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domingo, 30 de abril de 2017

GAROTOS (Jongens) Holanda, 2014 – Direção Mischa Kamp – elenco: Gijs Blom, Ko Zandvliet, Jonas Smulders, Ton Kas, Stijn Taverne, Myron Wouts, Ferdi Stofmeel, Julia Akkermans, Rachelle Verdel, Jeffrey Hamilton – 78 minutos 

                                  UMA OBRA-PRIMA SENSÍVEL E POÉTICA, 
                                    UM TRIUNFO DO CINEMA HOLANDÊS!!

Na trama, o protagonista Sieger (Gijs Blom) tem 15 anos, um irmão mais velho, uma mãe morta e um pai dedicado em construir caráteres proveitosos nestes futuros homens sob seu comando. Já Marc (Ko Zandvliet), originário de um núcleo menos atingido pela crueza da vida (há pai, mãe, uma irmã mais nova e um negócio familiar pouco convencional – uma sorveteria de sabores exóticos), se não tem mais idade que Sieger, parece ter mais consciência do lugar que deseja ocupar no mundo. E num verão qualquer, eles conseguem entrar para um time de atletismo e lá, aos poucos e de forma inocente, acabam se apaixonando e descobrindo que esse sentimento é mútuo e muito mais forte do que eles podem controlar, mas em um mundo onde relações entre pessoas do mesmo sexo ainda tem muito preconceito seria muito difícil para um adolescente lidar com isso e é aí que começa o drama. Marc sabe o que quer, Sieger ainda se sente indefinido entre o desejo por uma garota e pelo amigo. O filme nos traz de uma maneira inocente o romance entre os dois garotos e, diferente de muitos filmes onde as relações homo afetivas se baseiam somente no sexo, esse não entra nos clichês clássicos e por isso conquista o público, fazendo com que todos torçam pelo casal.


O diretor é Mischa Kamp e faz um belo trabalho, não se pode dizer muita coisa dele, mas ao que parece tem muita experiência na televisão holandesa. A direção é bastante correta e consegue expressar muito bem o que é necessário. Os atores estão brilhantemente bem dirigidos e impecáveis com seus personagens. A fotografia de Melle van Essen é excepcional. Ela alterna planos gerais, conjuntos e médios com ou sem simetria e movimentando o mínimo possível a câmera. Nos momentos de intimidade entre o casal opta-se por Close-up e Big Close-up. Ele também usa de alguns artificios de linguagem, ao deixar os protagonistas atrás de redes ou grades para transmitir a sensação de algo proibido e desconhecido. A trilha sonora é uma grata surpresa e está entre as grandes coisas boas do filme. A música tema oficial é “I Apologise” de Dear Simon, da Banda Moss, que tem uma sonoridade parecidíssima com o folk de Bob Dylan. Além disso temos uma versão live dos atores de “You Are My Sunshine” de Oliver Hood; “Midnight City” da maravilhosa banda francesa M83; o clássico “All My Life” do Foo Fighters etc. Nesse cenário todo temos um filme LGBT independente, com muita qualidade. É um filme perfeito para quem tem 15 anos e se depara com as mesmas dúvidas. Mas nós que já passamos dos 30 gostamos do mesmo jeito.

PESQUISA: Cabine Cultural e Cine Com Pipoca


sábado, 29 de abril de 2017

O PROCURADO (Wanted) – EUA, 2008 – Direção de Timur Bekmambétov – elenco: James McAvoym Angelina Jolie, Morgan Freeman, Terence Stamp, Chris Pratt, Common, Thomas Kretschmann, Kristen Hager, Marc Warren, David O’Hara – 110 minutos
          NERVOSO, ELETRIZANTE E TENSO DO PRINCÍPIO AO FIM!!! 


