MOONRISE KINGDOM (Moonrise Kingdom) EUA, 2012 – Direção Wes Anderson – elenco: Jared Gilman, Kara Hayward, Edward Norton, Bruce Willis, Frances McDormand, Bill Murray, Tilda Swinton, Jason Schwartzman – 94 minutos.
A enternecedora e hilária história de dois adolescentes desajustados que tentam vivenciar um amor impossível, é o novo grande filme de Wes Anderson. Ele é um dos diretores mais originais do atual cinema mundial. Enquanto a maioria faz filmes realistas, e aí se incluem outros grandes cineastas, ele é um dos poucos capazes de criar um mundo próprio. MOONRISE KINGDOM é um filme cativante, principalmente para o público que curte histórias e personagens incomuns. Sua raridade excêntrica, no entanto, é também universalmente atraente e capaz de dialogar mesmo com o público mais afeito a tramas naturalistas e convencionais. É preciso certo desapego à realidade e capacidade de mergulhar sem hesitação em universos que transitam entre o crível e o totalmente surreal. Locais povoados de personagens nonsenses que, muitas vezes, beiram o ridículo, mas que criam identificação imediata com o público por exporem sem disfarces, e muitas vezes de maneira patética, aquilo que escondemos por trás das tolas convenções sociais.
Aqui, temos Suzy (Kara Hayward) que parece ser muito mais madura do que seus 12 anos de idade. Encontrar em cima da geladeira da família uma cópia do livro "Como Lidar Com Uma Criança Perturbada" é a gota d'água para que ela fuja de casa, juntando-se ao escoteiro Sam (Jared Gilman, em brilhante atuação), que conhecera tempos antes, quando ela participava, na igreja local, de uma ópera baseada na Arca de Noé. Essa ópera chama-se "Noye's Fludde" e foi criada por Benjamin Britten, no final dos anos 1950, para ser montada de forma amadora em igrejas. O coro é formado por animais da arca. Por isso, não é surpresa que haja um dilúvio iminente no filme, que sempre coloca os personagens em estado de alerta. O grupo de escoteiros usado no filme, na verdade, é uma sátira sutil ao militarismo. Por sinal, o filme, é pontuado de críticas perspicazes à sociedade moderna, mesmo sendo ambientado na década de 1960. A pequena ilha retratada funciona como um microcosmo do mundo, onde muitas de nossas incongruências se evidenciam de forma caricata.
Durante um bom tempo a produção se detém no jovem casal em fuga e suas descobertas. Os dois atores, ambos estreantes, estão excelentes e têm sintonia cênica perfeita. Os diálogos, por sua vez, são um destaque à parte. Quando se beijam pela primeira vez, numa das muitas sequências impagáveis do filme, ambientada na praia, Sam vira a cabeça e cospe. Em seguida, impassível, garante a Suzy que é só porque tinha areia na boca. Nestes momentos MOONRISE KINGDOM esquece da sátira e é apenas uma bela evocação do amor jovem e pueril, uma representação da América inocente. UM DOS MELHORES FILMES DO ANO!! OBRIGATÓRIO, INESQUECÍVEL E BELO!! A GRANDE SURPRESA DO ANO!!
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