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sexta-feira, 31 de março de 2017

EU SOU CARLOS IMPERIAL – Brasil, 2014 – Direção Ricardo Calil e Renato Terra – Documentário – Participação de Tony Tornado, Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Carlos Imperial, Paulo Silvino, Wilson Simonal, Clara Nunes, Tim Maia, Elis Regina – 90 minutos

     CAFAJESTE, MARQUETEIRO, IMORAL, MENTIROSO, LOUCO!!!


Depois de “Uma noite em 67”, Renato Terra e Ricardo Calil sobem mais um degrau de qualidade ao resgatar com extrema eficiência verdades, mentiras e polêmicas que sustentaram a vida de Carlos Imperial. A dupla conduz a narrativa misturando fato e lenda, mas de maneira que o espectador separe as duas coisas. O apresentador, compositor, diretor e ator Carlos Imperial é uma figura icônica e polêmica da cultura brasileira muito ativa entre as décadas de 1960 e 1980, com uma personalidade impossível de se imaginar nos dias de hoje. Amoral, escrachado, radical, nada politicamente correto, ele não passaria perto da televisão nacional nos dias de hoje. Mas ainda há espaço para ele nos cinemas, como comprova este excelente documentário. Uma coleção de depoimentos bem selecionados dão conta de narrar as peripécias do biografado. Tudo isso permeado com falas do próprio, em imagens de arquivo. Os diretores do filme conseguiram levar para a tela exatamente aquilo que ele representava, o lado bom e o ruim, sem poupar o documentado e o público. Por causa disso, o longa acabou recebendo classificação 18 anos, pois conta com cenas fortes de pornochanchadas estreladas por ele nos anos 1980.
O filme traça um panorama amplo da carreira do artista, unindo imagens de arquivo e depoimentos, sem nunca parecer formulaico ou quadrado. Conta com um personagem tão fascinante e absurdo que também funciona quase como comédia, afinal algumas atitudes de Imperial são quase que alienígenas, como assumir a autoria de canções de domínio público que não tinham autores definidos. Carlos Imperial revelou diversos nomes da música brasileira, como Erasmo Carlos, Roberto Carlos, Elis Regina, Tim Maia, Tony Tornado e companhia. O espectador vai gostar de descobrir histórias por trás de tais ídolos, como também ouví-los em depoimentos. O documentário é importante para manter em evidência um personagem significativo da nossa cultura. Concordando ou não com suas atitudes, teve importância inquestionável em um grande período cultural do país. O documentário faz uma acertada opção pela simplicidade e pela objetividade narrativa, abrindo mão de eventuais arroubos estilísticos e/ou criativos que poderiam desviar a atenção do que realmente importa: a ímpar figura do seu objeto. Também traz uma entrevista grande feita com o Imperial já nos anos 1990, pouco antes de sua morte aos 56 anos. E tenta balancear os dois lados da vida do homem: dá a devida importância ao seu trabalho, sem deixar de lado o escracho da sua figura pública.


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