O premiado diretor russo Timur Bekmambetov ("Guardiões da Noite") estreou em Hollywood com esse grande suspense de ação. O PROCURADO (Wanted) foi lançado aqui em São Paulo e em todo Brasil em 22 de agosto de 2008. Possui um elenco repleto de estrelas de primeirA grandeza, entre elas, Angelina Jolie, Morgan Freeman e James McAvoy. O roteiro parte de uma série de quadrinhos assinada por Mark Millar e J. G. Jones. Nessa história, Bekmambetov encontra uma forma de lidar com seus maneirismos narrativos e truques visuais, quase sempre com pé na fantasia. O protagonista é Wesley Allan Gibson (McAvoy) que, numa das primeiras cenas, conta que seu pai o abandonou quando tinha apenas sete dias. Ele trabalha como burocrata num emprego chato e vai levando a vida. O que Wesley não sabe é que seu pai era um assassino profissional que morreu enquanto trabalhava para uma organização misteriosa chamada Fraternidade - na verdade, uma liga de superassassinos. Finalmente, Wesley acaba sendo convocado para entrar, ele também, na Fraternidade. Antes de poder pensar em vingar a morte de seu pai, o rapaz precisa passar por um treinamento físico e psíquico. 
                             
Para isso, conta com a ajuda de Sloan (Morgam Freeman) e de Fox (Angelina Jolie), uma personagem durona que faz lembrar sua participação como a matadora de "Sr. e Sra Smith". O lema da Fraternidade é "matar um, salvar mil". Aos poucos, Wesley se interessa por essa idéia. Além do mais, o personagem parece ter herdado do pai poderes extra-sensoriais que lhe dão vantagens sobre seus inimigos. Porém, quando descobre algumas verdades, o rapaz fica em conflito quanto a sua participação na organização. O PROCURADO recicla uma série de idéias muito usadas no cinema de ação - em especial MATRIX e suas jogadas visuais, e elementos do roteiro de CLUBE DA LUTA. O personagem de McAvoy, aliás, tem muito a ver com o de Edward Norton naquele filme, um sujeito sem perspectivas na vida que é transformado pela entrada em cena de um personagem de comportamento um tanto estranho, aqui vivido por Angelina Jolie. Bekmambetov vale-se de todos os clichês possíveis do gênero, tanto no visual, como na narrativa. Quando algumas revelações vêm à tona, nada de novo é descoberto. Praticamente todas as boas idéias presentes no filme são emprestadas de outras obras do gênero, mas isso não tira o mérito desse que é um dos grandes filmes do ano.




quarta-feira, 26 de abril de 2017

BANG BANG – Brasil, 1971 – Direção Andrea Tonacci – elenco: Paulo Cesar Pereio, Jura Otero, Abraão Farc, Ezequias Marques, José Aurélio Vieira, Antonio Naddeo, Milton Gontijo, Thales Penna, Luís Otávio Madureira Horta – 81 minutos

              UMA VIAGEM BEM-HUMORADA E VISUALMENTE MODERNA!!!

O talento excepcional de Andrea Tonacci fez de BANG BANG, com suas imagens radicais e inventivas, um verdadeiro filme-laboratório. Durante muito tempo, é a esse filme que todos os experimentadores do cinema no país precisarão se voltar, para nele colher a experiência da liberdade e os variadíssimos ingredientes estilísticos e narrativos que o diretor soube oferecer na forma de cristais puros. A começar da extraordinária fotogenia urbana de BANG BANG, que tanto tem a ensinar aos realizadores brasileiros — muitos deles incapazes de filmar suas cidades fora do padrão publicitário telenovelístico. É impressionante que o filme tenha como parte dominante de seu “cenário” a provinciana Belo Horizonte dos anos 1960-70. O modo como Tonacci transforma essa cidade num dos ambientes do cinema moderno brasileiro é um verdadeiro tour de force. Filme construído nos planos, mais que na montagem e no enredo, BANG BANG destina à câmera uma autonomia explosiva. A segurança com que ela percorre ruas, invade interiores, segue personagens e também afronta estaticamente a cena é muito, muito humilhante para diretores medianos, que ficam a elucubrar, por minutos, se passam ou não do plano médio para o plano geral.

