TÔ RYCA – Brasil, 2016 – Direção Pedro Antônio – elenco:
Samantha Schmütz, Katiuscia Canoro, Fabiana Karla, Marília Pera, Marcelo Adnet,
Marcus Majella, Mauro Mendonça, Anderson Di Rizzi, Marcelo Melo, João Camargo,
João Côrtes – 110 min
Apesar da crítica em geral falar
muito mal do filme, ele merece ser visto, pois tem bons momentos de comicidade
e vale sim o ingresso. E por mais que o argumento pareça desgastado, é com
satisfação que se percebe mais uma vez em cena, dessa vez com vigor renovado e
discurso em sintonia com o momento atual. A trama é sobre uma moça pobre,
frentista carioca sem qualquer sorte na vida, que descobre ser a única herdeira
de uma fortuna de trezentos milhões de reais; porém, para que possa colocar as
mãos no dinheiro, precisa vencer o desafio de, no prazo de trinta dias, gastar
30 (trinta) milhões de reais, com a única condição de gastar tudo isso sem
acumular nada em seu próprio nome. Ao invés de investir em um time esportivo ou
gastar cada tostão de modo irresponsável, a protagonista decide contra-atacar
partindo para uma tática quase inesperada: lançando-se na política como
candidata à Prefeitura do Rio de Janeiro.
TÔ RYCA consegue ser relevante por
conta da habilidade do seu elenco, que cria personagens diferenciados e muito
hilários. A Selminha, a protagonista, muito bem interpretada por Samantha
Schmütz, é desbocada e intempestiva, porém não é uma qualquer de ser enganada,
e estará em seu coração a chave para sua virada. Luane, a melhor amiga, papel
de Katiuscia Canoro, vizinha e colega de trabalho da Selminha, com quem divide
a bomba do posto de gasolina e as tristezas do cotidiano sem qualquer conforto,
é outra figura satisfatoriamente real, que não se deslumbra com qualquer coisa
e prefere manter o pé no chão antes de se meter em alguma roubada. Fabiana
Karla como a fiscal do fiscal está ótima. Marília Pera, brilhante como sempre,
num de seus últimos papéis antes de morrer, faz a estilista Madame Claude em
grande estilo. Mauro Mendonça está muito bem como o advogado inescrupuloso. O
filme se empenha bem em fazer uma crítica política, por meio do papel de
Marcelo Adnet, como o candidato a Prefeito, Falácio Fausto, político
conservador e religioso, que faz discursos contra homossexuais, negros,
prostitutas etc em prol da família. O filme não apela para escatologias e nem
humor rasteiro e isso é uma qualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário