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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

A LIVRARIA (The Bookshop) Inglaterra / Espanha / Alemanha, 2017 – Direção Isabel Coixet – elenco: Emily Mortimer, Bill Nighy, Honor Kneafsey (Christine), James Lance, Patricia Clarkson, Hunter Tremayne, Frances Barber, Reg Wilson, Michael Fitzgerald, Nigel O’Neill, Jorge Suquet, Harvey Bennett (Wally), Lucy Tillett, Toby Gibson, Barry Barnes, Charlotte Vega, Franchesca McGill Perkins (Christine adulta), Mary O’Driscoll, Karen Ardiff, Julie Christie (narradora, somente voz) – 113 minutos

                      ENTRE LIVROS, NINGUÉM PODE SE SENTIR SOZINHO


Em uma primeira análise “A Livraria” se mostra um filme que aborda as questões feministas em relação a trabalho, remuneração e igualdade. Sim, estes temas estão todos ali, mas se tratam apenas de uma camada narrativa que dá ensejo a outras mais profundas. Percebendo mais detalhadamente, o longa metragem aborda de maneira sutil a solidão em suas diversas expressões. Primeiramente na própria Florence Green, que sai de um isolamento social para tentar se reerguer, mas acaba caindo em outro isolamento, este imposto à sua revelia. A solidão de Violet Gamart é traduzida em amargura e poder, o que se realiza com a humilhação de todos os que a cercam, inclusive seu marido, o General Gamart, um solitário que tenta parecer popular e autônomo enquanto está sempre à sombra de sua esposa. Milo North é o caso mais evidente de solidão, afinal não consegue manter seus relacionamentos e vive de ilusões para se auto enganar. Por fim, temos Edmund Brundish (Bill Nighy), o único solitário assumido, afinal ele escolhe essa condição justamente para se afastar de todas as mazelas e hipocrisias sociais que a pequena cidade oferece com fartura. (Tércio Strutzel – Cinéfilos Anônimos) 


Baseado no livro de Penelope Fitzgerald, “A Livraria, foi adaptado para o cinema com a direção sublime da cineasta catalã, Isabel Coixet. Ela já foi chamada de cineasta globalizada, porque desde que estreou realiza os filmes em inglês e espanhol. O filme é recheado de atores de competência ímpar, com grande destaque para a pequena Honor Kneafsey, que interpreta Christine pré-adolescente, em uma atuação memorável. Ela é a única que realmente foi solidária à Florence Green (a protagonista, papel de Emily Mortimer). Outra menção honrosa é a participação da extraordinária Julie Christie, apenas como narradora, fazendo a voz de Christine já adulta. Esse belo e tocante filme é um primor de sensibilidade por abordar os sentimentos humanos com muita profundidade. Acredito que por isso teve boa repercussão na Europa, recebendo 11 indicações nos prêmios Goya (a maior premiação do cinema espanhol), e foi vencedor em três categorias importantes do prêmio: Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Diretor e, o mais notável, Melhor Filme. (Atila Francis)


Esteticamente, o filme beira à perfeição. A cidade inglesa é fria, cinza e triste. Enquanto isso, as cores vão se mesclando de acordo com as peças e personagens, trazendo mais movimento para trama. O contraste entre as cores e o cinza faz da fotografia e do figurino grandes destaques no filme. Tudo isso faz de “A Livraria um filme mágico, que promete fazer o espectador sonhar, mas sempre com os pés na realidade, já que o tom agridoce que segue o filme do início ao fim lhe salva de ser um conto de fadas. (Rodrigo Scharlack – Observatório do Cinema) 



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