Em BANG BANG, Tonacci é completa vontade de potência cinematográfica. E, afinal, BANG BANG é um filme policial, em tom de sátira, cujos fundamentos provêm tanto das histórias em quadrinhos quanto do cinema burlesco. A narrativa quase não interessa, e mais um pouco até atrapalharia. Importa ao diretor extrair do personagem a sua intensidade visual e reduzir as cenas à condição de puro acontecimento cinematográfico, ou seja: de ilusionismo e catástrofe. Por isso este filme, sempre deliciosamente juvenil, amadurece como um dos documentos por excelência de sua época. (Alcino Leite Neto) 


segunda-feira, 24 de abril de 2017

PONTE DOS ESPIÕES (Bridge of Spies) EUA / Alemanha, 2015 - Direção Steven Spielberg – elenco: Tom Hanks, Mark Rylance, Scott Shepherd, Amy Ryan, Alan Alda, Will Rogers, Peter McRobbie, Sebastian Koch, Edward James Hyland, Austin Stowell, Noah Schnapp, Billy Magnussen, Jillian Lebling, Domenick Lombardozzi, Victor Verhaeghe, Eve Hewson, Jesse Plemons, Michael Gaston, Joshua Harto – 140 minutos

                              EM UM MUNDO À BEIRA DE UM COLAPSO,
            A DIFERENÇA ENTRE PAZ E GUERRA FOI UM HOMEM HONESTO

Conta a história de James Donovan (Tom Hanks), um advogado do Brooklyn que, durante a Guerra Fria, é enviado, a pedido da CIA, para negociar o resgate de um piloto americano. Os roteiristas Matt Charman e os irmãos Ethan e Joel Coen, transformaram essa experiência de Donovan em uma história inspirada em eventos reais, que captura a essência de um homem que arriscou tudo nessa jornada. Este é um filme didático: letreiros e personagens explicam de modo simplificado as principais características do embate entre os Estados Unidos e a União Soviética, para que nenhum espectador se sinta deslocado. Spielberg tem clara preocupação em dialogar com um público amplo. O filme é exatamente aquilo que esperamos de seu diretor que, com seu admirável talento, transmuta a paranóia de uma nação em um acordo otimista repleto de esperança. Steven Spielberg transforma um potencial culpado de hipocrisia patriótica e subterfúgios sobre a Guerra Fria em um filme fascinante e para toda a família. Magistralmente fotografado pelo polonês Janusz Kaminski, o filme tem uma preocupação muito clara em distinguir os “mundos”, seja visualmente ou narrativamente. Spielberg, visivelmente apaixonado por travellings horizontais e verticais, filma sua trama sem feri-la. 

"Ponte dos Espiões", obra-prima tranquila, prova mais uma vez que Spielberg é atualmente um velho mestre no ápice da sua arte, um cineasta maduro que não perdeu nada de seu olhar de criança surpresa. Durante os pouco mais de quase 140 minutos de fita, que nem vemos passar, assistimos a uma história muito bem elaborada, cheia de minuciosas explicações sobre a situação política mundial da época, além de personagens intrigantes que volta e meia atravessam a trajetória do protagonista. Os irmãos Coens e Spielberg fazem uma combinação ideal. O diretor nunca teve medo de sentimentalismo, e isso o filme tem muito, mas os mal-humorados diálogos da dupla, inteligentemente diluem um pouco da seriedade. A obra conquistou louros importantes, como colocar Steven Spielberg e Tom Hanks novamente na festa do Oscar. Predicados o filme tem de sobra. Com roteiro na medida escrito pelos Irmãos Coen, o diretor consegue intercalar com equilíbrio diferentes narrativas e fazer mágica mais uma vez ao lado de Tom Hanks, em belo desempenho. O filme é um envolvente conto de espionagem da vida real, contado com muito cuidado por profissionais experientes que sabem o que estão fazendo. Possui suspense com uma melancolia severa e uma direção perfeita. Uma história real, ousada, estudada e adequada, que é ao mesmo tempo incrivelmente genuína e profundamente cinematográfica. Um dos melhores filmes do ano!!!!

