CUSTÓDIA
(Jusq’à la Garde) França, 2018 – Direção Xavier Legrand – Elenco: Léa Drucker,
Thomas Gioria, Denis Ménochet, Jenny Bellay, Saadia Bentaïeb, Mathilde
Auneveux, Mathieu Saikaly, Florence Janas – 93 minutos
UM ELETRIZANTE SUSPENSE QUE PEGA O PÚBLICO PELA GARGANTA
O diretor e roteirista Xavier Legrand, através da mise en scène, cria
rivalidade entre seus personagens centrais, como vemos logo no início no
segundo plano numa audiência de custódia, com um homem e uma mulher opostos
brigando pela guarda do filho enquanto nós, espectadores, nos colocamos em
frente a eles, observando-os. O homem está cercado por outras mulheres –
advogadas e juíza. A juíza, no centro, divide o casal que não se encara, com
semblantes sisudos, impacientes pela indefinição que os cerca e que os mantém
indesejavelmente juntos. É a abertura de um processo de análise subjetiva, cuja
interpretação dos atores direciona nosso olhar. (Marcelo Leme –
Cineplayers)
E assim, Custódia se
firma como um dos grandes destaques do cinema em 2018. Ousado, corajoso, forte,
tenso e com um debate mais que necessário, o filme mostra como a vida real,
quando bem retratada, pode ser tensa e angustiante na tela. Não precisa de
explosões, efeitos especiais, roteiros rocambolescos. É só uma boa trama, bons
atores e um grande diretor. E voilá,
temos um dos melhores filmes do ano. (Matheus Mans – Esquina da Cultura)
“Custódia” é
um suspense de primeira linha, que demonstra compreender todas as lições desse
estilo, da tensão crescente, ao incrível trabalho de adesão psicológica. Aqui
reside justamente a grande força do filme, essa indução da plateia de modo
muito sutil, que desloca o espectador para um filme extremamente tenso e
violento, um filme que chega a exaurir todas as forças de sua plateia. “Custódia”
pode muito bem trazer todas as regras hitchcockianas, aliás cineasta que hoje
tem um estilo reconhecido, mas sempre trouxe em sua fórmula autoral uma grande
carga por transparecer real, para que passasse um sentimento de verdade em sua
audiência. O longa francês opera da mesma maneira, envolve o espectador para
colocar todos seus pontos, fazendo com que o drama de uma família se torne o do
público, fazendo com que a tensão vista ali remeta a uma realidade fora da sala
de cinema. (Giovanni Rizzo – Observatório do Cinema)
Por fim, “Custódia” efetua uma alternância preciosa de pontos de
vista: seria óbvio ficar apenas do lado dos sofredores, seria compreensível
tentar dividir o tempo entre o pai e a mãe. Legrand encontra uma solução ainda
mais ambiciosa ao se colar ora ao filho pequeno, ora ao pai, ora à mãe, ora à
filha, numa alternância de aparente aleatoriedade, porém precisamente calculada
para a progressão do suspense. No final, não existem monstros, e sim pessoas
doentes, possessivas, que distorcem a noção de amor. O belíssimo filme francês
retira dos relacionamentos abusivos a sua aura de fetichismo, de “excesso de
amor” para revelar a gravidade do desmoronamento afetivo. (Bruno Carmelo –
Adoro Cinema)
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