seus filhos.

A abertura e o encerramento do filme têm planos parecidos, com efeitos que ficam claros e batem cada vez mais forte na memória. Um plano aéreo sobre o campus de uma faculdade, que se aproxima no início e se afasta no fim. A mensagem, dada a trama que se desenrola, parece explicitar a natureza diversa que a distância traz, ao mesmo tempo difusa e ampla. Seres humanos são todos iguais de longe e deveriam assim também o ser de perto, independente do que os faz únicos. O diretor então deixa claro de cara que se trata de igualdade sua empreitada pós “Mais Forte que Bombas”, mas conforme a trama avança duas coisas ficam claras: a primeira é que o filme usará uma certa sobrenaturalidade para discutir a aceitação, inclusive a própria; a segunda é que ritmo não é uma arma utilizada somente pelo cinema americano, tendo em vista justamente a carreira de Trier na Noruega. Pois se sobra um conceito de igualdade em Thelma, falta um propósito que vá além da mensagem.


De uma forma discreta, “Thelma” é um filme muito inteligente, cujo ácido e perspicaz desfecho permite extrair ao menos duas mensagens evidentes – para além, é claro, das subliminares. O filme é protagonizado por uma jovem norueguesa que se muda para a capital para estudar, afastando-se de seus pais. Porém, sua nova rotina é rapidamente abalada por uma paixão e por seus enigmáticos poderes sobrenaturais. Já do enredo é possível concluir: é um filme que não se encaixa adequadamente em gênero algum. O diretor Joachim Trier é certeiro ao fincar sua obra no fenômeno da miscigenação dos gêneros, não se podendo rotular adequadamente a produção em nenhum deles, já que existem momentos de drama, romance, ficção e horror. “Thelma” foi o representante da Noruega por uma vaga na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar 2018.


domingo, 1 de abril de 2018

A ESTRELA DE BELÉM (The Star) EUA, 2017 – Direção Timothy Reckart – Com as vozes de Steven Yeun, Keegan-Michael Key, Gina Rodriguez, Aidy Bryant, Zachary Levi, Christopher Plummer, Ving Rhames, Gabriel Iglesias, Kelly Clarkson, Anthony Anderson, Mariah Carey, Patricia Heaton, Kris Kristofferson, Kristin Chenoweth, Oprah Winfrey, Tyler Perry, Tracy Morgan, Joel Osteen – 86 minutos 

            UMA VERSÃO ANIMAL DA HISTÓRIA MAIS BONITA DO MUNDO

É feliz em narrar os mesmos preceitos já encontrados nas tradições cristãs, ao mesmo tempo em que consegue oferecer uma trama leve e divertida, ocupando-se mais na construção de simpáticos personagens do que em transmitir uma mensagem forçada. (Robledo Milani – Papo de Cinema)  


Maria precisa chegar até Nazaré para o censo daquela época. Nesse caminho, feito junto com José e seu filho que carrega na barriga, eles contam com a ajuda (ou as trapalhadas) de Bo, um burrinho bem simpático. O filme é uma adaptação livre do nascimento de Jesus pelos olhos de personagens bem diferentes.


Não é ótimo, de forma nenhuma, mas "A Estrela de Belém" tem qualidades suficientes para que alguns espectadores que procuram uma diversão familiar baseada na fé, com a aproximação da Páscoa, provavelmente digam: "Amém". (Jane Horwitz – Washington Post)