sábado, 22 de abril de 2017

SÃO PAULO EM HI-FI – Brasil, 2016 – Direção Lufe Steffen – Documentário – com a participação de Elisa Mascaro, Celso Curi, João Silvério Trevisan, Kaká Di Polly, Darby Daniel, o jornalista Mario Mendes, Miss Biá, Sérgio Moreira (Manon), Adelson Moreira, Beto de Jesus, James Green, Leão Lobo, Greta Starr, Samuel de Oliveira, Laura Bacellar, Fátima Tassinari, Eddie Benjamin, Danilo Blitz, Gil Veloso, Lula Ramires, José Victor, Franco Reinaudo, Rita Moreira, Paulo Reis  - 101 minutos

        UM FILME IMPERDÍVEL PARA BALADEIROS DE TODAS AS GERAÇÕES 

Imagine um elefante descendo a Rua Augusta, coração boêmio de São Paulo, com a Wilza Carla em cima. Rumo a uma casa noturna em que o brilho dos holofotes se confundia com o dos vestidos longos das transformistas — na época, ninguém usava o termo 'drag queen'. Essa é uma das cenas hilárias descritas pelos personagens de SÃO PAULO EM HI-FI, filme que vale cada centavo do valor do ingresso para ver na tela uma aula sobre a noite gay no mais importante polo de baladas do país. Exibido no Festival Mix Brasil 2013, o documentário apresenta histórias das noites gays em São Paulo nas décadas de 1960, 1970 e 1980, período que foi marcado por fases tão distintas como o glamour, o exagero e a liberação sexual, personificadas por figuras como Ney Matogrosso, Dzi Croquettes David Bowie etc. Fazendo uma viagem ao passado, os personagens mostram as histórias das dançarinas e transformistas que se apresentavam nas famosas casas noturnas (Medieval, Homo Sapiens, Corintho, Nostro Mundo etc), que marcaram época e tudo o que elas tiveram que passar, como a imposição da ditadura e a famosa explosão da Aids, que marginalizou a comunidade gay de uma maneira muito triste e cruel. Dirigido por Lufe Steffen, o público é levado pelas mãos com os relatos de gente que testemunhou nascimento e morte de casas lendárias de uma São Paulo que, infelizmente, não existe mais. Entre esses nomes ilustres da noite de outrora estão Elisa Mascaro, empresária que foi dona, dentre outros estabelecimentos, da Medieval e da Corintho, e o jornalista Celso Curi. A Medieval, criada em 1971, recebia plateias de ricaços de todas as orientações sexuais para ver os shows das travestis. Chiquinho Scarpa era um deles e, se o espetáculo já tivesse começado quando ele e seus amigos chegassem, pagava o cachê dos artistas para começarem tudo de novo.
O rol de entrevistados contém protagonistas de grandes momentos, como Darby Daniel, que chegou a uma noitada vestida de Branca de Neve, num caixão de vidro, carregado por sete anões. Através dessa volta emotiva ao passado, o filme é um estudo social e cultural extremamente impressionante do que foi o auge de uma liberdade em todos os sentidos, em plena era de ditadura militar. Através de depoimentos de ícones do período retratado o diretor, produtor e roteirista Lufe Steffen, mescla as lembranças narradas pelos entrevistados com raríssimos registros de performances das grandes casas noturnas gays das décadas apresentadas e essas performances em geral são como se fossem uma vinheta para os comentários que vão surgindo, ou seja, Steffen conecta os depoimentos num formato que parece um grande conto com pausas musicais sobre o tema e as histórias desses personagens são narradas de forma linear. Começamos conhecendo uma que talvez seja a primeira transformista de São Paulo e vamos até o auge da AIDS, que interrompe uma trajetória de conquistas do movimento gay que começava a se tornar forte e representativa na cidade. Por falar nisso, esse documentário é uma obra importante já que o cinema também tem o papel de eternizar personagens ou momentos que foram fundamentais para conquistas atuais, algo que o cinema norte-americano, já faz a um bom tempo.
Apesar de em alguns momentos o documentário sugerir um tom melancólico e saudosista do passado, ele reforça o porquê o termo gay é sinônimo de alegre, afinal, os personagens que são entrevistados mostram o carinho e ao mesmo tempo uma felicidade indescritível de ter vivido esse capitulo de nossa história e de muitos serem pioneiros em muitas conquistas até hoje aproveitadas por todos. Para quem acompanha a atual cena gay internacional, precisamente um recorte do famoso reality RuPaul’s Drag Race, vai ficar impressionado com a vanguarda noite de São Paulo apresentada. O programa norte-americano fica “minúsculo” diante do que aconteceu na cidade, não é exagero, é quase surreal o que acontecia nas ruas do centro da cidade e também nas famosas e históricas pioneiras casas noturnas. SÃO PAULO EM HI-FI é um documentário fundamental para quem gosta de história, seja qual for sua orientação sexual, é daquelas obras necessárias, já que nos faz refletir sobre o presente e o que podemos esperar do futuro em âmbito social, cultural e sexual. O documentário é mais do que uma sucessão de 'causos'. É o resgate de uma época, uma homenagem a gente que tinha como ofício a arte de brilhar.  "Muita gente das novas gerações não conhece o que aconteceu. E o pessoal mais velho se sente lisonjeado, imortalizado", comenta o diretor. Além de um importante registro histórico da comunidade LGBT paulistana, SÃO PAULO EM HI-FI é um interessante recorte da história da cidade. De uma época em que o glamour, o sonho e a fantasia, pelo menos no mundo gay, eram realidade.

