PARAÍSO
PERDIDO – Brasil, 2018 – Direção Monique Gardenberg – elenco: Erasmo Carlos,
Lee Taylor (Odair) Júlio Andrade (Angelo), Humberto Carrão (Pedro), Jaloo (Imã),
Felipe Abib (Joca), Marjorie Estiano, Julia Konrad, Malu Galli, Hermila Guedes,
Seu Jorge, Celso Frateschi, Nicole Puzzi, Cristina Mutarelli – 110 minutos
UMA
POESIA SENTIMENTAL SOBRE O AMOR LIVRE
Este grande lançamento do ano é um belíssimo filme de resistência. Numa
época que cinema, literatura e televisão colocam em cena famílias fraturadas
nas quais todos se odeiam, o longa vai no sentido contrário, trazendo como
protagonista um clã que se mantém unido apesar das adversidades, tendo a música
como uma espécie de mediadora das relações. É um filme melancólico, no qual as
pessoas se amam apesar de seus erros – ou, possivelmente, por causa deles. O
principal cenário do filme e também seu esqueleto, uma espécie de árvore
genealógica que sustenta seu grupo de personagens e os mantém unidos. A partir
desse cenário todas as relações serão construídas, estabelecidas e futuramente
modificadas.
A linda trilha sonora produzida pelo cantor e compositor Zeca
Baleiro é uma preciosidade, com grandes clássicos do cancioneiro brega a
corroborar a narrativa e envolver temas como traição, vingança e paixão. Há que
se destacar canções dos principais nomes do gênero musical em questão, como Márcio
Greyck, Odair José, Reginaldo Rossi, Belchior, Fernando Mendes, José Augusto,
Adilson Ramos, Paulo Sérgio, Raul Seixas e até Roberto Carlos. Cada faixa
conduz a memória afetiva não só dos atores, mas faz os saudosistas nas
poltronas cantarolarem cada famoso refrão. Este lindo filme propõe um olhar cheio de doçura às novas
configurações familiares.
“Paraíso
Perdido” é o nome de uma boate. Mas não apenas. É o emblema de algo
recôndito, escondido, uma utopia preservada em meio ao seu contrário, a
distopia generalizada. É, com seus conflitos, um espaço de afetos e
entendimentos. A boate tem um caráter melancólico que combina com a teia assumidamente
novelesca que Monique apresenta, desdobrando afetos e emoldurando uma colcha
fina que permeará ações e reações, do passado e do presente. Quanto ao futuro,
é através desse jogo que o filme estabelece o seu, tentando e conseguindo
acarinhar cada um daqueles seres. Um dos melhores filmes do ano!!
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