A
LIVRARIA (The Bookshop) Inglaterra / Espanha / Alemanha, 2017 – Direção Isabel
Coixet – elenco: Emily Mortimer, Bill Nighy, Honor Kneafsey (Christine), James
Lance, Patricia Clarkson, Hunter Tremayne, Frances Barber, Reg Wilson, Michael
Fitzgerald, Nigel O’Neill, Jorge Suquet, Harvey Bennett (Wally), Lucy Tillett,
Toby Gibson, Barry Barnes, Charlotte Vega, Franchesca McGill Perkins (Christine
adulta), Mary O’Driscoll, Karen Ardiff, Julie Christie (narradora, somente voz)
– 113 minutos
ENTRE
LIVROS, NINGUÉM PODE SE SENTIR SOZINHO
Em uma primeira análise “A Livraria” se mostra um filme que aborda as
questões feministas em relação a trabalho, remuneração e igualdade. Sim, estes
temas estão todos ali, mas se tratam apenas de uma camada narrativa que dá
ensejo a outras mais profundas. Percebendo mais detalhadamente, o longa
metragem aborda de maneira sutil a solidão em suas diversas expressões.
Primeiramente na própria Florence Green, que sai de um isolamento social para
tentar se reerguer, mas acaba caindo em outro isolamento, este imposto à sua
revelia. A solidão de Violet Gamart é traduzida em amargura e poder, o que se
realiza com a humilhação de todos os que a cercam, inclusive seu marido, o
General Gamart, um solitário que tenta parecer popular e autônomo enquanto está
sempre à sombra de sua esposa. Milo North é o caso mais evidente de solidão,
afinal não consegue manter seus relacionamentos e vive de ilusões para se auto
enganar. Por fim, temos Edmund
Brundish (Bill Nighy), o único solitário assumido, afinal ele
escolhe essa condição justamente para se afastar de todas as mazelas e
hipocrisias sociais que a pequena cidade oferece com fartura. (Tércio Strutzel
– Cinéfilos Anônimos)
Baseado no livro de Penelope Fitzgerald, “A Livraria”, foi adaptado para o cinema com a direção sublime da
cineasta catalã, Isabel Coixet. Ela já foi chamada de cineasta globalizada,
porque desde que estreou realiza os filmes em inglês e espanhol. O filme é
recheado de atores de competência ímpar, com grande destaque para a pequena
Honor Kneafsey, que interpreta Christine pré-adolescente, em uma atuação
memorável. Ela é a única que realmente foi solidária à Florence Green (a
protagonista, papel de Emily Mortimer). Outra menção honrosa é a participação
da extraordinária Julie Christie, apenas como narradora, fazendo a voz de
Christine já adulta. Esse belo e tocante filme é um primor de sensibilidade por
abordar os sentimentos humanos com muita profundidade. Acredito que por isso
teve boa repercussão na Europa, recebendo 11 indicações nos prêmios Goya (a
maior premiação do cinema espanhol), e foi vencedor em três categorias
importantes do prêmio: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor e, o mais
notável, Melhor Filme. (Atila Francis)
Esteticamente, o filme beira à perfeição. A
cidade inglesa é fria, cinza e triste. Enquanto isso, as cores vão se mesclando
de acordo com as peças e personagens, trazendo mais movimento para trama. O
contraste entre as cores e o cinza faz da fotografia e do figurino grandes
destaques no filme. Tudo isso faz de “A Livraria” um filme
mágico, que promete fazer o espectador sonhar, mas sempre com os pés na
realidade, já que o tom agridoce que segue o filme do início ao fim lhe salva
de ser um conto de fadas. (Rodrigo Scharlack – Observatório do Cinema)
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