domingo, 16 de abril de 2017

A DEFESA DO CASTELO (Castle Keep) – EUA, 1969 – Direção Sydney Pollack – elenco: Burt Lancaster, Patrick O’Neal, Jean-Pierre Aumont, Peter Falk, Astrid Heeren, Bruce Dern, Scott Wilson, Tony Bill, James Patterson, Al Freeman Jr. – 107 minutos.

Uma história forte de um grupo de homens do Século 20 que amam como deuses e lutam como demônios num castelo do Século 10. 

Uma superprodução do renomado diretor hollywoodiano Sydney Pollack, com a ação passada na Bélgica durante a Segunda Guerra Mundial e girando em torno de um esquadrão norte-americano comandado por um dos maiores e mais importantes atores da era de ouro de Hollywood - Burt Lancaster, em brilhante atuação - fazendo o papel do Major Abraham Falconer, que vai parar num castelo do Século X, de propriedade de um conde sofisticado e impotente (brilhantemente interpretado por Jean-Pierre Aumont). Este, precisando de um herdeiro, a fim de continuar na posse do castelo e dos objetos de arte nele existentes, tudo faz para que sua esposa Therese (a estreante Astrid Heeren, que está muito bem no papel) tenha relações com o Major Falconer. E em meio a essa intriga tão “peculiar” há a ameaça nazista. As tropas nazistas avançam e cercam a edificação. 


O diretor Pollack não só se deixou atar pelo entretenimento espetacular, como procurou apresentar uma obra de empenho artístico. Com uma direção primorosa e um elenco de primeira, é um espetáculo obrigatório para aqueles que são fãs de filmes que tratam do assunto da Segunda Guerra Mundial. Merece destaque no elenco Patrick O’Neal como o Capitão Lionel Beckman, Peter Falk como o Sfc. Rossie Baker e Bruce Dern como o Lt. Billy Byron Bix. Um filme espetacular, com grandes cenas de ação, uma fotografia esplêndida e reconstituição de época magnífica. Vale a pena conferir.  


