Content on this page requires a newer version of Adobe Flash Player.

Get Adobe Flash player

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

CARO SR. HORTEN (O'Horten) Noruega, 2007



UM DESSES FILMES EUROPEUS BELÍSSIMOS QUE DISCUTE VELHICE E SOLIDÃO COM SUTILEZA E SENSIBILIDADE!!

CARO SR. HORTEN (O’Horten) Noruega, 2007 – Direção Bent Hamer – Elenco: Baard Owe (Odd Horten), Espen Skjønberg (Trygve Sissener), Ghita Nørby (sra. Thoegersen), Kai Remlov (Steiner Sissener), Kari Lolland (Vera Horten) – 84 minutos.

Este filme norueguês de 2007 é daqueles que se chama de pequenas obras, em tom menor. Música de câmara, para poucos instrumentos – não uma sinfonia. Pequeno retrato – não um grande afresco. Narra, com economia de palavras e sem qualquer fogo de artifício, alguns poucos dias na vida de um homem de 67 anos que está se aposentando. Em "Caro Sr Horten", o diretor coloca no centro do palco um homem que precisa colocar sua vida em novos trilhos depois da aposentadoria. Extremamente metódico, até seu pequeno apartamento está sob a sombra da ferrovia e o barulho dos trens é a trilha sonora quase incessante. Sempre munido de seu cachimbo, Horten começa a experimentar coisas novas, como passear por Oslo com os olhos cobertos.
Depois de 40 anos de serviço prestados à rede ferroviária, sempre com dedicação e disciplina, Horten é homenageado com uma locomotiva em miniatura. Nessa cena, durante um jantar, ele faz uma composição visual métrica que lembra o visual de filmes do sueco Roy Andersson, como "Vocês, Os Vivos", com a ação acontecendo com uma perspectiva de profundidade na imagem.



A vida do protagonista começa finalmente a mudar quando, no seu último dia de trabalho, ele perde a hora. A partir de então, a ação transcorre como um sonho estranho, com os fatos acontecendo numa ordem fora de cronologia. O ator Bård Owe, que trabalhou com Lars von Trier em "Europa" e na série televisiva "O Reino", parece um Buster Keaton norueguês com seu rosto pétreo - algo conhecido como deadpan - capaz de mostrar as emoções sendo cozidas em seu interior em fogo brando. A vida de O'Horten - como o personagem é conhecido - parece sem graça e corre o risco de ficar ainda mais. No entanto, Hamer aborda o poder de transformação que cada um traz dentro si. É algo que em "Caro Sr Horten” acontece de forma sutil – o que pode ser ainda mais poderoso. Marcado por situações inusitadas que beiram o surreal, o longa norueguês faz da jornada de Odd uma reflexão sobre ações mal conduzidas. Ao restabelecer seu contato com o mundo exterior, o protagonista se obriga a seguir um caminho que não obedece ao itinerário vicioso da via férrea, que sempre serviu para distrair os fantasmas do passado. Seja numa conversa sincera com uma solitária dona de pensão. Ou na companhia a uma criança com medo do escuro. Ou com a própria mãe. Pouco a pouco, ele percebe a necessidade de uma mudança que o leve pra bem longe da fiel locomotiva, e tudo de previsível que ela representa.



E como acontece na maioria dos filmes, coube a um desajustado dizer as palavras certas para Odd abrir os olhos. É no encontro com o etílico diplomata Trygye Sissener (Espen Skjønberg) que ele encontra a inspiração para seguir em frente. Colecionador de armas primitivas (“o que é uma contradição, pois todas as armas são primitivas”) seu amigo é o típico bon vivant que possui o hobby de dirigir com os olhos vendados. Conduta totalmente oposta à personalidade insegura do protagonista. É com ele que Odd aprenderá algo muito simples e importante: ainda há tempo! Com bela atuação do desconhecido ator Bård Owe, “Caro Sr. Horten” é um trabalho sensível e cativante, que merece ser descoberto. Feito com poucos diálogos, belas paisagens e com uma trilha minimalista que não incomoda, o filme faz da instrospecção do seu personagem-título uma fábula singela e bem-humorada. Longe de ser didático, é surpreendente. Na longa e boa crítica sobre o filme, assinada por Nathan Southern, o AllMovie traz uma definição justa, corretíssima: “Esta saga sobre uma fatia de vida se diverte com a mágica do banal. Tudo é tão aparentemente sério, tão nas entrelinhas, tão minimalista, que audiências mais míopes podem sequer conseguir detectar a comédia. Mas é essa qualidade de aparência de falta de expressão que faz o filme imensamente admirável.”

Um comentário:

  1. What's up to every , because I am truly keen of reading this blog's post to
    be updated daily. It contains pleasant stuff.

    my homepage; cursillo

    ResponderExcluir