BANG BANG – Brasil, 1971 – Direção Andrea Tonacci
– elenco: Paulo Cesar Pereio, Jura Otero, Abraão Farc, Ezequias Marques, José
Aurélio Vieira, Antonio Naddeo, Milton Gontijo, Thales Penna, Luís Otávio Madureira
Horta – 81 minutos
UMA VIAGEM BEM-HUMORADA E VISUALMENTE MODERNA!!!
O talento excepcional de Andrea Tonacci fez de
BANG BANG, com suas imagens radicais e inventivas, um verdadeiro
filme-laboratório. Durante muito tempo, é a esse filme que todos os
experimentadores do cinema no país precisarão se voltar, para nele colher a experiência
da liberdade e os variadíssimos ingredientes estilísticos e narrativos que o
diretor soube oferecer na forma de cristais puros. A começar da extraordinária
fotogenia urbana de BANG BANG, que tanto tem a ensinar aos realizadores
brasileiros — muitos deles incapazes de filmar suas cidades fora do padrão
publicitário telenovelístico. É impressionante que o filme tenha como parte
dominante de seu “cenário” a provinciana Belo Horizonte dos anos 1960-70. O
modo como Tonacci transforma essa cidade num dos ambientes do cinema moderno
brasileiro é um verdadeiro tour de force. Filme construído nos planos, mais que
na montagem e no enredo, BANG BANG destina à câmera uma autonomia explosiva. A
segurança com que ela percorre ruas, invade interiores, segue personagens e
também afronta estaticamente a cena é muito, muito humilhante para diretores
medianos, que ficam a elucubrar, por minutos, se passam ou não do plano médio
para o plano geral.
Em BANG BANG, Tonacci é completa
vontade de potência cinematográfica. E, afinal, BANG BANG é um filme policial,
em tom de sátira, cujos fundamentos provêm tanto das histórias em quadrinhos
quanto do cinema burlesco. A narrativa quase não interessa, e mais um pouco até
atrapalharia. Importa ao diretor extrair do personagem a sua intensidade visual
e reduzir as cenas à condição de puro acontecimento cinematográfico, ou seja:
de ilusionismo e catástrofe. Por isso este filme, sempre deliciosamente juvenil,
amadurece como um dos documentos por excelência de sua época. (Alcino Leite
Neto)
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