domingo, 9 de abril de 2017

ALIADOS (Allied) Inglaterra / EUA, 2016 – Direção Robert Zemeckis – elenco: Brad Pitt, Marion Cotillard, Jared Harris, Lizzy Caplan, Vincent Ebrahim, Michael McKell, Xavier De Guillebon, Camille Cottin, Vincent Latorre, August Diehl, Fleur Poad, Anton Blake, Daniel Betts, Sally Messham – 124 minutos

     UM PASSADO NEBULOSO PÕE A FELICIDADE DE UM CASAL EM JOGO

Não é uma obra de arte, mas “ALIADOS” merece ser apreciado; é um triunfo do fazer cinematográfico, e, portanto, um lembrete sobre os prazeres de se assistir às técnicas antigas e à larga experiência de um diretor. O filme tem muitos méritos, e por isso merece ser visto. Robert Zemeckis é um dos diretores mais acima da média em atividade, portanto suas produções merecem sempre a conferida dos cinéfilos. Mesmo para quem não é ligado(a) em moda, as roupas de Brad Pitt e, principalmente, de Marion Cotillard saltam aos olhos – não à toa, o trabalho da figurinista Joanna Johnston  foi indicado ao Oscar na categoria. E pelas vestimentas de Marion Cotillard e Brad Pitt, o Oscar acertou em dar a indicação de melhor figurino.

Mesmo com seu ritmo que às vezes se arrasta em certo ponto, é um filme que pela habilidade do diretor, pela presença do par central e por toda sua consciência de ser fruto de um rico artesão fica acima da média. Ainda que não seja uma obra-prima, o filme é muito maior do que parece. Antes do anticlímax do final, no entanto, "Aliados" faz um trabalho decente ao trazer um velho truísmo à vida: tudo é permitido tanto no amor quanto na guerra. As grandiosidades da construção de universo com todos os seus detalhes criam um realismo digno que excluem muitos dos problemas estruturais de roteiro. Na verdade, mesmo com uma direção de piloto automático, o diretor ainda consegue se sair melhor do que muitos outros em seu melhor dia. Com um desfecho marcante e surpreendente, que não poupa o espectador, vale o ingresso. 

sábado, 8 de abril de 2017

BELEZA OCULTA (Collateral Beauty) EUA, 2016 – Direção David Frankel – elenco: Will Smith, Edward Norton, Kate Winslet, Hellen Mirren, Keira Knightley, Naomie Harris, Michael Peña, Jacob Latimore, Ann Dowd, Liza Colón-Zayas, Benjamin Snyder – 97 minutos

                                        ESTAMOS TODOS CONECTADOS

É perfeitamente saudável, em certas ocasiões, deixar que o coração tome as rédeas. O cinema é completo justamente por isso — há espaço para a racionalidade fria, mas sem negligenciar o terreno sentimental. O público que gosta de sorrir ao mesmo tempo em que chora, e não se incomoda de ser manipulado das maneiras mais óbvias, provavelmente vai achar ou achou agradável esse filme que é bem intencionado e traz performances genuinamente emocionantes de Will Smith, Helen Mirren e Naomie Harris.
 
"Beleza Oculta" é um filme que consegue ser, ao mesmo tempo, superficial e emocionante. Esta não é uma conquista fácil - e tampouco é uma conquista louvável. As lições de vida do filme são carregadas de um melodrama cansativo e patente que não chegam nem perto de ser as grandes jogadas que o diretor espera que sejam. Não é estranho postar um filme que não me agradou, há público para tudo e todos, por isso assim mesmo recomendo, pois uns vão detestar, mas outros vão gostar com certeza. Para um filme que pretende ser positivo e inspirador, é sem dúvida o mais ofensivo e insípido do ano de 2016. Chamá-lo de "equivocado" seria um elogio.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

CHOCOLATE (Chocolat) França, 2016 – Direção Roschdy Zem –elenco: Omar Sy, James Thierrée, Clotilde Hesme, Olivier Gourmet, Frédéric Pierrot, Noémie Lvovsky, Alice de Lencquesaing, Alex Descas, Olivier Rabourdin, Thibault de Montalembert, Héléna Soubeyrand, Xavier Beauvois, Antonin Maurel, Mick Holsbeke – 119 minutos

      UM EXCELENTE APELO POR IGUALDADE, LIBERDADE E HUMANIDADE


Omar Sy mostra porque é considerado um dos atores mais queridos do cinema francês atual. Conseguindo o ponto certo entre o drama e não caindo nunca na pieguice, ele se destaca também no trabalho corporal exigido pelo personagem. Sob a capa de cinebiografia convencional, a história do primeiro palhaço negro a fazer sucesso na França oferece algumas camadas de leitura que convidam à reflexão. Com um orçamento de cerca de 18 milhões de dólares, "Chocolate" possui uma direção muito competente de Roschdy Zem além de atuações que transformam esse drama em um delicado e profundo retrato sobre o mundo artístico francês. O filme possui duas dimensões da existência humana, que são canalizadas para narrar a história de racismo. Ao negro, obviamente é confiado o papel de augusto, ao passo que ao branco se reserva à própria imagem dele mesmo: o europeu racional e sábio. A alusão dos irmãos Podalydès aos irmãos Lumière é uma das boas ideias do roteiro.

O filme não é só recheado de qualidades como o elenco afiado, tem uma direção de arte irretocável e uma fotografia brilhante. Possui em sua narrativa uma vivacidade inegável. A abordagem de um assunto espinhoso e necessário é admirável, especialmente num país que finge não ver seu passado colonial e as consequências que perduram até hoje. Por outro lado, o filme merece aplausos por usar um veículo comercial como este para apontar e criticar o racismo francês sem rodeios. Há uma riqueza de subtextos sobre discriminação racial, mas o filme também funciona como uma narrativa sobre ascensão e queda no mundo do entretenimento.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

AMADEUS (Amadeus) EUA, 1984 – Direção de Milos Forman – elenco: F. Murray Abraham, Tom Hulce, Elizabeth Berridge, Roy Dotrice, Simon Callow, Christine Ebersole, Jeffrey Jones, Charles Kay, Kenneth McMillan, Martin Cavina – 160 minutos

UM DOS MAIS BELOS FILMES DA HISTÓRIA DO CINEMA!!!  

O diretor Milos Forman leva às telas a vida e a obra de Mozart, o mais famoso gênio da música clássica, num filme impecavelmente belo. Recebeu 11 indicações ao Oscar, ganhando oito: Melhor Filme do Ano, Melhor Diretor, Melhor Ator (F. Abraham Murray), Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado. Perdeu nas categorias de Melhor Ator (Tom Hulce), Melhor Edição e Melhor Fotografia. Vários acontecimentos da vida real de Mozart foram incluídos no roteiro do filme, como seu encontro quando criança com Maria Antonieta. Todo o filme foi rodado sob luz natural. Milos Forman achou que Praga, cidade onde nasceu, seria o lugar ideal para as filmagens. AMADEUS foi todo filmado com total colaboração do Ministério da Cultura do governo tcheco, que tornou disponíveis os preservados tesouros nacionais e os riquíssimos interiores dos teatros e palácios. Usaram-se no filme interiores de seis deles, sempre guarnecido de mobiliário antigo, incrustrado de marfim, madrepérola, ônix e até mesmo ouro e prata. Esses objetos nunca serão vistos por turistas. A filmagem consumiu 27.000 velas, das quais 6.000 foram acesas. Os candelabros foram desenhados e feitos especialmente para o filme. A cena em que pela primeira vez Salieri encontra Mozart foi filmada num palácio em Kromeriz, um dos esplendores do puro barroco. 

