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domingo, 12 de maio de 2013

AMOR (Amour) Áustria / França, 2012



AMOR (Amour) Áustria, 2012 – Direção Michael Haneke – elenco: Jean-Louis Trintignant, Emmanuelle Riva, Isabelle Huppert, William Shimell – 126 min.

Depois do primoroso e magnífico A FITA BRANCA, aclamado em Cannes, Michael Haneke realiza um dos trabalhos mais intimistas e dá uma aula sobre o verdadeiro conceito do amor (há muito esquecida e usada de uma maneira deveras vaga). Ao contrário de muitas produções que exageram no romance sem profundidade com simples “eu te amo mais que tudo” e “não sei viver sem você”, em AMOR (Amour), o austríaco apresenta uma emotiva e dura história sobre um casal que divide o amor pela música e enfrentam um difícil desafio que nos ensina o verdadeiro conceito de cumplicidade.



Haneke opta em mostrar com dureza a degradação física e mental de Anne, e aproveita o ambiente isolado e frio que o grandioso apartamento do casal proporciona. Antes a mobília que destaca a paixão pela arte era bem destacada, e após o acidente de Anne, todo aquele lugar se tornou assombroso e solitário para Georges, que passa a enfrentar tudo sozinho.
Após sete anos sem atuar, Jean-Louis Trintignant realiza um trabalho fantástico e cativante. Como Georges, ele emprega um carisma e uma sensibilidade incrível, demonstrando o carinho e respeito pela esposa, mesmo estando ciente de que não tinha solução. Indicada ao Oscar, Emmanuelle Riva emociona e consegue transmitir todo o sofrimento de Anne. A atriz de 86 anos desempenha uma atuação grandiosa e estupenda, bem acima das outras indicadas, sendo um verdadeiro ultraje o prêmio não ter sido dado a ela.



Para dar vida a este casal, Michael Haneke escolheu a dedo seus atores: Emmanuele Riva (de HIROSHIMA, MEU AMOR) interpreta uma Anne elegante no começo do filme. A transformação dos gestos, expressões e movimentos no decorrer da história destaca uma atuação impecável. Trintignant forma o par perfeito e só retornou às telas a pedido do diretor. Enquanto isso, Isabelle Huppert entra como filha dos dois, parecendo manter a aura doentia de seu personagem em A PROFESSORA DE PIANO. Poucos são os fatos desconhecidos em AMOR. A trilogia doença, desespero e morte está presente desde o início. Há um segredo a se desvendar quando Anne é encontrada em trajes de luto e com flores ao redor da cabeça. Mas o fim já está ali. Talvez isso seja o pior. Haneke cria um estado de tensão desumano. Vemos a degradação de uma mulher junto a seu marido, que não sabe mais o certo diante da repetitiva “dor” vinda dos lábios da esposa. Suas atitudes tornam-se questionáveis ao lidar com a enfermidade do ente querido. De maneira sutil e quase rara hoje em dia – sem explicações idiotizando o espectador -, o filme expõe a doença de Anne, a independência exagerada da filha e dos netos distantes, a vergonha dos protagonistas diante da decadência. Duas horas de filme passam de forma rápida e angustiante, apesar de não haver muitas novidades. O clima tenso é ressaltado pelo vazio da casa escura, pela pomba que insiste em habitá-la, pelos tons esverdeados e degradês de cinza das roupas e fotografia. A câmera paralisada em um personagem, enquanto outro desenvolve a ação - recurso utilizado com frequência por Haneke - enfatiza a impotência em relação ao destino do outro.

OBRA-PRIMA OBRIGATÓRIA para quem gosta do bom cinema, tem bom gosto e inteligência para apreciar o filme mais comovente e belo de 2012!! O MAIOR NOCAUTE EMOCIONAL DO ANO!! Absolutamente extraordinário!!