GAROTOS (Jongens) Holanda, 2014 – Direção Mischa Kamp – elenco:
Gijs Blom, Ko Zandvliet, Jonas Smulders, Ton Kas, Stijn Taverne, Myron Wouts,
Ferdi Stofmeel, Julia Akkermans, Rachelle Verdel, Jeffrey Hamilton – 78
minutos
UMA OBRA-PRIMA SENSÍVEL E POÉTICA,
UM TRIUNFO DO CINEMA HOLANDÊS!!
Na trama, o protagonista
Sieger (Gijs Blom) tem 15 anos, um irmão mais velho, uma mãe morta
e um pai dedicado em construir caráteres proveitosos nestes futuros homens sob
seu comando. Já Marc (Ko
Zandvliet), originário de um núcleo menos atingido pela crueza da vida (há pai,
mãe, uma irmã mais nova e um negócio familiar pouco convencional – uma
sorveteria de sabores exóticos), se não tem mais idade que Sieger, parece ter
mais consciência do lugar que deseja ocupar no mundo. E num verão qualquer,
eles conseguem entrar para um time de atletismo e lá, aos poucos e de forma
inocente, acabam se apaixonando e descobrindo que esse sentimento é mútuo e
muito mais forte do que eles podem controlar, mas em um mundo onde relações
entre pessoas do mesmo sexo ainda tem muito preconceito seria muito difícil
para um adolescente lidar com isso e é aí que começa o drama. Marc sabe o que quer, Sieger ainda se sente indefinido
entre o desejo por uma garota e pelo amigo. O filme nos traz de uma maneira
inocente o romance entre os dois garotos e, diferente de muitos filmes onde as
relações homo afetivas se baseiam somente no sexo, esse não entra nos clichês
clássicos e por isso conquista o público, fazendo com que todos torçam pelo
casal.
O diretor
é Mischa Kamp e faz um belo trabalho, não se pode dizer muita coisa dele, mas
ao que parece tem muita experiência na televisão holandesa. A direção é
bastante correta e consegue expressar muito bem o que é necessário. Os atores
estão brilhantemente bem dirigidos e impecáveis com seus personagens. A
fotografia de Melle van Essen é excepcional. Ela alterna planos gerais,
conjuntos e médios com ou sem simetria e movimentando o mínimo possível a
câmera. Nos momentos de intimidade entre o casal opta-se por Close-up e Big
Close-up. Ele também usa de alguns artificios de linguagem, ao deixar os
protagonistas atrás de redes ou grades para transmitir a sensação de algo
proibido e desconhecido. A trilha sonora é uma grata surpresa e está
entre as grandes coisas boas do filme. A música tema oficial é “I Apologise” de
Dear Simon, da Banda Moss, que tem uma sonoridade parecidíssima com o folk de
Bob Dylan. Além disso temos uma versão live dos atores de “You Are My Sunshine”
de Oliver Hood; “Midnight City” da maravilhosa banda francesa M83; o clássico
“All My Life” do Foo Fighters etc. Nesse
cenário todo temos um filme LGBT independente, com muita qualidade. É um filme
perfeito para quem tem 15 anos e se depara com as mesmas dúvidas. Mas nós que
já passamos dos 30 gostamos do mesmo jeito.
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