 
Outro palácio usado no filme é o dos Cavaleiros de Malta, atualmente o Museu da Música de Praga, porque ele se ajustava perfeitamente ao temperamento de Salieri – imenso, formal e um tanto sombrio – e foi provido com cravos do século XVIII, todos luxuosamente desenhados. Para as cenas do palácio do Imperador José II usou-se o Gryspek, do Século XVI, atualmente palácio do Arcebispado de Praga. Milos Forman ficou particularmente fascinado com a opulência da tapeçaria no salão do piano. O elenco é de primeira, trazendo um Tom Hulce impecável como Mozart. A sua risada no filme tornou-se mundialmente conhecida. F. Abraham Murray é Salieri, soberbo e magistral. Veremos Mozart e Salieri tocando pianos raros que não têm preço. Jeffrey Jones interpreta o Imperador; ele sentou-se em móveis de ouro do palácio de verão dos Schwarzenbergs. Nicholas Kepros, faz o Arcebispo, e andou sobre tapetes orientais valendo uma fortuna.  O filme possui uma riqueza de autenticidade rara no cinema, que marcou cada fase da produção. Os instrumentos musicais foram os mesmos usados no Século XVIII. AMADEUS é um filme tão belo, que é indicado até mesmo para aqueles que não apreciam música clássica. Uma obra-prima de rara beleza!! Obrigatório


sábado, 1 de abril de 2017

AEROPORTO (Airport) EUA, 1970 – Direção George Seaton – elenco: Burt Lancaster, Dean Martin, George Kennedy, Jean Seberg, Jacqueline Bisset, Helen Hayes, Maureen Stapleton, Van Heflin, Barry Nelson, Dana Wynter, Lloyd Nolan, Barbara Hale – 137 min

      O FILME DE 12 ESTRELAS, QUE MARCOU TODA UMA GERAÇÃO!!! 

Um sucesso estrondoso no início da década de 1970. Ficou conhecido como o filme de 12 estrelas, porque o seu elenco estelar trazia um time de fazer inveja e, obviamente, era composto por 12 grandes astros muito famosos na época. Burt Lancaster, em grande forma, é Mel Bakersfeld, que brilha neste que foi um dos seus maiores êxitos comerciais. Dean Martin, que por muitos anos fez parceria com Jerry Lewis, é o Capitão Vernon Demerest, um dos pilotos mais importantes. Helen Hayes, que faz a velhinha malandrinha, ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante merecidamente. Maureen Stapleton, perfeita como a esposa do homem que queria explodir o avião com uma bomba, também foi indicada como Melhor Atriz Coadjuvante. Jean Seberg (a Sra. Livingston, da empresa Transglobal) e Jacqueline Bisset (a aeromoça Gwen), no auge de suas carreiras, brilham e esbanjam interpretações. Van Heflin (de “Os Brutos Também Amam”), é o psicopata que transporta a bomba dentro do avião, esperando receber um seguro. Dana Wynter é Cindy, a esposa rejeitada que quer o divórcio de Mel. Barbara Hale é Sarah Demerest; Lloyd Nolan é Harry Standish e Barry Nelson é o Capitão Anson. 
Foi considerado o filme mais importante do ano. Indicado a dez Oscar, incluindo Melhor Filme. 1970 foi um ano de difícil escolha para o Oscar, porque concorrendo com AEROPORTO tinha M*A*S*H, de Robert Altman; CADA UM VIVE COMO QUER, com Jack Nicholson; LOVE STORY, o filme de amor mais aclamado de todos os tempos e o vencedor “PATTON, REBELDE OU HERÓI?”, com George C. Scott, que recusou o Oscar. AEROPORTO deu início ao cinema-catástrofe que marcou muito a década de 1970, com filmes como “O Destino do Poseidon” (1972); “Aeroporto 1975”; “Inferno na Torre” (1974); “Terremoto” (1974); “Tubarão” (1975), entre outros. AEROPORTO é um grande filme, feito para pessoas que gostam do bom cinema que se fazia antigamente, com grandes atores, excelentes roteiros e bem costurados e a dose certa de bom suspense.