CHOCOLATE
(Chocolat) França, 2016 – Direção Roschdy Zem –elenco: Omar Sy, James Thierrée,
Clotilde Hesme, Olivier Gourmet, Frédéric Pierrot, Noémie Lvovsky, Alice de
Lencquesaing, Alex Descas, Olivier Rabourdin, Thibault de Montalembert, Héléna
Soubeyrand, Xavier Beauvois, Antonin Maurel, Mick Holsbeke –
119 minutos
UM
EXCELENTE APELO POR IGUALDADE, LIBERDADE E HUMANIDADE
Omar Sy mostra porque é considerado um dos
atores mais queridos do cinema francês atual. Conseguindo o ponto certo entre o
drama e não caindo nunca na pieguice, ele se destaca também no trabalho
corporal exigido pelo personagem. Sob a capa de cinebiografia
convencional, a história do primeiro palhaço negro a fazer sucesso na França
oferece algumas camadas de leitura que convidam à reflexão. Com um
orçamento de cerca de 18 milhões de dólares, "Chocolate" possui uma
direção muito competente de Roschdy Zem além de atuações que transformam esse
drama em um delicado e profundo retrato sobre o mundo artístico francês.
O filme possui duas dimensões da existência humana, que são canalizadas para
narrar a história de racismo. Ao negro, obviamente é confiado o papel de
augusto, ao passo que ao branco se reserva à própria imagem dele mesmo: o
europeu racional e sábio. A alusão dos irmãos Podalydès aos irmãos
Lumière é uma das boas ideias do roteiro.
O filme não é só recheado de qualidades como o
elenco afiado, tem uma direção de arte irretocável e uma fotografia brilhante.
Possui em sua narrativa uma vivacidade inegável. A abordagem de um assunto
espinhoso e necessário é admirável, especialmente num país que finge não ver
seu passado colonial e as consequências que perduram até hoje. Por outro
lado, o filme merece aplausos por usar um veículo comercial como este para
apontar e criticar o racismo francês sem rodeios. Há uma riqueza de
subtextos sobre discriminação racial, mas o filme também funciona como uma
narrativa sobre ascensão e queda no mundo do entretenimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário